Certo Até Demais

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Às 11h40 já estamos recompostos e alimentados (literal e figurativamente), e percebo que já é hora de ir embora.

É chato e eu não quero sair de perto de Ciro, mas tenho coisas importantes a fazer.

- Daqui você vai pra onde? - Ele me pergunta, deitado ao meu lado enquanto recoloco meus sapatos.

- Me encontrar com minha equipe no aeroporto. Depois, para Belo Horizonte. Devo chegar lá umas 14h.

- Parece cansativo.

- Você provavelmente já passou por agendas piores.

- Provavelmente.

Já arrumado, tenho que me esforçar um pouco para conseguir força de vontade o suficiente para levantar.

- Bora, Guilherme, suas propostas não vão se disseminar sozinhas. Quem sabe você coloca juízo na cabeça de alguém hoje? Esse pessoal está precisando. - Ele me incentiva, dando alguns tapinhas nas minhas costas.

- É, 'cê' tá certo. - Me coloco de pé, esticando um pouco os membros. - Já vou.

- Ok. Mais tarde nos falamos por celular.

Ele levanta também para me abraçar, e beija meu pescoço de forma muito íntima. Não ajuda muito para me fazer criar coragem de ir embora.

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Enquanto desço pelo elevador, um homem entra e imediatamente olha pra mim; tenho certeza que me reconhece, mas não me diz uma palavra. Pelo contrário, até fecha a cara e olha para o outro lado.

Tenho vontade de perguntar se ele é alérgico a socialistas ou coisa parecida, mas isso não seria muito a atitude de um candidato a presidente. Acho que estou andando demais com Ciro.

Felizmente, logo estou no térreo e dessa vez não há muitas pessoas no salão de refeições que tenho que atravessar.

Novamente, ninguém olha para mim na recepção e sou grato por isso.

A jornada até o aeroporto é cansativa, mas me dá tempo para pensar sobre tudo. Minha vida, a reta final da campanha, a política, o MTST e... Ciro Gomes.

Se alguém me falasse há um ano atrás que no futuro eu estaria tendo um caso secreto com um político centralista 25 anos mais velho que eu, provavelmente riria. Talvez até ficasse ofendido.

Sempre tive desgosto por políticos, por razões óbvias. São poucos os que valem a pena o mínimo de consideração, e todos eles estão à esquerda no espectro político.

E então, veio Ciro, com toda a sua dominância de um homem que é político desde que eu era um simples óvulo não fecundado, e de alguma forma me arrebatou.

E me arrebatou de verdade. Quando eu falei para a Natália sobre isso, ela ficou muito surpresa e chegou a estranhar, pois nunca tinha me metido nesse tipo de relacionamento e não era de meu feitio. Eu entendi a reação; na verdade até eu reagi assim no começo.

Afinal, quem diria que depois de um relacionamento de um mês e meio com um cara desses, eu estaria tão...

Tão...

...

Apaixonado?

Tenho até que encostar o carro no lado da estrada por um minuto ao chegar nessa conclusão.

Nunca fui do tipo que se apaixona fácil. Na verdade, em todas às vezes que me apaixonei, levei anos para ter a impressão de que realmente era uma paixão real.

E então, como é possível que tenha acabado de sentir que estou apaixonado por um homem que conheço há menos de um ano?

Deve ser um engano.

Mas por que não parece?

Parece até certo demais.

Essa provavelmente é uma boa hora para pedir um conselho pra qualquer pessoa, e imediatamente penso em mandar uma mensagem para alguém; no entanto, logo que pego o celular e a tela se acende, percebo que faltam 20 minutos para a hora que eu deveria estar no aeroporto e ainda estou na metade do caminho.

Desencostando o carro para continuar andando, fico pensando que realmente não levo muito jeito para essas coisas do coração.

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Que sufoco foi postar esses caps aqui aushauaua a partir de amanhã estarei postando no mesmo ritmo do Spirit até eles resolverem apagar a fic de lá, então vou começar a postar aqui. Leitores do Spirit que estão lendo isso: Mil desculpas por fazer vcs mudarem de plataforma assim mas o bicho pegou aushajauayau

Garoto Promissor (Ciro x Boulos)Onde histórias criam vida. Descubra agora