Capitulo 6

4.2K 375 29
                                    


O sol batia em meu rosto no pátio da faculdade, ficar sentada no lado de fora pensando era o que mais me acalmava.

Aqui era lindo, tinha grandes árvores e vastas sombras para podermos nos sentar, todos vinham para cá para relaxar.

Infelizmente eu e minhas amigas não éramos da mesma faculdade, eu cursava psicologia enquanto elas faziam direito. Fui a única do grupo que não quis cursar a mesma coisa, e agora aqui estou eu, sem nenhuma amiga comigo.

Não que eu não me de com alguém, tenho apenas colegas, mas ninguém como as minhas meninas.

Hoje terá outra sessão com o Aaron e, sinceramente, estou bem empolgada para ver ele. Faz tempo que não o vejo, não sei como ele vai estar mas será um prazer descobrir.

Steven e eu concluímos que iríamos falar com o Kevin hoje, na verdade não tínhamos escolha. Hoje é o dia de trabalho dele, então é melhor nós contarmos antes dele descobrir sozinho.

Eu e Steven depois de nossa dança tentamos ignorar o máximo a conversa que viria depois, o pior de tudo era que eu conseguia sentir o quanto ele me queria, mas eu sei que por parte de ninguém isso iria rolar.

Sinto meu celular vibrar em meu bolso, pego rapidamente e vejo que era Kevin.

COMO ASSIM VOCÊ TEM UMA SESSÃO COM AARON HOJE?? VEM PRA CÁ AGORA!

É, essa era minha deixa.

🖤

Me deparo na frente da porta da Polícia, eu simplesmente não conseguia entrar. Não sei o que acontecerá se eu entrar, não sei como será com Aaron e muito menos como será com Kevin. Estava aflita e com milhões de pensamentos presentes em minha mente, mas ficar parada aqui não iria ajudar em nada.

Tomo coragem e começo a traçar meus passos em direção a porta. Passo pelo Jim, um cara mais velho que trabalhava aqui que estava na recepção, lhe mando um aceno rápido com a cabeça e ele retribui em um sorriso tímido.

Daqui já consigo avistar Kevin e, pelo que parece, ele aparentava estar bem.

Abro a porta da sala do interrogatório e assim que entro, todos presentes olham de mim para Kevin.

Ele estava ocupado demais lendo alguns relatórios para olhar pra mim, ele sabia que eu estava lá, mas não surtou.

Seus olhos se voltam para mim.

— Entre lá, depois conversamos.— em um tom frio fala e depois sai para a salinha onde poderá ouvir tudo, ele nem chega a olhar para mim. Sem mais nenhuma palavra, ele simplesmente sai.

Todos seguem ele depois disso, me dando a liberdade de entrar.

Abro a porta mais uma vez naquele mês, seu cheiro continuava o mesmo.

O cara tá na prisão e ainda por cima consegue ficar cheiroso?

Avisto Aaron, dessa vez ele não estava com uma cara muito boa e nem com aquele lindo sorriso que me cativou na última sessão.

Ao contrário disso, seus lábios estavam cortados e vejo que seu olho estava roxo, seguido de um pequeno corte em sua sobrancelha.

Ele deve ter arrumado alguma briga e o meu primeiro instinto naquele momento era correr ali e ajuda-lo.

Mas eu não podia.

— Vejo que se meteu em uma briga, Sr Hokins.Vai dizer agora que foi porque você quis? —ergo minha sobrancelha à ele.

— Todo plano tem seus problemas, as vezes as coisas dão errado — diz dando de ombros e virando seu rosto para evitar o contato visual comigo.

— Dão errado ao ponto de fazer você desistir?— questiono-o.

— Dão errado ao ponto de me fazer ir ao Plano B. — dessa vez ele vira o rosto e me encara com seus olhos roxeados.

Seu olhar está pesado de sentimentos, mas não sentimentos relacionados a mim, e sim de exaustão. Dá para ver que ele não aguentava mais aquilo.

E ele só estava ali apenas há duas semanas.

— Sinto muito por ter dado errado.

— Não preciso de suas desculpas para me fazer se sentir melhor. —  ele cospe para mim e nossa, definitivamente essa doeu.

— Pensei que precisasse, já que eu sou a única pessoa que não seja ferrada da cabeça que está falando com você ultimamente. — devolvo para ele, mas ele não parece se importar com a grosseria.

— Como foi sua semana? — falo tentando mudar de assunto.

— Uma merda, e a sua?

— Movimentada, um dia quem sabe eu te conto.

— Se quiser pode ser agora. — ele da de ombros. — Estou com tempo.

Eu não fazia ideia aonde essa conversa iria se fôssemos por esse caminho. E por um momento lembro que meu irmão estava nos assistindo.

— Por que você está aqui?— digo dando início à pergunta do dia e o ignorando.

— Certa pessoa me roubou algo, e eu não admito que me roubem. Eu vim aqui buscar essa pessoa. — diz e logo mais se ajeita na cadeira, não se importando com a confissão feita.

— Interresante. — observo seus movimentos, ele não parecia estar mentindo.

— O que, acha que eu mentiria? — ele sorri debochadamente. — Eu sou fácil quando eu quero, princesa. Eu sei colaborar.— comentou olhando em meus olhos.

Lá estava o apelido carinhoso que ele colocou em mim.

— Se eu te fizesse outra pergunta hoje, você responderia?

Ele sorri para mim, seus olhos brilharam em divertimento.

— Sim Kelsey, eu acho você atraente. Era isso que você queria saber? — aquele maldito criminoso.

— Você sabe que não era isso que...

— Kelsey, já deu por hoje. Saia.— a voz de Kevin soa pela caixa de som e eu bufo em resposta.

Quando eu estava me levantando eu o ouço me chamar.

— Kelsey, não vai ainda, por favor. — diz Aaron com uma sinceridade visível.

Por essa eu não esperava.

Meus olhos vão até o seu, uma ideia percorre meu corpo. Eu iria arriscar.

Me aproximo dele e vejo ele estremecer na cadeira quando eu estou perto o suficiente. Minhas mãos vão até seu rosto, meus dedos acariciam seus machucados, ouço ele grunhir.

— Por que eu não iria? — pergunto a ele.

Ele suspira, não sei se era pelo meu toque ou pelos machucados.

Vulnerável, ele estava vulnerável hoje.

— Você é a única pessoa que presta nesse lugar, e é a única que eu me sinto confortável em conversar. Eu tive uma péssima semana, por favor.

Quando abro a boca para responder, a porta se abre e quando vejo já estavam levando-o para sua cela novamente.

Vejo a tristeza em seu olhar, mas ele impede qualquer contato de seus olhos aos meus depois que o puxam pra fora.

Ouço passos vindo atrás de mim.

— Porque você fez isso? — fuzilo meu irmão com meu olhar. — Isso é ridículo, ele não fez nada. Eu estava quase conseguindo mais respostas.

— Vamos para casa, precisamos conversar. — e com essas palavras autoritárias, bufo me dirijindo ao seu carro sem questionar.

Ardente TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora