Capítulo 35

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                    Estrelas e Lobos

Raiko. PoV

As vezes, quando eu olhava para as estrelas brilhando límpidas no céu noturno, eu lembrava das coisas que eu perdi... Da minha detestável vida de príncipe, das fatigantes reuniões intermináveis que eu, como quarto príncipe, era obrigado a comparecer e principalmente, daquele dia há dois anos atrás, quando minha família foi massacrada e o reino humano acabou sob o domínio do inimigo que tanto tentamos afastar... As estrelas eram como uma visão de consolo para as lembranças ruins, para as memórias de ouro e sangue que minha mente nunca conseguiu esquecer...

E nem vai...

Olhei para a grande cabana no centro da tribo que mesmo distante de mim, continuava imponente e grandiosa como uma montanha de pedra e madeira. Eram lá onde os assuntos de maior importância como disputas de território e brigas de dominância entre alfas, algo cada vez mais comum na décima segunda tribo, eram discutidos e tratados pelos líderes das doze tribos de homens lobo. Quando cheguei aqui há dois anos atrás, acabado e cheio de medo junto do meu irmão e Reno, os líderes se reuniram para determinar se nós podíamos ficar ou não e mesmo que na época, eu tivesse ficado irritado pelo modo como fomos tratados, agora eu conseguia entendê-los um pouco..

Se eu fosse um líder de uma raça até então escondida do resto do mundo, tudo que eu não ia querer era abrigar dois príncipes, ainda mais de uma raça, que há menos de duas décadas atrás pregava a extinção da minha. Era compreensível o quão receosos eles ficaram conosco, ao contrário de Lorde Aedion, que por ser um não despertado, tinha mais privilégios que nós, forasteiros.. Sendo honesto, a pirâmide social e os costumes deles eram tão rígidos quanto uma rocha de minério..

Alfas ficavam no topo da pirâmide social, os líderes eram alfas, os cargos mais importantes eram para os alfas assim como todas as decisões... Ser um alfa significava ter o poder de fazer o que bem quisesse, contanto que não desrespeitasse o seu ômega, se assim o tivesse... Se Erin não tivesse me explicado tudo quando cheguei aqui, com toda certeza, eu já teria sido punido várias vezes.. Como um ser humano, eu não conseguia entender como os que não eram alfas aceitavam as regras que eles ditavam, quero dizer, era bem humilhante abaixar a cabeça para alguém pelo simples fato dele ser de uma classe social diferente.

Abaixo dos alfas, estavam os ômegas, um tipo bem raro entre todas as doze tribos do estremo leste. Os ômegas eram mais fracos que os alfas e nem sempre eram homens lobo. Eles também não tinham participação alguma em qualquer assunto de cunho político ou bélico e sendo honesto, ser um ômega significava basicamente, agir como se fosse uma grande máquina de gerar filhotes... Em sua maioria eram mulheres, incubadoras ambulantes que precisavam ser férteis para terem valor e só por esse fato, os alfas não podiam machucá-los ou maltratá-los. Haviam também os ômegas masculinos, uma raridade dentro dos que já eram raros. Erin era o único homen ômega que conhecia da tribo e por muito tempo, foi meu único amigo nesse lugar... Ele deu sorte, o seu alfa era o filho mais velho do líder da décima segunda tribo, o irmão mais velho do meu adorável Reno, era o ômega do futuro líder da décima segunda tribo..

Por último, na base da sociedade dos homens lobo estavam os não despertados, popurlamente chamados de lupinos pelo povo das tribos, Reno e Aedion eram um bom exemplo disso. Os lupinos eram aqueles que embora carregassem o "sangue da lua" nas veias não foram chamados pelo deus da lua na época do seu despertar. A decima segunda tribo tinha muitos lupinos e apesar de não ser algo explícito entre eles, ser um lupino era algo bem vergonhoso. Um tipo de declínio social velado típico de uma sociedade primitiva. Apesar de serem ignorados pelos homens lobo mais ilustres, os lupinos não eram tratados como páreas e muito menos ameaçados pelo alfas... Esse tipo de tratamento era reservado a nós, os forasteiros de outra raça que não eram ômegas, alguém que não tinha nada haver com as doze tribos..

Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora