Capítulo 27

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-Como assim eles escaparam?! - grita Charles. - E quanto ao pacote?! Me digam o que estavam fazendo quando tudo isso aconteceu!

Olho para Oliver, demonstrando claramente que ele deveria contar a confusão que se armou, até porquê, ele estava no comando da missão.

Horas antes...

Reviro os olhos levemente, ao sentir Oliver me abraçar pela décima vez naquela noite, logo depois de me ajudar a descer do carro, como um "belo" cavalheiro. Para o plano de desaparecer do mapa, Richard esclareceu que minha função era apenas enrolar Oliver no final da refeição. Como faria isso? Ainda não sei.
Apesar de tentar esconder o nervosismo através de sorrisos e piadas, graças ao meu dom, era mais do que possível enchergar por trás das camadas de Blandie naquela noite.
Suspiro, me concentrando na missão ao sentir duas mãos me guiando até uma das mesas do restaurante. Oliver puxou a cadeira, sinalisando para que me senta-se e longo em seguida, ocupou o lugar ao meu lado.

-E então? O que acharam do lugar? -indaga Richard.

-É lindo, mas imagino que não ter vindo aqui somente para comer. -fala Oliver.

-Esse é apenas um modo de deixar as coisas menos tensas. - argumenta Blandie.

-O que vocês tem a nos oferecer? - questiona Richard, direto.

-Acho que nós deveriamos fazer essa pergunta. -murmuro.

-Antes, preciso saber se estão dispostos a fazer um bom acordo.

-Se estamos aqui, é porque estamos. -digo.

-O que vocês tem? -indaga Oliver.

-Não vamos falar nada sem antes saber sobre o acordo.

-O acordo exige um adiantamento! - explico.

-Que tipo de adiantamento? -indaga Blandie.

-Do tipo que nos permite calcular o grau das informações.

-Temos um HD. - fala ele.

-E vocês já abriram? - questiona Oliver, com um certo interresse na voz.

-Até tentamos, mas é impossível! A criptografia é muito complexa, e os códigos parecem não fazer sentido! -diz Blandie.

-Impossível para nós. -complementa Richard.

-E o que vocês querem em troca? -indaga Oliver.

-Imunidade, proteção e novas identidades.

-Isso é fácil, mas é bom que vocês realmente tenham boas informações, ou vamos caça-los até o fim do mundo! -ameaço.

-Vocês vão pedir alguma coisa? - indaga o garçom, interrompendo a conversa.

-Um Raclette. - peço.

-Raclette? O que é isso? -sussurra Oliver.

-Queijo derretido com batata, picles, cebola, mostarda e frutas. -responde Richard. -Boa escolha, Natasha.

      Sorrio de lado, agradecendo. Esse era um restaurante suiço, e digamos que passar três anos naquele país ajudou muito na hora de fazer a minha escolha.

-Mais alguém?- questiona o Garçom.

-O mesmo para todos. - fala Blandie.

       Depois de vários minutos, a comida chega e o ambiente continua o mesmo. Num total silêncio desde as negociações interrompidas, que ninguém parecia ter coragem o suficiente para retomar. O jantar continua no mesmo ritmo, pelo menos até Blandie alegar estar passando mal por conta da comida pesada, e pedir para ir em bora. Antes dos dois levantarem da mesa, sinto ela cutucar os meus pés com o seu salto, numa clara mensagem que aquela era a hora de executar minha parte.
    Oliver estava a ponto de levantar quando segurei a sua mão, sorrindo gentilmente.

-O que está fazendo, Natalia? - indaga, vendo que o casal Kaley já se aproximava do balcão da recepcionista para pagar a conta.

-Que história é essa de HD?! Pensei que estivessemos aqui pelas informações!

-E estamos, só que essa é a parte do plano que você não pode saber.

     Vejo pelo canto dos olhos, eles saindo pela porta, e continuo desempenhando o meu papel de indignada.

-Se não posso saber nada, por que me chamou para essa droga de missão?!

-Não vamos discutir sobre isso agora! Temos que ir! Eles já sairam! - murmura se levantando.

      Sem conseguir mais segura-lo, apresso os passos logo atrás dele, torcendo para que Richard e Blandie já tenham feito o que pretendiam. Porém, o restaurante inteiro tremeu de uma vez, derrubando os copos da mesa e assustando os clientes. O som de uma explosão se fez presente, e um zumbido percorreu os meus ouvindos, vendo Oliver se jogar sobre mim para me proteger dos cacos.
    Encolho um pouco o meu corpo, juntando forças para empurra-lo de cima de mim, mas isso não foi necessário, já que ele próprio levantou para correr em direção à porta. Sigo os seus passos, desviando dos clientes desesperados e alcançando o lado de fora do restaurante.
     Chamas se espalhavam por todos os lados, incendiado tudo e todos que passavam por ali de forma rápida. No centro, o que restara do carro dos Kaley emanava ainda mais fogo, demonstrando que ele fora a origem de todo esse estrago. Franzo a testa, surpresa pelo o que acabara de acontecer, sem saber ao certo se aquilo era ou não parte do plano.
     Procuro em meio ao fogo, e por todos os lados da rua algum rosto conhecido, até meus olhos encontrarem Blandie muito afastada, lançando um olhar de agradecimento na minha direção, com uma espécie de brilho que saiam dos olhos, o que provavelmente eram lágrimas. Mas por que ela estava chorando? Tudo não tinha dado certo?
    Franzo a testa, sentindo a falta de Richard ao seu lado, e volto meus olhos para o carro, juntando as peças ďo que acabara de acontecer. Ainda impactada, olho na direção de Blandie, mas ela não estava mais lá. Ele se sacrificou por ela... afinal, se o DNA dele estivesse ali, não haveria suspeitas de que ambos morreram. Tudo isso para se livrar da Maré? O quão perigosa era essa organização?

-Temos que ir! - grita Oliver, tentando superar o tom do choro das pessoas.

Horas depois...

    Bom... isso foi pelo menos uma parte do que aconteceu naquela noite, e por motivos óbvios Oliver descidiu não contar o que aconteceu minutos depois.

Horas antes...

   Me jogo sobre a nossa cama na casa dos Kaley, sentindo uma dor absurda nas minhas costas. Decidimos passar a última noite aqui antes de embarcar para aos Estados Unidos novamente, até porquê, a policia nunca ligaria os "corpos" daquele carro aos Kaley's.
      Me sento rapidamente, incomodada pela dor.

-Suas costas estão sangrando. - murmura Oliver, tranquilamente.

-Não estariam se você não tivesse se jogado sobre mim!

-Fiz isso pra te proteger.

-Mas esqueceu do simples detalhe que já tinham cacos de vidro no chão!

-Muito mal agradecida. - murmura, retirando a parte de cima do terno. - Quer ajuda com isso ai?

-Não.

-Vai fazer sozinha? É no meio das costas!

-Vou esperar por um médico!

-Qual é! Vai ficar com as costas sangrando até amanhã? - questiona sarcástico. -Posso te ajudar.

    Franzo a testa.

-Não sou do tipo de homem que sai agarrando uma mulher sem permissão, Natalia!

    Reviro os olhos.

-Obrigada pela proposta, mas prefiro esperar.

-Para de ser teimosa, ta sangrando muito e não vou dividir a mesma cama com você nesse estado!

-Sem problemas, posso dormir no sofá...

   Ele suspira, irritado.

-Tudo bem, Walker, você dorme na cama e eu no sofá.

    Reviro os olhos.

-Me poupe desse cavalheirismo barato, durmo onde quiser! E já disse, o sofá é meu.

Agente Morgan 4Onde histórias criam vida. Descubra agora