Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]

Capítulo 51

Franklin. PoV

Eu estava perdido...

Sozinho em meio a um grande mar de belos sonhos e pesadelos carregando apenas um castiçal prateado na mão enquanto as lembranças se úniam e se desfaziam na minha frente como se fossem ondas rebentando em rochas do mar... Tudo estava escuro e atrás de mim, um enorme vazio negro se estendia infinitamente... Eu estava morto? Eu estava vivo?!Onde estava a saída para este lugar infernal!? Como eu posso voltar quanto eu nem sabia para onde estava indo?As perguntas eram a minha única forma de saber que eu estava vivo, isso e a trêmula luz do castiçal prateado ornamentado com corvos encrustrados no metal com cinco joias diferentes presas na parte de fora... Prestava atenção em cada detalhe de cada uma dessas cinco.. Uma vermelha como se fosse sangue, uma azul lustrosa da cor da lua nova. Uma verde pulsante e forte, uma dourada luminosa e uma negra, da mais profunda cor obsidiana que eu já tinha visto...

Minha sanidade estava ligada a essas pedras e a esse castiçal que me emitia uma luz tão reconfortante, brilhando violeta, acariciando a minha pele com tanto cuidado que era como se fossem mãos, macias e frias como gelo, me dando forças para seguir em frente sem olhar para a massa densa de pura escuridão que eu tinha deixado para trás... As coisas que eu tinha feito... As pessoas que ele me obrigou a ferir e o meu amado Hades, cujo o coração ele perfurou usando as minhas mãos... O que eu poderia ter feito?!Viver nessa escuridão era minha única forma de pagar pelo que eu tinha deixado que ele fizesse... Hades estava morto, eu vi os seus belos olhos prateados ficando vítreos enquanto ele me observava completamente chocado... Eu senti o prazer do demônio ouvindo o coração dele parar de bater e senti esse prazer aumentar diante da minha agonia...

O que eu poderia ter feito!?

Apertei o cabo do castiçal enquanto continuava andando, pelo chão que era pura sombra, misturados a medo e culpa. Rezando para que a morte me achasse e me levasse logo de uma vez, para que pudesse ficar sozinho, com a minha própria consciência como fiel companheira... Fiquei feliz lembrando do sofrimento do Lorde loiro idiota e me senti um lixo pior do que eu já me sentia... Ele não o salvou... Ele trouxe Hades para este mundo de guerras e traição e não teve nem a decência de garantir que ele continuasse seguro como antes. De repente, um linda lembrança de Hades e eu correndo pela margem do rio congelado surgiu diante de mim como se estivesse lá...

Que sorte a minha, pensei parado em silêncio observando a lembrança... Eu tinha achado uma boa lembrança da nossa época juntos. Sim. Eu, com toda certeza, me lembrava desse dia frio igual a todos os outros na floresta da fronteira... Hades estava tentando me ensinar magia do gelo, lembrei vendo um garotinho de cabelos negros todo selvagem fazendo belos movimentos com as mãos em direção ao rio, que se retorcia em resposta a ele criando magnificas borboletas de cristal, que voavam pelo ar quase como se fossem reais...

---Viu?!É facil... Você vai conseguir Franklin... _disse ele, sorrindo animado enquanto uma versão mais nova de mim colocava toda a sua concentração na água do lago.---Sinta o gelo, peça ao gelo o que você quer e ele responderá...

Sim... Eu lembrava daquilo. Das suas palavras gentis enquanto eu tentava imitá-lo... Era uma boa lembrança, que, como todas as outras, se desfazia diante dos meus olhos como um tipo de fumaça... O tempo nesse lugar era estranho, diferente... As vezes minha mente esquecia tudo e então voltava a lembrar das cosias que eu vivi, como se ela me forçasse a enxergar alguma coisa... Continuei andando em meio a escuridão. Já tinha me acostumado a ficar emergido nela, era bom, poderia me esconder da culpa... Eu poderia só existir, sem viver de verdade por um longo tempo.

Franklin....

Sussurros de uma voz gentil vieram ao meu ouvido, apagando o silêncio fúnebre, me preenchendo com um calor delicado... Não era minha mente agindo... Não... Parte de mim sabia que a voz era real... Sabia que aquela voz era dele...