Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]

Capítulo 10: Sentimentos Guardados e Sonhos Molhados.

Apolo PoV.

De todas as maneiras possíveis, eu só queria sentí-lo, eu queria acreditar do fundo do meu coração que a presença era real, que o meu amado ômega estava em algum lugar, respirando e vivo. Mas por mais que aquele vazio infernal tivesse desaparecido, aquele silêncio ainda existia, como uma faca perfurando a minha mente a cada vez que eu tentava me aproximar dele.

Eu não conseguia mais comer e nem beber e muito menos dormir. Porque a sua presença não tinha evanescido como das outras vezes. Sua mente ainda estava alí, viva e forte, próxima d.mim como se Hades estivesse me observando atento sem dizer uma única palavra e isso me assustava e me desesperava porque eu queria ouvir sua voz, eu queria muito senti-lo vasculhar cada canto de mim como fazia antes.

Eu passei dias na grande expectativa, trancado no nosso quarto a espera de algum sinal, qualquer coisa...Se ele dissesse uma única palavra que fosse, eu ficaria tão absurdamente feliz que era até difícil de imaginar. Eu ignorei todas as chamadas para reuniões do conselho passando horas e horas deitado na cama olhando para o teto a espera de um sinal do outro lado.

Mas não havia nada.

Tentei invadir sua mente através do elo de todas as formas que sabia. Mas toda vez, a minha mente era barrada por um bloqueio tão forte que fazia minha cabeça latejar, mas eu não me importava... Eu continuaria tentando quantas vezes fossem necessárias até que ele me respondesse. Por outro lado, parte de mim ainda tremia de medo. Medo da presença sumir como fez outras vezes atrás e daquele vazio surgir mais uma vez, me mostrando que todas as minhas esperanças eram ingênuas e infundadas.

Por favor....

Eu implorava, eu me concentrava o máximo que podia, batendo contra essa parede psíquica tantas vezes que eu mal conseguia dicernir quantas foram. Hades... Se você está aí... Se você é real... Por favor... Fale comigo. Eu imploro... Eu já perdi a conta de quantas vezes eu mandei essa mesma mensagem através do nosso elo mas o outro lado... O lado dele... Não me respondia e as suas emoções... Eu não podia sentí-las e muito menos podia influenciá-las.

Por que?

Porque ele não me respondia?Por que esse silêncio ensurdecedor e cheio de frieza?!Eu me sentia feliz e ao mesmo tempo tão preocupado que conseguia aguentar e por mais que eu pensasse sobre isso, nada parecia fazer sentido. Olhei para o anel branco. A arma que usou para salvar minha vida naquele maldito dia antes dele ser atingindo pela adaga... Uma arma que mudava de forma... Volátil e fluída, como uma parte do próprio Hades... Por mais que eu odiasse os faes... Eu tinha que admitir que essa arma era uma obra prima delicada e ao mesmo tempo tão letal que fazia as armas humanas comuns parecerem um grande pedaço de lixo... No entanto, desde aquele dia, ela nunca mais funcionou. A energia que ela continha sumiu por completo, mas o brilho...O belo brilho cálido e puro da pérola ainda estava ali, tímido e consistente, como um feixe de luz que entrava pela janela de manhã. O mesmo brilha que vinha dos olhos dele quando me confessava sem vergonha dizendo todos os meus sentimentos na hora mais inusitada possível só para eu vê-lo se remexer desconfortável de onde estava como se cada palavra minha carregada de amor fosse como um soco quebrando as suas defesas geladas uma por uma.. E quando se tratava de defesa... Hades era o maior mestre de todos... Seu coração era duro e rígido, como um grande castelo de rocha pura com uma única pequena porta, que até então somente aquele garoto humano podia entrar. Mas eu insisti, agi como se fosse um pobre viajante sozinho e insistente em meio a neve batendo na sua porta sem parar até que finalmente alguém abrisse e então, depois de muita insistência, consegui entrar no interior, que revelou ser um lindo jardim quentinho e cheio de vida, onde um lindo e jovem garoto de cabelos negros vivia guardado pela própria fortaleza...