Capítulo 48.

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Hades.PoV

Jornada

Expliquei ao três uma boa parte do que tinha me acontecido até agora, falei sobre a guerra, sobre o que os demônios da cratera queriam e sobre as joias que nos estávamos atrás, omitindo detalhes e acrescentando algumas mentiras para evitar que eles soubessem demais.. Gillies me ouvia falar tudo atentamente, os seus olhos cor de cobalto quase tão concentrados em me ouvir quanto eu estava em esconder dele quem eu era. Já com Trevor era mais difícil, ele parecia incapaz de me ouvir dizer umas dez palavras sem bufar e olhar para o comandante com uma expressão de escárnio. Ele estava um pouco furioso comigo, percebi meio desconfortável..

Já era completamente noite quanto eu terminei de contar minha história e pelo rosto deles, haviam certas coisas que eles queriam saber... Como quem eu era de fato, o meu nome e porque eu obviamente detestava fadas com todo o meu ser, quando eu mesmo era uma.. Insisti dizendo que meu nome não era importante, repetindo que para todos os efeitos me chamava de Ailo BlackMoon e depois de uns bons minutos debatendo sobre isso, eles se conformaram... Estava claro que o seu comandante sabia sobre muito coisa das fadas. Ele era velho, apesar da sua aparência jovem.. Mais velho do que qualquer outra fada que eu tenha tido o prazer de conhecer e deveria saber de muitas coisas. Coisas sobre minha família e consequentemente, coisas sobre mim...

Além disso,

Trevor sabia sobre os Boullevards, foi ele quem me contou aquela história da nossa suposta origem.. Então dizer o meu nome seria arriscado, não por causa dele... Mas porque se ele fosse embora com meu nome nos seus lábios e saísse dizendo por aí que tinha conhecido um Boullevard, era bem provável que pessoas e coisas desagradáveis viessem conferir sua história. Era bem tarde quando eles decidiram partir para a sua própria estalagem, dois deles apenas. O seu comandante, Gilles, o velho garoto de olhos e cabelos azuis ficou para me vigiar.. Para garantir que eu não fugisse amanhã de manhã antes deles me arrancarem mais informações.

Mesmo sob ameaças e protestos, ele continuou sentado no canto do meu quarto, dando sua palavra que não me faria nada.. Eu estava cansado e enjoado desde hoje cedo. Por alguma razão meus pés estavam inchados e cheio de calos, eu estava suado e sem paciência para discutir sem matar no processo então deixei ele lá como um tipo de decoração bonitinha e antiga que eu não conseguia me livrar por pena.. Invoquei um espírito da água na frente dele, que não falou nada, e pedi ao espírito que enchesse uma banheira velha que encontrei no meu banheiro particular, Loki precisava de uma refeição e um banho antes de dormir e eu também..

Eu o sentia me observando enquanto lavava meu garoto na água, e isso me incomodava.. Me foquei em cuidar do meu Loki apenas ou então surtaria de uma vez... Passei a esponja em seu corpo macio e sorri quando via sua cara incomodada com o estranho no canto da sala. Massageei seus cabelos negros com delicadeza sentindo falta dos meus e limpei seu rostinho fino e delicado enquanto ele grunhia uma ou duas palavras que não consegui entender... Ele tinha crescido muito desde que eu olhei nos olhos de ouro dele pela primeira vez. Conseguia ficar em pé, falava umas dúzias de palavras com dificuldade e aprendia mais a cada dia. Seu nariz era igual ao do Apolo, percebi satisfeito, as novas orelhinhas pontudas eram bem fofas, apesar de eu não fazer nenhuma ideia do porque surgiram só agora, quando nós viemos parar nesse lugar velho e acabado...

--Você o ama muito não é!?_meu corpo enrijeceu na mesma hora. Eu tinha esquecido da presença dele por uns segundos.--- Posso ver como olha para ele... É raro ver um bestial tão afetuoso... Todos que eu conheci ou queriam me matar ou queriam fod..

---Olha o que você fala!!_.rosnei cheio de ódio.--- Ou arranco a sua maldita língua fora...

Gillies sorriu com escárnio, quase como se tivesse planejando provocar essa reação em mim... Eu não iria deixar uma única gota de toda essa sujeira infecciosa se infestar no meu filho, não permitiria.. Nem que eu precisasse matar essa cidade inteira, nem que eu... Parei de pensar nisso, me repreendendo de novo por ter deixado minha parte bestial tomar o controle de novo... Eu odiava estar nessa forma quase tanto quanto eu odiava estar aqui...

Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora