Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]

Capítulo 22

Apolo.PoV.

Os dias na torre oeste ao lado de Hades foram silenciosos e calmos e ao mesmo tempo, cobertos de um densa camada de medo do futuro. Poder ver sua mente, sentir sua essência de novo era relaxante, mas também um tanto quanto frustrante. Meu ômega arriscou nossa prole inúmeras vezes, invadindo ruínas e cidades inimigas como se fosse uma visita ao jardim com o único objetivo de destruir os nossos inimigos, mas apesar de seus sentimentos virem até mim, o silêncio ainda dominava o ambiente quase o tempo todo.

Não conversávamos muito. Não havia necessidade disso. Todas as minhas dúvidas eram retiradas assim que surgiam pelo nosso elo e Hades não fazia muita questão de falar agora. Apesar de estarmos a um bom tempo afastados das questões da guerra, nos mantínhamos informados das coisas importantes, como a administração de Jogmund e notícias dos inimigos. Hades quase não parava para descansar.

Quando não estava brincando com nosso filhote, estava ocupado na sua terrível e entediante escrivaninha lendo livros enormes e escrevendo cartas para seus subordinados. Diante disso, me restou fazer o mesmo. Ler era a única forma de me distrair do fato de que meu ômega não queria acasalar comigo. Eu não estava reclamando, é claro. Se Hades queria isso, então seria dessa forma. Decidí que, por enquanto, era melhor dar o espaço de que precisava para me perdoar embora isso não me impedisse de ficar de pau duro o tempo todo.

Mesmo agora, com Loki balbuciando alguma enquanto mexia os bracinhos no berço no canto do quarto, Hades não parava de escrever suas malditas cartas para os humanos da cidade portuária, a pena em sua mão era ágil e seus olhos prateados quase não piscavam enquanto escrevia o que seria uma longa e detalhada lista de procedimentos sobre agricultura e exportação relacionadas a grande taxa de crescimento populacional da sua cidade.

--- Se está entediado, então saia._ouvi ele dizer de repente, sem parar de escrever.---Seus suspiros estão me incomodando...

Revirei os olhos e me estiquei na cama que mal me cabia nela olhando para o bebezinho que estava prestes a quebrar o berço tentando chamar a atenção do pai... Um fato que aprendi depois sobre meu filhote era que sua excessiva carência de afeto tinha vindo de mim, mas ao contrário de quando acontecia comigo, Hades sempre saciava sua necessidade de atenção.

---Sabe que os líderes de Jogmund não são retardados não é?_falei--- Se ficar dizendo o que eles tem que fazer, não vão aprender a se virarem por conta própria.. Isso só vai sobrecarrega-lo e deixá-lo exausto, devia parar..

Hades se virou e ficou sentado de braços cruzados olhando na minha direção com aquela expressão dura que deixava meu pau mais duro ainda. Parecia interessado no que eu tinha para falar e nada me deixava mais louco de prazer do que vê-lo agir como se não estivesse enchendo meu nariz com seus feromônios sexuais.

---Já faz uma semana que não sai da torre..._constatou.---Você faz parte do conselho, devia assumir sua posição como líder e não ficar me dizendo o que tenho que fazer como se tivesse algum plano melhor do que eu.

Me levantei da cama, sentando de frente para ele. Meu amado tinha um bom ponto... No entanto, entre ficar discutindo política com um bando de pessoas irritantes e fazer companhia a minha familia, minha decisão era óbvia.

--- Não seja cínico... Posso ler sua mente outra vez, esqueceu?!_lembrei-lhe, suspirando cansado..--- Sabe que não podemos fazer nada sem sua ajuda... Os faes estão de mãos atadas e nossos soldados só não se dispersaram ainda porque estão depositando suas esperanças em você e no seu misterioso dragão branco que curiosamente, também é você e sabe disso, aliás, está contando com isso.

Meu amado sorriu de lado e suas bochechas ficaram rosadas enquanto sua face assumia uma expressão deliciosamente maldosa. Hades era muito inteligente e agora que eu tinha acesso a sua mente outra vez, pude ver cada um dos seus planos. Apesar de suas ideias serem um pouco radicais, eu o apoiava totalmente e estava disposto ajudar no que fosse necessário se com isso, seu objetivo, que era proteger o futuro do nosso filhote, fosse realizado.