Capítulo 7: Hades Boullevard

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Damian. PoV

Eu deveria ter ficado escondido como o combinado, eu devia mesmo. Mas eu não aguentava mais ficar parado como uma estátua enquanto milhares de pessoas inocentes poderiam ser mortas a qualquer instante, ainda mais diante da possibilidade de que uma delas poderia ser eu. Ainda mais depois do garotinho lontra começar a se remexer inquieto dentro da minha camisa. Por isso, eu corri para fora daquela casa velha e parti para um local mais seguro do que aquele campo de batalha sangrento. O pequeno roedor olhava o caminho apoiando seu rostinho na gola da minha camisa e por mais estranho que pareça, ele parecia pensativo, como se estivesse tentando entender porque eu não tinha seguido as ordens do pai.

Olhei ao redor.

Grupos de dezenas de habitantes de gelo corriam juntos atrás de outros rastreadores, os que ainda não tinham sido pegos e estraçalhados por eles. As ruas de Jogmund brilhavam em vermelho vivo,por causa do sangue das suas vítimas. Quando avistei o antigo forte militar, onde os soldados dormiam e trabalhavam, pensei que estaria bem mais seguro do que dentro de uma casa abandonada. Aquele forte tinha sido construído para aguentar uma invasão, os muros negros eram espessos e com certeza ainda deviam existir algumas armas sobrando da antiga armaria. Se eu pudesse ficar lá até todo esse inferno que Ailo causou passar... Loki ficaria seguro e eu também, afinal, nem mesmo todos os  monstros carnívoros seriam fortes a ponto de penetrar uma muralha feita de rocha pura. Eu pegaria uma arma de verdade, uma espada de aço reforçado e não essa velharia que insistia em manter comigo por falta de dinheiro para comprar outra melhor e esperaria em silêncio por Ailo. Se ele conseguia abrir um portal dimensional, com certeza saberia como nos achar. Eu olhei para o céu tempestuoso, depois do som de um grande trovão ressoar anunciando o início de uma tempestade. Era um mal presságio... Uma chuva!?Em pleno inverno?!Isso para não dizer o quão bizarramente rápida se formou. Quando olhei para a rua de novo, me deparei com dois garotos, da idade de Ailo, mais ou menos, parados com as mãos apontadas na minha direção e parei, sentindo cada músculo do meu corpo ficar rígido de medo.De onde diabos eles vieram?!O pequeno Loki que antes observava o ambiente alerta, se encolheu para dentro da minha camisa de novo, quase como se sentisse o mesmo que eu.

---Em nome do coligação, eu ordeno que pare.._gritou o maior dos dois, e olhos azuis.---Ou então seremos obrigados a forçá-lo a fazer isso..

Eu saquei minha espada na hora. Minha mente estava cheia de perguntas e dúvidas e acima de tudo, de desconfiança. A coligação rebelde ficava a mais de mil milhas de distância daqui e mesmo que fossem eles... Como conseguiram chegar tão rápido assim?!Outro ponto que martelava na minha cabeça era o fato de que ambos não pareciam soldados e sim garotos aparentemente comuns.

---Saiam da frente..._ameacei.---Eu não quero ter que começar uma luta. Só estou fugindo de toda essa bagunça...

Os garotos se entreolharam e depois se voltaram para mim, me olhando de cima a baixo com desconfiança. Foi então que eu me dei conta de um detalhe. Antes de virmos aqui, Ailo me fez agir como se eu fosse um escravo recém capturado... Eu ainda estava com roupas enquanto os escravos não. Os únicos da cidade que usavam roupas no corpo inteiro eram os rastreadores, então depois de julgarem a minha aparência, eles  concluíram que se eu não parecia um escravo, e se eu não era um escravo, então eu era.... Eu não consegui completar meu raciocínio, pois a minha espada foi tirada da minha mão por um força invisível antes que pudesse ter tempo de ver... Observei assustado a minha única forma de defesa flutuar em direção as mãos do garoto mais alto até parar nas suas mãos pálidas enquanto o menor suspirava aliviado por não ter que fazer nada.

Magia?!

Os dois eram bruxos?!Se eles eram mesmos bruxos e diziam ser da coligação então talvez estivessem dizendo a verdade. Olhei para os dois, sentindo a pequena lontra se revirar dentro da minha camisa cada vez mais inquieta, até o ponto de fazer algo totalmente insano. Em um único salto, a lontra saiu em disparada pelo meio da rua emitindo pequenos grunhidos assustados enquanto nós três víamos tudo chocados demais para dizer alguma coisa.

Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora