Capítulo 19

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Acordo assustada, saltando da cama num pulo e percebendo que essa foi mais uma noite de pesadelos. Sigo em direção ao banheiro, passando as mãos no rosto com força, brava comigo mesma por ter acordado tão cedo.
Abro a torneira e deixando a água fria correr livremente pelo meu corpo e levar a impuresas. O choque dele com a temperatura da água me fazia despertar cada vez mais e esquecer os sonhos dessa noite. Desligo o chuveiro depois de alguns segundo e me enrolo na toalha, indo até a cozinha para procurar algo na geladeira. Fazia mais de 24 horas que meu estômago não via comida, ele praticamente gritou quando a minha caça por alimento resultou em nada, já que tanto os armários, quanto a geladeira estavam totalmente vazios.
Suspiro frustada, tendo a idéia de tomar café da manhã fora, usando o cartão de crédito que encontrei ontem anoite perto da pasta de informações da minha nova identidade. A partir de hoje, para o mundo o meu nome é Annya Walker. Sim, mais um nome na longa lista, mas pelo menos desta vez continuo mantendo o mesmo sobrenome, isso já é de grande ajuda na hora de decorar as informações.
Reviro os olhos vendo as roupas do pequeno guarda-roupa que não tinham nada haver comigo. Elas eram do meu tamanho, porém as cores eram extremamente chamativas! Não tenho aversão á cor, mas aquilo era totalmente exagerado. Vasculho o armário todo, procurando por algo mais aceitável para vestir e anotando mentalmente que deveria comprar novas roupas.
Escolho uma calça azul, um tênis preto e um blusão de frio com flores de diversas cores, e decido experimentar. Afinal, só ia tomar um café da manhã e depois voltaria para me arrumar e ir até a base iniciar as minhas provas. Ainda faltava muito tempo, mas desta vez descidi me adiantar e chegar mais cedo para que não haja imprevistos.
Desço as escadas até a rua, me certificando de fechar a porta do apartamento, caso algum visinho curioso descida dar um "oi". Com o cartão no bolso, caminho sem rumo pelas ruas à procura de alguma lanchonete aberta à essa hora.A cidade estava vazia, e o sol começava a iluminar o céu, indicando que mais um dia se iniciava.
Franzo a testa, sentindo uma sensação esquisita. Aquela mesma sensação de que alguém estava me olhando, mas quando olhei para atrás estava tudo vazio. Continuo andando, com as mãos no bolso da blusa, procurando me aproximar dos carros estacionados para usar o seu reflexo ao meu favor.
Entretanto, assim que trantei de fazer tal coisa, senti uma picada no pescoço e minha visão embaçar por alguns segundos. Me apoio no carro para que o meu corpo não despencasse no chão, e me xingo mentalmente por não ter confiado nos meus instintos e agido instantaneamente.

(...)

Abro os olhos de vagar, sabendo que a ideia de ter desmaiado no meio da rua não foi meramente um sonho. E ainda um pouco afetada pela droga que provavelmente injetaram no meu sistema, levanto.
Olho para os lados, piscando algumas vezes para focar a imagem. Estava numa fabrica abandonada? Bom, pelo menos era isso que parecia, já que através das janelas podia-se ver claramente as chaminés no alto dos céus.

-Nossa, você acordou mais rápido do que pensava!

Olho para o lado e reviro os olhos, vendo a figura de Katye adentrar a sala com suas botas de couro barulhentas.

-Acho que criei resistência à essas coisas... que merda é essa? Onde estou?

-Calminha. Antes que você me mate, fizemos isso para garantir que você não tentasse resistir e causasse a maior confusão!

-"Fizemos"?

-Sobre isso, não sou eu quem vai explicar...

Ela abre uma porta de ferro, e me guia por alguns corredores estreitos até um salão maior, as paredes eram de cimento bruto e apesar de ser uma fabrica antiga, o local estava extremamente decorado com uma mini cozinha, uma sala e uma enorme mesa, onde havia grupo de pessoas discutindo ao seu redor e que se calaram assim que viram Katye bater palmas para chamar atenção.
A primeira a correr na minha direção foi Sara, que não mediu a força num abraço bem apertado. Logo em seguida, toda equipe partiu para o abraço, distribuindo palavras de carinho. Analiso cada um deles, é como se o tempo não tivesse passado. Obviamente estão diferentes e maduros, alguns até decidiram aderir outro estilo de corte, como por exemplo Sara, que agora tinha o cabelo na altura dos ombros.

-Você está mesmo aqui! Nem acredito! -grita Diana.

-Você está horrível! -murmura Diogo, levando uma cotovelada de Sara.

-Diogo! - branda ela.

-Quê? Mas é verdade!

Reviro os olhos sem responder. Afinal ele tinha razão, os ferimentos da luta na arena ainda eram bem evidentes no meu rosto, sem contar as dores no corpo, que graças aos remédios diminuiram um pouco.

-Taú! - grito feliz, vendo ele surgir por uma das portas.

O moreno procurou pelo salão, e assim que seus olhos me encontraram, abriu o maior dos sorrisos.

-Natasha! - grita de volta.

Corro na sua direção e pulo nos seus braços, entrelaçando minhas pernas na sua cintura, totalmente feliz por ve-lo bem. Nos abraçamos por alguns segundos, até finalmente o infeliz de Diogo interromper o momento.

-Epa! Nenhum de nós ganhou um abraço assim! - murmura enciumado.

Desço do seu colo e sorrio de lado, fingindo não prestar atenção ao comentário de Diogo.

-Você me chamou de Natasha? - questiono, confusa.

-Agora, Taú entende melhor a língua!

-É mas ele não parou de falar em terceira pessoa! -debocha Diogo, recebendo mais um tapa de Sara. -Ai!

É, algumas coisas não mudaram!

-Gostava mais quando você me chamava de Tasha! - brinco.

-Então Taú pode continuar chamando Tasha de Tasha?

-Claro que sim! Esse apelido é só nosso!

-"Esse apelido é só nosso" - repete Diogo, imitando a minha voz.

-Diogo, o tempo passa mais você não cresce, não é?! - provoco.

-Ele é problemático! -branda Sara.

-Um "problemático" que você gosta! -revida.

-Onde está Simon, e Mariana?

-Simon não pôde vir, está com Mariana no hospital. - responde Jack.

-Aconteceu alguma coisa? - indago preocupada.

-Não, são só enjoos de gravidez.

-Perai! - murmuro, relembrando o que estava acontecendo. - O que estou fazendo aqui? E o mais importante, o que vocês estão fazendo aqui e por que me sequestraram?

-Não te sequestramos. - responde Jack.

-Trazer uma pessoa contra a vontade é sequestro, não é? Ou nesse meio tempo isso já mudou?!

-Depende do ponto de vista. De qualquer modo, foi idéia da sua prima!

Lanço um olhar mortal para Katye.

-Nem precisa me olhar assim! Não tenho medo de cada feia. Agora senta ai e vamos começar com as explicações!

-Tem comida? - indago.

Ela franze a testa, indignada.

-Taú, você pode buscar alguns hambúrgueres e um café? - indaga Jack.

-Claro!

-Quero um com muito queijo! - grito, vendo-o sair pela porta. - Valeu!

-E agora? Quem começa? - questiona Jack.

-Como assim quem começa?! Quem fez a merda foi você! Então você fala!

-Nem pensar! Todos nós participamos!

-Vocês estão me deixando nervosa! -intervenho, aumentando o tom da voz.

-Espera que ele acordou!-ouso uma voz gritando.

Olho para a porta, de onde Daisy e Alfie adentravam com passos largos para se juntar ao grupinho.

-O que ele está fazendo aqui? - questiono. - Daisy? O que você...?

Agora sim minha cabeça estava uma confusão! Pior do que esta não pode ficar!

-Então... - inicia Katye. - Daisy não é exatamente uma selecionada... ela faz parte da OSCU...

-É o quê?! Expliquem melhor! E por favor, façam sentido! - murmuro irritada.

-Bom, meu nome é Daisy Miller... - diz Daisy, tomando a frente.

Agente Morgan 4Onde histórias criam vida. Descubra agora