10. Qualidades

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O portão da garagem se fechou enquanto Jason manobrava o carro, seguindo pela rua em direção à praia.

O carro cheirava bem. Foi a primeira coisa que notei. Ele tinha todo o estofado em couro (e dos caros), sendo que parecia bem caro, mais do que eu teria condições de pagar — e só pelo estofado, a propósito.

Jason me encarou pelo rabo de olho enquanto eu avaliava o carro, levantando as sobrancelhas para ele antes de olhar pelo retrovisor, então voltando os olhos para a janela, analisando a vista da cidade.

Ele passou por dentro de meu bairro, mas sequer sabia disso, eu imaginava, fora que sequer chegou perto de minha casa.

Logo em seguida já estávamos em uma nova avenida, então seguindo com a vista da praia até a marina, com ele finalmente falando o que parecia querer falar desde que tínhamos entrado no carro.

— Você caiu da cama? — Perguntou. — Porque parece horrível. — Acrescentou a última parte com um sorrisinho maldoso no rosto.

Revirei os olhos para ele.

— Você esqueceu do que acabou de dizer? Porque aparentemente você tem perda de memória recente.

Ele abriu um sorriso fraco enquanto virava em uma rua, seguindo por uma lateral, parecendo querer fugir dos sinais. Revirei os olhos para essa, ele dirigia exatamente como meu pai quando tínhamos um carro (o mesmo que meu pai tivera que vender para conseguir pagar o aluguel).

— Você esqueceu quem eu sou? — Jason tinha um sorriso de canto de rosto. — Eu sempre estou mentindo, Lauren, nunca que eu ia ficar quieto, ainda mais quando o carro é meu.

Levantei as sobrancelhas.

— Você trabalhou pra pagar o carro? — Perguntei.

— Não. — Ele deu de ombros, parando em um aviso de "pare", esperando um carro passar antes de continuar seu caminho. — Não significa que ele não seja meu.

— Se foi seu pai que pagou pelo carro, ele continua sendo do seu pai.

— O carro está no meu nome.

— Mas não está com o seu suor. — Cantarolei, com ele bufando.

— Você é um puta pé no saco, sabia?

— Obrigada, significa muito vindo de você. — Respondi, irônica.

Ele riu baixinho, concordando com a cabeça com um sorriso brincalhão no rosto.

— Por que diabos você precisa de um iate pra treinar, afinal? — Perguntou. — Não é só simplesmente sei lá, entrar numa piscina ou entrar pelo mar como uma pessoa normal?

Encarei-o, levantando as sobrancelhas.

— Você realmente não sabe nada de natação. — Ele deu de ombros, então entrando no terreno para estacionamento na marina, pegando o ticket na entrada e procurando por uma vaga. — Preciso pegar um equipamento, obrigada pela carona.

Ele riu, levantando a mão em minha direção.

— Você realmente acha que só foi a carona? — Falou, entrando em uma vaga. — É bem óbvio que eu vou com você.

Respirei fundo, revirando os olhos e entregando a chave do iate dele para ele.

— Eu ainda tinha esperanças. — Resmunguei contragosto, com ele rindo alto enquanto saía do carro já estacionado, comigo também saindo.

Fui até a entrada, vendo meu equipamento ali, agradecendo ao porteiro. Ele apenas sorriu, gentil.

Até o porteiro era mais gentil que Jason Brooks, pelo amor de Deus. Ele tinha que ganhar algum prêmio no Guinness, é sério — Jason, não o porteiro, porque ele tinha que bater um recorde com tanta grosseria.

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