Capítulo 28

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O som do relógio ecoava, sempre o mesmo, sempre continuo, nunca parando, nunca pausando, nunca refreando, refratando, flexionando. O mesmo. Eu invejava o relógio, descobri depois de observá-lo por quinze minutos enquanto Nayeon tomava banho no enorme e impecável banheiro de visitas da casa nova. Eu o invejava por ele ser continuo e não mudar. Eu parava, eu precisava pausar, eu estava em constante mudança e o relógio, que demarcava o tempo, não. A menos que sua pilha ou bateria acabasse. Mas então quando a pilha ou bateria era substituída, lá estava ele, continuo é imutável.

Suspirei, estiquei minhas pernas e fiquei em uma posição péssima enquanto começava a ponderar sobre o gosto dos antigos donos daquela casa. Eram modernos, claro, mas aquele relógio tinha algo de peculiar nele. Era basicamente como um cuco antigo, mas a janelinha da qual o pássaro deveria sair estava quebrada e eu não fui capaz de ver o passado ali ao subir na cadeira para futricar.

Olhei ao redor, Nayeon havia me convidado para o banho mas eu estava ajeitando coisas no quintal as quais eu sabia que Taejong iria precisar de ajuda mais tarde e se eu podia fazer sozinha, qualquer coisa que fosse para ajudar, eu faria. Não havia demorado tanto a terminar e depois, conclui que Nayeon ficaria mais de meia hora no banho.

Fui explorar a casa antes que as meninas ligassem para encontrarmos com elas no portão. A ideia havia sido de Nayeon e aquilo não estava me cheirando bem, apesar de que seria ótimo passar a última noite de recesso com elas.

Cruzei o corredor pequeno até cair perto da escada. Uma bela escada com detalhes de granito preto e madeira, era incrível a forma da própria escada. Fui para a sala, observei e observei, era muito branco, sofisticado e até bonito. A casa era linda em si. As portas enormes que davam passagem para a varanda com vista para Seul estavam meio abertas e a medida que ficava tarde, era possível ver as luzes adiante. O fim da tarde ali era de tirar o fôlego de qualquer pessoa. Passei as mãos nos cabelos e entrelacei meus dedos em minha nuca, estava um tanto farta de respirar mas não havia muito o que fazer já que quando eu pensava em Nayeon, minha expectativa de vida aumentava e todos os problemas sumiam.

Eu estava tão apaixonada, já tão viciada que me amaldiçoei inúmeras vezes por toda aquela palhaçada na casa de Eunha. Isso me perseguiria. Meus pensamentos se voltaram para o dia seguinte. Eu teria treino, morreria com os pulmões pesados, novo início de bimestre, novas matérias, pessoas chatas e garotas irritantes falando alto, Seokjin existia e para piorar: Kyulkyung.

Quais eram os planos dela? Por que havia voltado? Sequer nos falamos antes de tudo! Ela faria de tudo para atingir Nayeon, lógico. E que tentasse.

Minha linha de pensamento morreu quando senti braços me envolverem pela cintura, me causando uma euforia imediata, aquele sentimento sobre o qual eu havia lido a um tempo. Podia jurar que já o havia sentido antes mas com ela era a raiz do sentimento que fincava em meu ser e me deixava daquele jeito insano, louco, completamente dependente dela.

O cheiro do sabonete parecia ter impregnado no ar, como se as partículas de O2 e as da composição do produto estivessem se abraçando. Ela murmurou "momori" baixinho, suficiente para fazer meu peito doer, gritar, sangrar, somente em pensar em deixá-la ir. Eu não podia perdê-la, eu a amava tanto, tanto que era o incrível do absurdo.

Eu me virei para ela, entrelaçando nossas mãos no ar, abaixando os olhos por seu corpo coberto pela toalha cinza antes de focar em seus olhos de imensidão infinita. Eu queria poder morar ali para sempre porque eu sabia que estaria segura, mas então me lembrava que já me sentia assim com ela, já me sentia protegida e isso era tudo.

_Senti sua falta no banho. -Ela falou soltando uma de minhas mãos e passando o indicador abaixo do meu olho direito. _Olhinhos puxados..

Eu ri como uma boba apaixonada, a forma como ela disse me fez sentir borboletas em meu estômago como da primeira vez. Não havia como explicar o porque daquilo depois desse tempo de nos conhecermos e logo era um mês de namoro e eu estava cada vez mais inserida nesse universo chamado Nayeon.

TWICE - Namo - Safety (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora