Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]

Capítulo 47

Hades.PoV

Creigh Smurr era uma cidadezinha nojenta cheia de prostitutas baratas, ladrões de baixo nível, rastreadores e mercenários, exatamente como Deime tinha dito... As casas e tavernas eram pequenas e os telhados cheios de musgo, talvez até mesmo fossem feitos dele e sendo franco isso não me importava... Trevor e Gillies tinha ido alugar quartos em uma estalagem  também de baixo nível do outro lado da cidade para eles, que nem era tão distante assim, Tâmara tinha ido fazer uma visita a um "conhecido" dela que disse que tinha uma loja de ópio no final da esquina principal, que aliás era cheia de mijo de fada e fumaça...

Deime ficou responsável por me dizer e mostrar tudo o que eu precisava saber sobre a cidade faérica antes de me deixar, cidade essa, que nem de longe parecia tão brilhante e fofinha como os contos de fadas da minha mãe diziam quando lia para mim na minha infância... Os cavalos negros que eu sabia que não eram cavalos de verdade estavam cansados ,então eu tive que ir caminhando pela cidade enquanto a cada cinco minutos, fingia estar chocado com uma coisa que na verdade não me assustava em nada. A verdade era que eu estava cansado de fingir ser o viúvinho fútil de um cara idiota com um filho no colo... Meus pés doíam e minhas asas estúpidas pesavam e tudo o que eu queria era um lugar para sentar sem que um merda viesse tentar meter a mão na minha roupa procurando dinheiro.

Olhei para o pequeno pássaro parado no meu ombro esquerdo de olhos bem atentos ao que acontecia a nossa volta e sorri, percebendo o quão lindo ele ficava daquele jeito... Meu filho era um sonho de verão, doce e frágil e apesar do seu temperamento ser um pesadelo, isso só me fazia amá-lo mais intensamente... Virei meu rosto para Deime, que com as bochechas coradas apontava para uma taverna chamada de rabo do diabo, que de acordo com ele, era uma casa de prazer... Ou como meu adorável alfa costumava chamar, um prostíbulo, onde os garotos da tal madame que Tãmara havia dito antes moravam e trabalhavam... Era quase fofo vê-lo me explicar envergonhado o que acontecia lá dentro, como se eu fosse um tipo de criança inocente que nunca viu um pau na vida...

Ignorei grande parte do que ele dizia, enquanto fazia minhas próprias e mais eficientes observações... Esse era o tipo de cidade que eu mais odiava, o tipo de cidade que Jogmund era antes de eu concertá-la... Casas de apostas, bocas de tráfico de drogas e veneno e tantos prostíbulos que o cheiro de suor de fada pairava no ar me dando ânsia de vômito... Esse não era o tipo de ambiente que eu queria que Loki visse, mas diante da minha atual e tão odiosa situação, eu não tinha escolha a não ser continuar com meu papel de garotinho puritano até conseguir um bom dinheiro roubando ladrões e os rastreadores nojentos que valorizam o ouro acima da honra...

---Trevor me pediu para deixar você aqui.._Deime disse, sua voz falhando, como se aquilo fosse algo que ele não queria fazer.---Eu... Eu sinto muito Ailo... Mas meu comandante foi bem claro quanto disse que seguiríamos por caminhos diferentes quando nós chegássemos aqui....

Sorri triste, olhando compreensivo para o pobre coitado cuja a mente era assombrada por algo parecido com consciência... Para ele, eu era só um pobre garoto ômega viúvo sem nem um outro motivo para viver além do bebê no meu ombro. Era bem melhor assim, pensei enquanto observava ele fazer seu caminho de volta para o seu grupo de ladrõezinhos da caçada na estalagem... Era mais bem mais fácil não me importar com alguém se esse alguém não tivesse senso de piedade ou noções de empatia. Ele ainda se virou para me ver uma última vez e me deu um leve aceno envergonhado antes de sumir de vez... Somente quando eu tive certeza que ele tinha ido embora, foi que eu desfiz meu rosto de garoto puro e relaxei, saindo do personagem puritano em que entrei para não levantar suspeitas...

Dei uma boa olhada no ambiente de merda em que ele me trouxe e sorri, diante das várias possibilidades de ganhar dinheiro fácil... Eu poderia ir primeiro em um prostíbulo bancar a putinha e roubar uns idiotas mas eu não estava afim de interpretar tão cedo, não depois de dias fingindo não querer estrangular Tâmara com as minhas mãos enquanto sorria para ela... Antes de conseguir uma carona para fora desse lugar, eu precisava de ouro... Muito ouro... Paras as minhas necessidades e as de Loki... Queria um pouco de comida, panos para fraldas e pólvora para fazer explosivos, uma saída para não usar magia enquanto eu estivesse perto da maldita cratera de Vollin...