23. Exceção (parte três)

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Neguei com a cabeça para ele antes de segui-lo, com ele rindo baixo.

— Você gosta da minha presença e você sabe disso.

Ignorei o que ele disse, apontando para uma loja assim que passamos pela fonte, focalizando meu olhar em algo na vitrine.

— Olha só aquele vestido. — Falei, indo na direção da loja. Jason imediatamente passou a mão pelos meus ombros, começando a caminhar em outra direção.

— Existem limites que eu não vou ultrapassar e ir para uma loja de roupas com você é um deles. — Frisou.

Isso me fez rir alto ao tirar sua mão de meus ombros, concordando.

— Ok. — Encarei-o, levantando as sobrancelhas, ele deu de ombros. — Mas aquele vestido era bonito. — Apontei.

— Era. — Concordou. — Você não ia comprar ele. — Completou.

Franzi o cenho, confusa.

— Por que não?

— Seu estilo. — Respondeu, eficiente. — Você não gosta de usar roupas que chamem atenção. Aquele vestido chama atenção, tipo de parar a rua. — Ele coçou a nuca, fazendo uma careta. — Você não ia comprar. — Ele parecia ter considerado bastante o que falar antes de falar aquilo.

Analisei o que ele havia dito por um instante antes de concordar.

— Ok, é um ótimo ponto.

Ele concordou, inflando o peito.

— Eu sei.

O vestido era curto, parecia ser de um tecido caro, que refletia a luz, era também rosa fosco, meio envelhecido, e tinha alcinhas bem finas, fora que o decote não era tão grande. E ele era de parar a rua.

Caminhamos em silêncio após isso, por alguns minutos, apenas vendo algumas lojas aqui e ali, restaurantes e bistrôs, assim como alguns outros tipos de venda de comida.

— Ok, e sobre os estudos? — Perguntei depois de um tempo. — Você disse que no "encontro" falaria.

— Eu disse talvez, não que ia contar.

Levantei as sobrancelhas, encarando-o firme. Jason revirou os olhos para mim, negando com a cabeça.

— Você é bem persistente, huh?

Concordei com a cabeça, ainda com as sobrancelhas levantadas. Ele sorriu com isso, então falando.

— Eu não quero ir pra faculdade, Lauren.

— Não? — Falei, surpresa, com ele negando com a cabeça.

— Nem perto. — Caramba. — Quero surfar — falou —, quero surfar as maiores ondas do mundo, quero ser um dos melhores surfistas do mundo, quero surfar com qualidade, com capacidade, eu quero... — ele sorriu, meio perdido, mas seus olhos tinham um brilho engraçado —, é tipo meu sonho e eu não preciso fazer uma faculdade pra realizar ele, sabe?

Encarei-o, curiosa.

— Não é "tipo meu sonho", é seu sonho. — Falei, com ele concordando. Concordei também. — Eu nunca vi você surfar uma grandona — uma onda grandona —, e eu não tenho certeza se quero ver, porque daquelas até eu tenho medo — ele sorriu ao ouvir aquilo —, mas... — dei de ombros, então encolhendo eles —, se você acha que consegue... eu tenho certeza que você devia tentar.

Ele sorriu, concordando, comigo completando.

— Só ainda não entendo a parte de fingir que não se importa com o colégio e estudar, e de ser um babaca, e de fingir tudo isso.

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