Capítulo 59 (Reta Final)

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Franklin.PoV

Viagem, Revelações Inesperadas e encontros absurdos.

A neve sempre foi uma companheira constante na minha vida, sempre lá, em todos os lugares em que os meus olhos se voltassem... Era fria e frágil, um floco de neve poderia derreter ao menor toque contra a pele e o calor dela... Enquanto eu caminhava pelo interior da floresta da fronteira após sair de Jogmund, eu não pude deixar de reparar o quanto ela parecia estar menos fria, como se não me afetasse tanto quanto antes... Olhei para a joia vermelho sangue na palma da minha mão, vibrando, ardendo em um fogo frio e etéreo, quase divino... A pedra me pediu para levá- lá de volta para o seu mestre, para Hades, que estava vivo depois de tudo o que eu tinha lhe feito... Ainda lembrava do quarto tão exegaradamente luxuoso onde me vi acordar, na antiga mansão do lorde Ébano que, de acordo com os regentes da cidade, pertencia a mim, assim como a administração da cidade mais importante do território norte do reino..

Ordens do grandioso Lorde da Magia, foi o que me disseram após eu sair do meu quarto. Hades tinha me dado um presente que eu não merecia de novo. Ele me nomeou Lorde do Jogmund, o senhor declarado da cidade portuária com todas as honrarias, eu era nobre agora... Eu sorri só de lembrar que, há três anos atrás, uma das coisas que nós mais odiávamos era a nobreza e agora, aqui estávamos nós dois, mais enroscados no meio disso tudo do que nós jamais estivemos em toda a nossa vida. Forcei meu cavalo a andar mais rápido, para Toca do Lobo era para onde eu tinha que ir... Hades devia ter continuado lá, pelo menos era o que eu esperava... Minha mãe e Liza não falaram nada quando eu avisei para onde eu estava indo mas elas falaram tudo o que aconteceu... Sobre como o garoto hostilizado pela vila se tornou hostil a ela, se tornando o monstro que a vila de Frost o forçou a virar... E sobre como ele as poupou naquele dia gélido e sangrento, olhando para elas com as suas duas luas feitas de prata e ódio enquanto segurava um bebê no colo...

Hades as deixou vivas, as escondeu até que Jogmund fosse tomada, então as levou para morar lá. Tudo isso por minha causa... Ele jamais faria mal a minha família, mesmo que ela fosse a que mais o humilhou e fez mal a ele no passado porque ele não me queria sofrendo... Minha mãe me contou que ele as visitava de vez em quando para me checar e que na última vez, disse ter encontrado meu pai, que foi atrás de mim e nunca mais voltou. Estava preso em Toca do Lobo, foi o que elas me disseram... Elas também disseram que ele estava mais alto, mais adulto do que quando ele morava na vila, de quando ela tinha medo de si mesmo e dos poderes que ele possuía. Eu fiquei surpreso sobre como minha mãe não falou dele com ódio ou desprezo... Ela emanava temor, respeito, quase como se tivesse percebido depois do grande massacre na vila quanto Boullevards podiam ser cruéis com seus inimigos.

Essa nem era a parte mais chocante sobre isso tudo, pensei, desviando das árvores agora cobertas com folhas esverdeadas que indicavam o fim da grande floresta da fronteira e o início das terras do Castelo dos Thell... Ele tinha um bebê, minha mente gritava sobre isso... Minha mãe falou só para me magoar, fez questão de dizer esse fato... No dia do massacre de Frost, o garoto mágico não estava sozinho, ele segurava um bebê de olhos dourados e brilhantes, cujos os cabelos eram tão negros quanto os dele, embora não o mesmo estivesse diferente de quando ele ainda estava com o povo de Frost. Era o filho deles, pensei sem saber o que sentir sobre isso... Quando foi que o garoto meio ingênuo e infantil se tornou pai de outra criança ou mãe, era difícil compreender como essa coisa de alfa e ômega funcionava de fato...

Eu não tinha ideia de como o mundo estava hoje, sobre como as coisas se desenrolam. Minha última lembrança vivida foi o de Jogmund em chamas e então, tudo eram fragmentos da coisa que me possuiu, que me obrigou a fazer coisas abomináveis enquanto me forçava a assistir... Ele enfiou uma adaga no peito de Hades usando meu corpo para enganá-lo. Apertei meus olhos tentando pensar em outra coisa, em algo que não me fizesse querer me jogar de um penhasco... E foi quando o meu cavalo parou de andar, entre o fim da floresta cheia de neve, diante das estalictites de gelo enormes frente a mim e no topo da mais alta, onde a carcaça de um habitante de gelo jazia pendurada...

Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora