Capítulo 29

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                            Hades

Entrar na floresta atrás da minha versão bizarra do passado parecia ter sido uma boa ideia no início, mas agora, diante de tantas árvores fechadas e da estranha nevasca que tinha começado a cair sob a minha cabeça, eu não fazia a menor ideia de onde ele tinha ido ou se ao menos, ela tinha sumido como uma mera ilusão. Eu queria acordar desse estranho sonho e voltar para o mundo real. Apolo devia estar preocupado comigo, assim como Lucian e os outros.

Caminhei mais um bom tempo até avistar o fim do espesso matagal de pinheiros e então, na minha frente, uma imagem familiar surgiu, quase como se fosse uma lembrança quase apagada de uma vida distante, antes de tudo. Mesmo depois de anos, eu ainda reconhecia minha cabana, onde minha mãe e eu morávamos quando eu era só um garotinho estúpido que brincava de boneca. Nossa cabana sempre foi pequena e quando nevava muito forte, o telhado se enchia de neve ao ponto de vazar para dentro.

Sorri, depois de lembrar das vezes em que usávamos uma pá velha para puxar a neve que caia dentro de casa para fora... Me lembrava de sempre perguntar a minha mãe porque ela não usava sua magia de gelo... Seria tão mais fácil simplesmente fazer um gesto de mãos... Nessas horas ela sorria e me dizia que magia era muito mais do que tornar nossa vida menos trabalhosa... Eu não concordava na época, mas agora, eu sabia.

Ela estava certa.

De repente, a porta se abriu e uma linda mulher de olhos cinzentos, com uma roupa grossa e cheia de buracos cobrindo seu corpo, saiu da minha cabana carregando um balde de madeira cheio de neve em suas mãos enquanto um garotinho maltrapilho corria e saltitava pela neve ao lado dela, com seu boneco preferido na mão... Era uma linda lembrança, umas das poucas que eu gostava de relembrar... Mas por que eu estava vendo isso?Por que minha magia estava me mostrando essas coisas?

--- Eu adorava aquele boneco..._ouvi minha própria voz dizer, perto de mim e dei um salto para longe da minha outra versão bizarra, que se materializou do meu lado.---Lembra o nome dele?!Eu lembro muito bem... Era Franklin júnior.... Foi Franklin quem fez ele dizendo que seria nosso filho... Adorável como era, eu aceitei na hora.

Franzi o rosto sentindo minhas bochechas queimarem quando lembrei de Franklin dizendo isso e depois, olhei para o meu próprio reflexo de cabelos negros que observava a mesma lembrança tão melancólico quanto eu... Bons tempos foram esses... Franklin Júnior foi meu melhor e único amigo imaginário e depois que minha magia despertou, acabei dando vida a ele, o escondendo debaixo do monte feno no armazém de animais do prefeito. Com o tempo, acabei deixando ele de lado.... A vida de Frost não me permitiu ter esse tipo de diversão e muito menos pensar que merecia ter.

---Quem é você? Por que está me mostrando isso..._questionei, olhando para o meu clone.---É algum tipo de castigo?!Por Franklin ter ficado daquele jeito....

A minha cópia sorriu, massageando as têmporas de forma impaciente e então, se desfez como fumaça assim toda a lembrança em si. De repente, eu já não estava mais no meio da neve... Agora, eu estava dentro de uma cabana, numa grande e belo chalé com uma lareira confortável e uma cadeira perto dela.

Eu conhecia esse lugar... Me lembrava de já ter espiado pela janela uma vez, quando senti o cheiro de comida depois de dois dias sem comida. Sem dúvidas, essa foi a pomposa cabana dos Disdiens. O mais estranho, era que eu jamais pude entrar dentro da cabana deles, por causa de velha asquerosa da Florence. E agora, aqui estava eu, no meio da sala de visitas, sentindo o calor morno da lareira.

Sons ecoaram perto de mim e de repente, passos rápidos e animados ecoaram para dentro da cabana e então vi Franklin, quando o mesmo era um garotinho correndo para perto de mim,  enquanto Karl suspirava pelo cansaço do que seria mais um dia de caça fracassado...Logo depois, Florence saiu da cozinha, carregando comida para todos.

Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora