Ahtera- O despertar de Baltazar- Livro 1

1-Ardal!

É uma estranha sensação, como se você morresse por alguns instantes e sua alma tivesse deixado seu corpo. Segundos depois recuperei a consciência seguida de uma forte pontada na cabeça, finalmente consegui abrir os olhos, tendo as retinas quase queimadas pela luz do sol, eu não me lembrava de ter saído do porão, e muito menos que o mesmo era tão iluminado. 

Olhei em volta totalmente confusa e notei que estava em uma planície, me levantei devagar e só ai percebi que o lugar em que eu estava deitada possuía o mesmo símbolo da capa do livro queimado no chão, o cheiro de enxofre queimou minhas narinas e a grama me causou coceira na pele.

Tentei me orientar, mas eu não fazia ideia de onde estava, decidi andar e tentar achar o caminho de volta para casa, não havia nem dado dois passos quando um estrondo se fez presente...Foi aqui que paramos nossa história, com um estranho barulho que ecoou pelos quatro reinos, junto dele, uma forte onda de energia que me jogou no chão, senti meus ossos estalarem com o impacto, me causando uma forte dor, o estranho "sopro" de energia, veio da parte norte, seja o que for não quero estar perto. Corri na direção oposta rumo ao sul, se eu soubesse que essa decisão mudaria tudo, teria ficado no mesmo lugar esperando alguma criatura me devorar.

Continuei a caminhar por horas em direção ao sul, não aguentava mais, minhas pernas doíam, o medo de não encontrar ninguém se aflorava em meu peito, meu estômago falava comigo implorando por comida, quando ia desistir e parar, notei um árvore com um estranho fruto em sua copa, parecia muito uma maçã mas...era azul, tomei o fruto em mãos para poder observa-lo melhor.

Eu precisava comer, o problema é que comer o que se encontra por ai não é a melhor opção.

Enquanto debatia com minha consciência uma luz fraca me surpreendeu, olhei em sua direção e pude ver vários homens baixos, e quando digo baixos, é porque são realmente baixos, menos de um metro de altura, todos tinham caras zangadas e roupas estranhas.

 Eles me olhavam tão espantados, quanto eu os encarava assustada, um deles apontou a "maçã" na minha mão e cochichou para outro ao seu lado, um rebuliço começou, um dos homenzinhos soltou um berro, pude ver outro pegar uma espécie de corneta e soprar.

O barulho ensurdecedor fez mais homenzinhos aparecerem, em um grito de guerra todos vieram para cima de mim, me assustando e me fazendo gritar , eles cobriram minha vista, amarraram minhas pernas e braços, taparam minha boca e começaram a me erguer, me carregando em forma de andor enquanto eu me debatia.

O desespero do momento era inexplicável, lágrimas começaram a se acumular no canto dos meus olhos , quanto mais eu tentava me livrar deles, mais eles apertavam as cordas ao redor do meu corpo.

Quando o cansaço me venceu e eu deixei de tentar escapar pude sentir que conforme o relevo do caminho, meu corpo era encurvado e flexionado, passamos por um buraco e senti um solavanco seguido de resmungos, eles continuaram a andar por um tempo, toda a demora e o silencio me deixavam aflita, quando minha coluna já me implorava para que parassem com a tortura senti eles erguendo meus pés, me deixando na diagonal, pelos solavancos e pancadas na minha cabeça, que ganhei por não ter ninguém a sustentando, deduzi que subíamos uma LONGA escada, quando finalmente chegamos no topo o rangido de uma porta se fez presente, meu coração maltratava meu peito a cada batida desenfreada, adentramos o local e fui largada no chão com brutalidade me fazendo soltar um gemido de dor.

O baque do meu corpo no chão ecoou pelo lugar fechado, o ambiente se iluminou mais e pude ouvir passos se afastando de mim. Dois homens mais altos agarraram meus braços de forma bruta me erguendo do chão, o medo passou a crescer junto com o tremor em meus membros, alguém retirou o pano que tampava minha boca mas não tive coragem de falar, um silêncio sepulcral se fez presente, me encolhi intimidada, ouvindo passos que , pela sonoridade, eram de um dos homenzinhos, eles eram firmes e curtos.