Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]

Capítulo 18

Lucian.PoV

Dias atuais.

O salão do conselho era como um grande e abandonado túmulo. Ninguém conseguia mover um único membro do corpo diante da cena que parecia infinita na nossa frente. Meu irmão se movia com cuidado, cada passo levava um século para ser dado em direção ao garoto mais idiota e descuidado que eu conhecia. Eu sentia o medo de meu irmão como se esse sentimento fosse um montanha de fumaça por todo o ambiente.

Eu não sabia o que fazer.

Eu entendia, um pouco, o que estava passando dentro de sua mente agora, as perguntas explodindo em seu peito junto com o sentimento de descrença e medo. O conselho, incluindo minha mãe, parecia prestes a sair correndo diante da pressão entre os dois. Depois de dois longos anos sombrios de guerra e tristeza para ambos os lados, finalmente um pouco de alegria mesmo que estivesse escondida em grossas camadas de raiva, de ambas as partes.

Nunca tinha visto Hades tão indefeso e assustado quanto agora, diante da pessoa que mais amava depois do seu filho. Toda a sua pose de herói e líder se esvaiu quando seus olhos de prata se fixaram no enorme homem loiro a encara-lo sem piscar um única vez. Eu sentia toda a sua insegurança daqui, podia ouvir suas perguntas cheias de medo, de amargos arrependimentos e acima de tudo de esperança de que um sorriso brotasse em meio a expressão furiosa do meu irmão.

Hades estava com tanto medo que não conseguia se mover e Apolo com tanta raiva que mal conseguia se manter de pé. Eu podia sentir sua revolta porque eu sempre estive do seu lado. Quando ele se machucava de propósito para morrer, quando se culpava arduamente por noites e noites a fio, quando gritava no meio da noite dizendo ter sentindo sua presença dentro dele. Por outro lado, Hades também sofreu..

Como ômega, por ter observado em silêncio as escapadas do meu irmão, por ter passado nove meses sofrendo sozinho na neve fria do eterno inverno da floresta da fronteira e acima de tudo. Ambos tinham uma tonelada de coisas para dizer mas nenhum dos dois se movia, como se ambos estivessem com medo de que aquilo tudo fosse apenas um sonho.

---Irmão..._chamei por Apolo, que não me respondeu.---Eu...

--- Você sabia?!_perguntou, sua voz cheia de um sentimento que não pude discernir.--- O que estou dizendo... É claro que sabia... Ele confia em você afinal de contas... Eu sou o fracasso aqui...

Recuei alguns passos diante de toda o ressentimento expressado naquelas poucas palavras e depois, tomando coragem, me aproximei dele, que me empurrou com força suficiente para eu cair no chão.

--- Não toque nele!!_ouvi Hades gritar, pela primeira vez, sua voz tão trêmula que parecia um gatinho assustado.--- Por favor...Ele não teve culpa de nada... Ele não sabia de nada... Eu fiz tudo sozinho...Eu ..

Apolo apertou seus punhos enormes com tanta força que vi assustado gotas de sangue caindo sob o chão de pedra. Meu coração apertou como se uma corda o enforcasse e de repente, me senti um grande traídor.Ele nunca me tratou daquele jeito, nenhuma vez sequer. Ninguém ousava dizer nada, nem mesmo nossa mãe, que chorava quieta de longe.

---Cala a boca!_Apolo gritou para Hades, que recuou diante do seu tom de voz.---Você...Como você pôde fazer isso comigo?!EU DEI TUDO DE MIM A VOCÊ!!

Hades estava chorando, mas nos seus olhos, eu também via raiva, uma raiva cujo o motivo não precisei de muito esforço para descobrir.

---Apolo...._ele disse, tentando manter a calma.--- Por favor...Não grite...

Apolo começou a andar ficando cada vez mais rápido até que em questão de segundos ficou frente a frente com o garoto prateado, que diante dele parecia um garotinho pequeno. Sua ira era palpável, não me surpreendi quando deu um tapa na cara de Hades forte o suficiente para fazê-lo se desequilibrar e nesse momento, o salão inteiro arfou em uníssono, o  medo do que viria a seguir enchendo os corações de todos os presentes.