Agente Morgan 4

Capítulo 53

Alfie esticou sua mão até mim, e me puxou para si, abraçando a lateral do meu corpo a espera da morte. Nossos corpos tremiam de frio quando ele afastou o meu rosto levemente para encarar os meus olhos. Ficamos assim durante longos minutos, numa troca de olhares que significava tudo para cada um. Não havia silêncio naquele ambiente repleto de água por todos os lados, mas decidimos ignorar o barulho para continuar falando, falando pelo olhar.
Aos poucos, seus olhos começaram a piscar mais vezes do que o necessário, demontrando o cançaso do seu corpo. Entretanto, em meio a essa quebra de olhar, Alfie franziu a testa incomodado.

-Está sentindo alguma coisa? - indago preocupada.

-Tem alguém gritando o seu nome no meu ouvido...

Enrrugo a testa, me dando conta depois de longos segundos de onde provinha toda essa gritaria da qual ele reclamava. Retiro seu comunicador da orelha, e volto o objeto ao meu ouvido, escutando atentamente o que era dito do outro lado da linha.

-Natasha?! - grita Oliver. -Está aí ainda? Precisamos falar com você!

Ouso um som distante da voz de Jack, que gritava algo como "loucura".

-Estou aqui...- respondo.

-Oliver tem um plano!- diz Katye, mas a gritaria era tanta, que não conseguia ouvir o que ela queria.

-Espera, falem de vagar...não consigo entender...

-Oliver. - repete Katye, dessa vez no total silêncio. - Tem um plano.

-Plano nenhum vai funcionar!

-Escuta, docinho. Temos uma chance de tirar vocês dai, bom... na verdade você tem uma chance de salvar aos dois.

-Pode falar. -digo, começando a despetar da minha fragilidade pela chama da esperança.

-Nós temos um míssil. - diz ele.

-A idéia é nos matar? Porque não sou uma pessoa que preferiria uma morte rápida, prefiro aproveitar até o último segundo!

-Não é nada disso, Morgan. - fala Miller. - Preste atenção no Queen! E Sara, segura o Jack direito!

-Ok...- diz Oliver, suspirando tão alto, que pude ouvir pelo comunicador. - O plano é o seguinte: vamos usar o míssil da nave para arrebentar a proa do barco. Noah e Simon estão calculando, e a possibilidade do míssil atingir o local desejado é de 92%. O barco ainda não afundou tanto metros, então... assim que a proa explodir vocês vão ter que nadar até a superficie.

Pisco cinco vezes, analisando a proposta maluca.

-E qual é a distância?

-197 metros, com 77 graus negativos.

-Ok, tem dois erros no seu plano.

-Qual?-Indaga confuso.

-Pergunte ao Simon a probabilidade de morrermos pela pressão da água. Porque assim que explodirem o casco do navio, pela profundidade desse nível, a água vai entrar com tudo e pressão pode nos matar.

-Droga...-sussurra ele. - Ouviram a pergunta nerd's?

-A probabilidade é de 85%. - responde Noah.

-Agora pergunte quais são as nossas chances de chegar até a superficie numa água de 77 graus negativos e...ah! Deixa eu reformular a pergunta: como vou subir 197 metros, cercada por uma água de 77 graus negativos e carregando Alfie nos braços? Ou esqueceram que ele nem sequer consegue andar? Quem dirá nadar numa água dessas! Gente...ele não está bem.

-Bom...levando em conta esses fatores... a probabilidade desse plano dar certo é de menos de 45%. -calcula Simon.

Reviro os olhos.