16. Ódio platônico (parte dois)

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Eu tinha alfinetado ele, ele ia chegar na hora. Eu conhecia ele desde que ambos éramos bebês, eu tinha duvidado dele indiretamente.

Ele odiava isso.

Se chamava psicologia inversa, inclusive. Eu literalmente tinha manipulado ele para ele chegar a tempo para a aula — mas era para o bem dele, não para o mal. Ele não podia ignorar para sempre os problemas, e, além do mais, ele nem teria um problema se não tivesse matado aula na semana passada.

Todd me encontrou no caminho, oferecendo uma bala, comigo pegando-a, com ele então me encarando.

— Como estamos para amanhã? — A competição, é claro.

— Ainda não em forma. — Respondi. — Vou treinar daqui a pouco com a Re, quero diminuir meu tempo, aumentar meu ritmo. — Ele concordou, soltando um suspiro preocupado.

— Se não nos classificarmos, vamos ter mais problemas na chave final, só podemos perder mais uma competição e ficamos apertados mesmo assim. Não podemos perder amanhã.

Concordei, fazendo uma careta.

— Eu sei. Eu odeio a posição que ficamos com a Nadia fora do revezamento.

Ele concordou, irritado.

— Nem me fale. — Ele então viu o professor. — Preciso resolver algumas coisas, até amanhã.

— Até. — Abri um sorriso para ele, com ele acenando antes de caminhar com velocidade até o professor. — E obrigada pela bala! — Falei, alto, com Todd virando o rosto, piscando para mim. Revirei os olhos para ele, mas ambos sorríamos.

Me sentei em um dos bancos ao lado da quadra de atletismo após isso, analisando meus pés e tentando descobrir se uma perna era maior que a outra. Eu fazia isso vez ou outra, por conta de uma provocação antiga de alguém, tentando descobrir se era verdade ou não.

Eu nunca conseguia chegar em um resultado plausível para aquela pergunta. Será que uma perna minha era maior que a outra? Às vezes parecia.

Ah, dane-se. Não era, não tinha como, né? Humanamente falando, no caso.

Fiz uma careta ao me levantar, então me sentando no chão, arrumando uma perna dobrada e esticando a outra, tentando alcançar ela.

Comecei a me alongar, começando pelas pernas por puro hábito, então me levantando, indo para os braços. Eu tinha acabado de me abaixar para tentar alcançar os pés, de pé, quando ouvi o comentário engraçadinho.

— Bela bunda. — Eu já sabia de quem era o comentário.

— O que você tem com a minha bunda, afinal? — Levantei o corpo, encarando Jason.

Ele soltou um suspiro, encarando meu rosto.

— Você já viu ela? Ela é tão redondinha e fofinha, fora que é super branquinha no biquíni, então sua bunda é fofinha como um bebê, mas ao mesmo tempo é redonda e durinha como uma... — levantei as sobrancelhas para ele — atriz pornô. — Terminou.

— Claro que é. — Ele deu de ombros. — Você já parou pra pensar no quão machista você parece soar descrevendo meu corpo como um objeto?

— Não é machismo. — Falou, ofendido. — Sua bunda é bonita, é um elogio.

— Jason. — Repreendi.

— É sério! Você preferia o quê? Que eu dissesse que era feia? Porque seria mentira.

— Que tal dizer nada? — Sugeri. Ele puxou o ar, considerando e encarando o céu.

— Não. Gosto de te ver irritada com os comentários. — Revirei os olhos para ele. — É sério, Lauren, você podia ser modelo de biquíni, lingerie, quem sabe até entrava para aquelas linhas caras pra caralho?

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