Preciso de Uma Certeza

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Acordo assustado com batidas na minha porta. Imediatamente olho para o relógio e vejo que são 6h45 e que estou MUITO atrasado. Não deveria ter ficado acordado até tão tarde.

- Oi! Acordei já! - Grito para fora. Ouço meus assistentes resmungando sobre mim e falando pra eu me apressar.

Corro pra me arrumar e em quinze minutos saio do quarto. Um pouco amassado, mas é o suficiente. Saímos praticamente correndo do hotel, e tenho que ouvir uma bronca por me atrasar.

Quando chegamos ao aeroporto, faltam apenas 15 minutos para a decolagem e já está todo mundo no avião. Corremos mais uma vez pelo saguão (e isso chama a atenção das pessoas) porque perder o vôo atrapalharia minha agenda horrivelmente. Felizmente, temos tempo de chegar ao avião, que decola assim que nos instalamos.

Fico irritado ao perceber que não tive tempo de checar minhas mensagens antes de perder o sinal de internet, mas pelo menos foram recebidas. Posso responder quando chegar em São Paulo.

Imediatamente procuro mensagens do Ciro, e vejo que recebi três durante a madrugada:

"Amanhã tenho um evento de campanha só à tarde, podemos conversar de manhã"

"Quero saber tudo que ele falou"

"Você tá bravo comigo?"

Que droga, eu devia ter acordado mais cedo.

Passo a viagem inteira na ansiedade pra falar com ele, apesar de não saber muito bem o que falar.

Não estou bravo com Ciro, mas também não estou normal. Isso tudo é confuso demais e não sei bem o que pensar. Acho que o melhor a se fazer é deixar ele se explicar.

Com isso na mente, durmo mais um pouco até chegar em São Paulo.

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Quando chego em casa, me vejo sozinho, o que não é surpreendente. A essa hora, as crianças estão na escola de período integral e Natália está trabalhando, só chega de noite. Normalmente também só fico em casa à noite, mas como hoje tenho apenas entrevistas para fazer no início da tarde e planejo visitar uma ocupação na hora do jantar, tenho algumas horas para gastar.

Deitado no sofá, resolvo responder as mensagens de Ciro.

"Ciro, eu não estou bravo com você; só quero conversar"

Enquanto ele não responde, levo minhas coisas para o meu quarto, no andar de cima. Deitar na cama parece mais confortável e estou realmente cansado.

A resposta não demora mais que cinco minutos:

"Tudo bem, podemos conversar. Onde você está?"

"Em casa."

"Eu ainda estou em São Paulo, no hotel."

"Posso ir aí?"

"Claro."

Recebo a localização por mensagem, e logo pulo da cama pra sair. Provavelmente deveria tomar um banho antes, mas não tenho tanto tempo assim.

Pego minha carteira e a chave do carro na cômoda, onde também está o maço de cigarro que comprei ontem. A vontade de levá-lo comigo é grande e me arrependo amargamente de ter fumado aquele cigarro na noite passada.

Penso em Ciro, que foi um fumante pesado por 40 anos e conseguiu largar com muita dificuldade. Não seria adequado fumar perto dele.

Respirando fundo, pego o maço e jogo no lixo.

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Lembro muito bem o trajeto de chegar até Ciro e não sentia falta de fazer esse caminho. Por que ricos ficam tão longe da minha casa?

Garoto Promissor (Ciro x Boulos)Onde histórias criam vida. Descubra agora