Abro os olhos cansada, era como se um caminhão tivesse passado cinco vezes por cima do meu corpo. As pálpebras dos meus olhos pareciam mais pesadas do que de costume, talvez até costuradas à parte debaixo quando tentei mante-los abertos. Sem contar que nos primeiros dez segundos, a luz do ambiente estava forte demais para mim. Precisei piscar varias vezes para faze-los se acostumar com a claridade do local.
Essas não eram as únicas complicações, afinal o maior dos meus problemas era não saber onde estava. Começo a retirar as agulhas e equipamentos conectados ao meu corpo, ansiando sair dali o quanto antes ao lembrar o que tinha acontecido. Aquilo provavelmente deveria ser um hospital, e se estivesse certa, Alfie estaria a poucos metros de mim.-Você não deveria fazer isso. -pauso ao ouvir essa voz, buscando a origem pela sala.
E lá estava ele, sentado numa cadeira de rodas no canto esquerdo do quarto, me encarando um pouco sonolento e indicando que passara a noite toda ali.
-O que...? Você ficou?
-Não, isso é temporário. - diz, se aproximando com a cadeira até a cama. -Já posso andar, mas vou precisar de alguns exercícios até poder voltar a lutar como antes.
-Kansas, como você...? - pauso, minha cabeça estava uma confusão.
-Como acordei antes? - murmura Alfie, adivinhando. - Você teve três paradas cardíacas, hipotermia e algumas falhas respiratórias. O milagre aqui é você! Os médicos diziam que poderia ficar em coma pra sempre.
Ele aproxima sua mão, acariciando o meu braço direito, já que o tamanho da cama não permitia que fizesse o mesmo no meu rosto.
-Em coma?! Quanto tempo estou...?
-Relaxa, foi só uma semana. Você lembra de tudo?
-Fragmentos...ainda está tudo muito confuso.
-Vou chamar os médicos...
-Nem pensar! - intervenho. - Ainda tenho muitas dúvidas: quem está dirigindo a OTEL?
-Eu. - responde. - Com um pequeno auxílio da sua mãe.
-E quanto ao... Taú?
-Depois de muito procurar, os mergulhadores encontraram o corpo e...pelas condições...tivemos de sepulta-lo rapidamente...
Suspiro triste, no final, nem consegui comparecer ao enterro do amigo que salvou a minha vida.
-Você estava em coma, não se sinta culpada por não ter ido. - diz, olhando para a porta. - É, acho que nem vou precisar chamar os médicos.
Um grupo de enfermeiros e médicos adentraram a sala correndo, quase que atropelando Alfie ao meu lado, que afastou a cadeira para que eles me examinassem.
-Impossível...- sussurra o doutor, ao encarar o meu rosto. - Senhora Morgan, se sente bem?
-Só um pouco cansada...
-Os batimentos estão normais, doutor. - fala um dos enfermeiros.
-A pressão também. -diz outro.
-É como se nada tivesse...- murmura confuso. - Vamos fazer um exame de sangue!
-Nem pensar! - digo. - Sem exames de sangue!
-Mas...
-Está decidido. - falo, terminando de rancar as agulhas do meu braço. - E têm mais, estou saindo daqui agora!
Assim que me coloquei de pé, agradeci mentalmente por Alfie ainda estar perto o suficiente para me dar apoio na sua cadeira ao sentir tudo rodando. Minha visão embasada começou a ficar mais definida e clara somente depois de longos minutos.
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Agente Morgan 4
ActionDepois de três anos e meio, quando Natasha Morgan foi oficialmente declarada morta, novas ameaças assombram o país e sua nova vida "pacata", foi interrompida por um inesperado pedido. Obviamente a tarefa de salvar o mundo novamente não será fáci...