Ahtera- O despertar de Baltazar- Livro 1

5-A Rainha das sombras

...me abaixei junto da carcaça de uma arvore apenas para recuperar as forças, mas por fim, acabei me entregando ao sono e adormeci sobre as pedras cobertas de cinzas, para algumas horas depois ser acordada por um estrondo.

Me levantei com um sobre salto, o coração batia acelerado, o chão tremeu fazendo pássaros, que estavam escondidos em buracos nas árvores mortas, saírem voando formando no céu uma nuvem negra de penas.

Quando finalmente me coloquei de pé, senti um estalo na minha cabeça, meu corpo todo pesava e meus olhos se negavam a ficar abertos, é horrível a sensação de ter a consciência desperta mas o corpo parecer adormecido, olhei para o céu com medo da claridade me cegar mas mal havia luz, olhei em volta, a terra era completamente coberta por pedregulhos cinzentos, a areia debaixo das pedras era escura e seca misturada com cinzas.

Não havia nem sinal do causador do barulho, comecei a caminhar ouvindo o som dos cascalhos sob meus pés conforme eu andava, tudo no ambiente me deixava inquieta e tensa.

O  ar seco queimava minhas narinas, abracei meu corpo na tentativa de me passar reconforto e proteção mas não adiantou muito , sentindo um calafrio me percorrer a espinha, eu não estava gostando daquele clima, corvos começaram a grasnar pelo ar, eles me seguiam e circundavam sobre minha cabeça, minha vontade era de voltar correndo para reino de Diana.

Conforme eu andava , um som se fez presente, como se o eco de meus sapatos  sobre o cascalho me seguisse, eu parei mas o som continuou a me seguir, aquele foi o estopim para meu medo, comecei a correr desesperada, mas algo me deteve, um terremoto, o chão tremeu levantando poeira e me levando ao chão , quando o tremor passou e eu finalmente me levantei pronta para voltar a fugir , uma voz me fez parar.

-Orrocos !!!- Um grito desesperado ecoou, pessoas normais na minha situação, teriam corrido, afinal é um lugar estranho e você estava sendo seguida a poucos instantes, é lógico que seu primeiro instinto seja fugir e se afastar, mas eu acabei deixando o coração falar mais alto e fui em busca da pessoa em apuros.

O encontrei pendurado em um penhasco, uma recente rachadura aberta no chão, ele deve ter caído com o terremoto, me aproximei o notando aflito e desesperado, estiquei minha mão para que o ele pudesse se segurar.

O garoto me olhou surpreso e receoso parecia na duvida entre aceitar ajuda ou se deixar cair no precipício. Quem pararia para pensar nisso?

Quando achei que ele iria cair senti o mesmo pegar em minha mão, o puxei com toda força que me restava o tirando dali.

- Odagirbo- ele declara ofegante com ambas as mãos no joelhos, o vi encarar o penhasco, como se imaginasse o que poderia ter acontecido, seu olhar era distante mas parecia aliviado.

Mesmo incerta e com um pouco de receio, passei a observa-lo, o garoto tinha cabelos negros e pele pálida, as suas roupas lembravam muito a de homem do século XIX, suas iris eram vermelhas e vibrantes, quando ele finalmente me olhou sua expressão mudou para pura confusão.

- Meuq é êcov ?-Questionou em um tom rude, tomando uma postura ereta de superiorida e me observando de cima a baixo, pude ver seu rosto se contorcer em repulsa e raiva- Euq sapuor oãs sasse? Êcov é od onier ed Diana?- ele deu um passo em minha direção e esbravejou as palavras - Euq opit ed adaf êcov é? Rop euq átse iuqa? - Ele pergunta aos berros me deixando assustada e confusa.

O garoto continuava a se aproximar, minhas pernas tremiam e a adrenalina me consumia, quando tentei me afastar e sair correndo o mesmo me segurou forte pelo braço.