Era terça à noite, e eu estava sentada com as pernas cruzadas embaixo de mim, na cama de meu pai, dobrando roupa. Eu parecia um mendigo, também, de tão desarrumada que estava. Meu cabelo estava parcialmente preso e o resto dele caía, solto, pelo meu rosto e pescoço, eu usava uma camiseta larga EG, e usava calções masculinos de banho. Eram antigos de meu pai, quando ele era mais novo (e muito mais magro).
Meu pai tinha terminado de arrumar a cozinha depois da janta, e parou na porta de seu quarto, me encarando.
— Eu consegui um extra essa semana. — Ele me mostrou duas notas de cem dólares. — Compre um tênis novo, amor. — Me entregou o dinheiro, comigo surpresa. Ele sentou na cama, no lado mais próximo da janela do quarto, perto da cabeceira da cama. — Você só tem um e está desgastado. Você precisa ter um bom equipamento pra treino, o tênis faz parte desse equipamento.
— Isso é muito dinheiro, pai. — Falei, devolvendo cem dólares. — Dá de comprar dois tênis bons com esse dinheiro.
Ele deu de ombros, não pegando a nota de volta.
— Então use pra arrumar sua rasteirinha, comprar outra, sei lá, também. Ou guarde pra você, quem sabe.
Encarei ele, séria.
— Obrigada, pai.
Ele sorriu.
— Você também pode usar pra comprar um presente pra mim. — Falou, sorrindo abertamente, piscando, brincalhão, após isso.
Soltei uma risada alta.
— Claro!
O aniversário de meu pai era quinta-feira, e ele sabia que eu sabia (obviamente), mas ele não sabia que amanhã eu sairia, de todos os jeitos, para comprar um presente para ele. Eu já tinha planejado mais ou menos o que queria dar para ele, porém ter a ajuda monetária dele facilitava as coisas, considerando que eu tinha medo de que meus trinta dólares guardados não pagassem o que eu planejava.
Como sempre, quando ele passava uma semana inteira em casa, ele tinha conseguido um bico. Novamente trabalhando em obras, mas era melhor que nada. Eu sentia que ele preferia trabalhar em obras do que com o que ele de fato trabalhava, mas ele não podia sair. Não existia isso — saída.
Depois disso, fui dormir — com aquela mesma roupa que usava, já que era meu pijama mais confortável —, e me preparei para o dia seguinte de aula.
Tudo passou normal, e, depois do treino do time, fui para o centro de Miami, ao menos a parte comercial perto de meu colégio, que inclusive eu conseguia ir a pé por não ser tão longe. Fiz algumas voltas, seguindo para a parte mais próxima do mar e encontrando uma loja de sapatos bem legal.
Consegui um tênis ótimo — lindo, confortável, barato, e que eu podia usar para treinar e ir para o colégio —, e segui para a caça ao presente de meu pai.
Encontrei a loja que eu estava de olho há alguns meses, já, tendo planejado há muito tempo aquilo, entrando nela.
Pedi por duas coisas especializadas, animada enquanto via elas serem feitas.
A primeira e mais simples foi um adesivo de coração, preto. O coração era preto, e um pouco para dentro da borda dele, havia o mesmo formato de coração desenhado em uma linha fina branca. Dentro dessa linha fina, pedi para ser personalizado com "eu ♡ você", e para ser cortado em dois, contudo sem parecer um coração partido, sim um coração que se completava.
A segunda coisa especializada era a coisa mais clichê que qualquer um podia dar para um parente, porém tinha um significado tremendo para meu pai. Em primeiro lugar, ele adorava café (sua bebida favorita era cerveja, mas café vinha logo em seguida), e ele já tinha um copo personalizado para cerveja (eu tinha dado no ano anterior, com "Theo ama álcool" escrito no copo de 600ml), então era a vez do copo de café.
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