New friends

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"Feridas não vão cicatrizar, essa dor é tão real"

Jungkook

Eu estou bem.

Pude notar em seus olhos que aquilo não era verdade. Fingir que está tudo bem é a pior coisa, uma máscara que esconde os sentimentos, meras mentiras em simples palavras.

Terminei de passar a pomada em seu rosto. Alguns hematomas certamente ficariam roxos, e eu precisava verificar se ele tinha mais machucados.

— Jimin, você pode tirar a blusa? — perguntei, e ele abaixou a cabeça, um tanto retraído. Tentei consertar minha fala. — É para ver se está machucado.

Ele hesitou, mas tirou a blusa, revelando seu abdômen, não muito definido, coberto de hematomas. Alguns estavam mais escuros. Me peguei olhando atentamente cada traço, querendo apagar toda a dor de cada uma de suas feridas.

Com uma pomada para dor, passei lentamente sobre os hematomas, e meu olhar fixou nos seus pulsos, onde havia diversas cicatrizes. Jimin mantinha a cabeça abaixada, sem vontade de me encarar nos olhos.

Terminei e o levei até a sala, onde Jin e Namjoon estavam. Eles me olharam como se pedissem explicações.

— Jin, Namjoon, este é o Jimin, meu amigo — disse. Jin veio em nossa direção, analisando Jimin, que permanecia em silêncio.

— Olá — Jimin disse timidamente. Jin, de repente, o abraçou, assustando-o com o gesto.

— Jin, assim você vai assustar o garoto — Namjoon falou, estendendo a mão para Jimin, que a apertou com um pequeno sorriso.

— É um prazer te conhecer, Jimin. E não liga para o Jin, ele é meio maluco — sussurrou a última parte, recebendo um tapa de Jin.

— Eu escutei, viu! — Jin fingiu indignação, e Jimin sorriu, radiante.

— Ah, meu Deus, você é muito fofo — Jin exclamou, apertando-o em um abraço. — Fique aqui, vou fazer algo para comermos.

Dito isso, Jin foi para a cozinha. Ficamos na sala e, antes que eu pudesse iniciar uma conversa, ouvimos batidas na porta, seguidas de vozes. Reconheci de cara: eram Yoongi, Hoseok e Tae. Abri a porta e eles ficaram surpresos ao me ver.

— Viadooo! Quanto tempo! — Tae me abraçou. Retribuí com uma risada espontânea.

— Ei, solta meu namorado, biscoito! — Yoongi falou, dando um tapa leve na minha testa.

— Seu não, querido, nosso! — Hoseok disse enquanto me puxava para um abraço.

— Também senti falta de vocês — disse com um sorriso enorme. Eles pararam, notando a presença de Jimin.

— Pessoal, esse é o Jimin, meu amigo — disse, e Jimin pareceu se assustar ao ver que ninguém reagia. Mas, tão rápido quanto um raio, Tae e Hoseok correram em sua direção e o abraçaram. Coitado! Assim ele vai ficar traumatizado com tantos abraços.

— Ai, meu Deus, não acredito que vou ter mais um amigo — Hoseok pronunciou exageradamente.

— Mano, Jungkook só tem amigo bonito, né? Meu Senhor, quanta beleza! — Tae disse, limpando uma falsa lágrima.

— Tá falando de mim!? — Jin gritou da cozinha, e caímos na risada com sua autoconfiança.

— Pronto, a trupe está completa! — Yoongi disse minimamente, com um dos seus melhores sorrisos. Jimin estava sorrindo, e isso me deixou feliz.

O resto da tarde passou em conversas e brincadeiras. Jimin se enturmou um pouco, apesar de ficar calado a maior parte do tempo. Ele se deu bem com todos.

— Jungkook, eu tenho que ir — ele disse, e notei que já estava ficando tarde.

— Oh, claro! Eu te acompanho. — O acompanhei até a porta, enquanto os outros se despediam com tchauzinhos audíveis da sala.

— Não foi o que eu planejei, mas você gostou? — perguntei, um pouco sem jeito.

— Obrigado, Jungkook. — Ele sorriu.

— Por que está me agradecendo?

— Por tudo o que está fazendo por mim. Obrigado. — Apenas sorri. O vi se distanciar. Entrei em casa com um sorriso que mal cabia no meu rosto.

— Olha só, mal se conhecem e já tá todo apaixonado — Tae disse ao me ver, e eu revirei os olhos, enquanto ele ria.

— Tá apaixonadinho, que fofo! — Eles riram, e eu me senti envergonhado com as provocações.

— Aigoo, não é nada disso! — Minhas bochechas deviam estar coradas.

— Mas como você conheceu ele? — Yoongi perguntou. Suspirei e contei toda a história. Eles ficaram impressionados.

— Por isso eu quero ajudá-lo. Sei como é difícil — disse. Jin pôs a mão no meu ombro, com um sorriso triste.

— Você tem um bom coração — disse, me abraçando.

Já estava na hora de voltar para casa. Me despedi de todos e fui embora. Meu pai estava dormindo no sofá. Subi até meu quarto, tomei um banho e me deitei, mas não conseguia dormir. Olhei o relógio, eram nove horas, quando meu celular tocou.

— Alô, quem é?

J-Jungkook... — Essa voz era do Jimin. Ele estava chorando.

— Jimin, o que aconteceu? — perguntei, preocupado. Ouvi um soluço alto do outro lado da linha.

M-me a-ajuda...

Sua voz estava trêmula, e eu à beira do desespero.

— Jimin, por favor, o que aconteceu?

M-minha m-mãe... A-ajuda...

A voz de Jimin estava trêmula, e eu percebi o pânico e o desespero em suas palavras. Senti um calafrio percorrer minha espinha, e minhas mãos tremeram. Eu não sabia o que fazer, mas sabia que Jimin precisava de mim.

— Jimin! — Gritei, sentindo minhas mãos suadas apertarem a borda da cama. — Eu vou te ajudar. Estou indo agora mesmo.

Corri até a janela, e a lua cheia dava um brilho fantasmagórico à cidade, iluminando o caminho até a casa de Jimin. Um medo crescente tomava conta de mim. Ele precisava de alguém, e eu prometi a mim mesmo que cuidaria dele.

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