Capítulo 10

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    Simon parecia cansado, talvez por passar a noite em claro, já que a última vez que o vi foi á um dia. Assim que seus olhos se acostumaram com a claridade da luz sobre o seu rosto. Ele finalmemte me reconheceu, mas continuou mantendo uma expressão séria no rosto.
     Olho para a câmera, tentando arquitetar um jeito de escapar sem estragar o meu disfarce, entretanto, nada me vinha mente. Não tinha garantia nem que sairiamos vivos desse lugar.
     Volto meu olhar para Simon, sabendo que se demorasse muito, minha equipe começaria a desconfiar. Caminho até uma mesinha de ferro, onde alguns utensílios de tortura estavam espalhados, e escolho um soco inglês. Colocando-o lentamente na mão, enquanto observava o olhar de Simon, que pedia que fizesse o necessário. Não posso bater no meu melhor amigo! Ele vai ser pai e...
    Inspiro profundamente, tentando me acalmar.

-Não posso... -murmuro, dando as costas para a câmera.

-Pode sim. Faça!

-Me desculpe... - sussurro, antes de desperir o primeiro golpe.

(...)

     Reviro na cama, incômodada pelos meus pesadelos. A cada vez que pegava no sono, a imagem de Simon sangrando enquanto o torturava rondava a minha mente como um filme repetitivo. Levanto de vagar, sabendo que teria de fazer alguma coisa, afinal, amanhã começaria novamente a sessão  de tortura e duvido que ele resista à uma segunda dose. Com cuidado para não  acordar John, e em passos largos e silênciosos, caminho pelos corredores rumo as escadas.
   Assim que atinjo o lado de fora da casa, me arrependo imediatamente por não ter trocado de roupa, e colocado algo mais quente que protegesse contra o frio.
    No campus não haviam câmeras, mas os guardas rondavam de um lado ao outro com suas lanternas. Não que isso fosse um problema, até porque, essa não era a primeira vez que saia durante a noite.
     Sinto a grama pinicar os meus pés enquanto seguia em direção à ala XXXXXXXX. Desviando dos guardas e andando pelas sombras das árvores e casas, caminho no  silêncio da noite, que juntamente do frio, trazia um aspecto sombrio ao lugar.
     Apresso os passo, me escondendo na sombra de uma das casas, a tempo de evitar que um dos guardas me visse. Aparentemente alguém teve a mesma idéia, porque assim que cheguei a sombra, outro corpo se colou ao meu, tapando minha boca com as mãos. Me rebato, pronta para revidar, quando reconheço a sombra a minha frente.

-O que faz aqui?- sussurro, retirando sua mão da minha boca com força.

-O que você acha? Salvando Simon! Óbvio!

-Ele nem é do FBI!

-Mas é meu amigo!

    Reviro os olhos.

-Me solta! E sai de perto de mim!

-Ainda não, os guardas estão bem ali!

    Bufo irritada.

-Vem cá, você está de pijama? - debocha.

-Cala essa boca.

-Só pensei que estivesse com frio, tenho duas blusas e posso te emprestar uma.

-Enfia essa blus...

-Epa! Que boca suja! - debocha.

-Alfie, se veio ajudar, tudo bem. Mas se continuar me irritando, faço questão de te deixar sem descendentes! -aproveito a aproximação para erguer minha perna entre as suas, confirmando minha ameaça.

      Olho em direção aos guardas, que finalmente descidiram se mover pelo pátio. Naquela escuridão, só era possível ver a luz das lanternas, e assim que elas foram se afastamos, nós seguimos o nosso caminho.
    Depois de passarmos por mais uma dúzia de guardas, finalmente chegamos a nossa "sala de aula". Era uma espécie de seleiro, por isso apenas a sala onde Simon estava era trancafiada por motivos aparentes.
     Continuamos caminhando pelos corredores, dessa vez com muito mais cuidado para não sermos pegos por alguma pessoa. Quando finalmente chegamos ao nosso destino, ainda tinha o desafio de destrancar a porta. Não havia se quer uma fechadura, ou algum tipo de senha do lado de fora. Era uma porta lisa, de ferro.

-Alguma ideia? - sussurra Alfie, tateando a porta.

-Não é uma caverna secreta, caipira. Tatear não ajuda em nada!

-Se tem idéia melhor, sou todo ouvidos!

     Bufo, tentando pensar em alguma coisa.

-Esse lugar não tem janelas? -indaga Alfie.

-Não.

-Acho que Cho tem algum tipo de cartão, sei lá... talves um controle.

-É bem provavel, mas mesmo assim, vamos precisar de algum guarda para entrar. -murmuro.

-Podemos desmaiar um? -indaga.

-Sim, tome cuidado, se ele ver o seu rosto, vai acabar com o disfarce. E muito provavelmente teremos de mata-lo.

-Não esta falando sério, está? - questiona impactado.

-Claro que não, idiota.

-Não me julgue, foi você que espancou o seu melhor amigo. - murmura, antes de se afastar pelo corredor.

    Suspiro profundamente, sentindo o remorcio me invadir, todavia, antes que isso pudesse acontecer, tratei de ocupar minha cabeça com outra coisa.
     Não importa o que aconteça, tenho que tirar Simon desse lugar, mesmo que isso custe o meu disfarce, devo isso á ele.
    Em pouco minutos, Alfie já voltava com passos largos pelo corredor, trazendo consigo um cartão branco nas mãos. Com o simples fato dele se aproximar, a porta imediatamente destravou, liberando a passagem para o cômodo.
     Assim que nos viu, Simon deu um sorriso franco e cansado pelos golpes. A poça de sangue embaixo dos seus pés indicava que ele perdera  muito sangue. Alfie segura Simon pela cintura, e eu abraço do outro lado, passando os seus braços sobre os nossos ombros e ajudando à carrega-lo com mais velocidade.
    Passamos pelo corredor e invadimos a floresta, correndo a todo vapor entre os galhos para tratar de tira-lo o mais rápido possível dali.
     A pequena casa abandonada no meio do nada demorou algum tempo para aparecer. Mas quando finalmente adentramos, a tranquilidade de que tudo tinha dado  certo me invadiu. Enquanto Alfie ligava para Jack com um telefone reserva da casa, eu tratava de deixar Simon o mais cômodo possivel num canto do chão, já que ali, não havia móveis. Rasgo um pedaço da camisa de Simon, usando-o para limpar o sangue do rosto. Ele estava extremamente machucado, e a culpa era inteiramente minha.
     Olho para o seu ombro, notando que ele estava mais caído, e entendendo que provavelmente estava deslocado. Seguro o seu braço, e antes de coloca-lo no lugar, peço permissão para Simon com os olhos, e ele meche a cabeça, concordando com a idéia. Seu grito foi tão alto, que temi que alguém ouvi j

-Desculpa... -sussurro.

-Você não tem culpa. Eu pedi que fizesse.

-Droga, por que fez isso?

-O sucesso dessa missão não se trata apenas da sua liberdade, Natasha. Mas sim da segurança das pessoas. - murmura ríspido.

- Eu sei...

-Não. Não sabe. -intervém. - Alfie está aqui por que se preocupada com elas. Pra ele não é fácil viver uma vida feliz enquanto sabe que pessoas estão morrendo e que ele pode fazer algo á respeito.

-Acha que pra mim é?!

-Por que voltou, Natasha?

      Minha boca se abre para contestar, mas o fato dele estar inteiramente certo faz com que ela se feche novamente.

-Simon, descanse, você está com dor.

      Ele fecha os olhos, concordando com a cabeça e a encostando na parede para descansar.
      Alfie volta para a sala, afirmando que a melhor coisa á se fazer era voltar para o Despertar antes que alguém desse pela nossa falta. Segundo ele, Jack já mandara uma equipe de resgate para a cabana, e em pouco minutos, Simon estaria sendo tratado.
    Concordo, acomodando melhor a cabeça do meu amigo antes de iniciar o caminho de volta.

Agente Morgan 4Onde histórias criam vida. Descubra agora