"It's all right"

5.2K 430 21
                                    

“Eu preciso que alguém me ajude, pois estou desmoronando...”

Jimin

Acordei com um pouco de dor. Abri os olhos lentamente, acostumando-me à claridade. Levantei, fiz minhas higienes matinais e chequei a última mensagem de Jungkook: "Permaneça forte". Quem dera fosse tão fácil... Eu não sou forte o suficiente. Sei que, em algum momento, vou ficar sem forças e desistir.

Terminei de me arrumar, desci até a cozinha para pegar algo para comer, peguei apenas uma maçã e fui até o quarto da minha mãe. Vi que ela estava arrumando algumas coisas.

— Onde a senhora vai, mãe? — perguntei, confuso, ao notar vários papéis em uma maleta.

— Ah, filho, vou ter que sair para resolver alguns assuntos — ela disse, me dando um abraço apertado.

— Que assuntos? — Ela sorriu de leve e segurou meu rosto com as mãos.

— Vamos ficar livres, bebê. Eu vou dar um jeito de tirar esse homem de perto de nós. — Dito isso, sorri fracamente e concordei. Ela me deu um último abraço e sussurrou ao meu ouvido:

— Eu te amo. Jamais esqueça isso. — Com um sorriso no rosto, ela se despediu.

— Eu também te amo, mamãe — sussurrei para mim mesmo. Peguei minhas coisas e fui em direção à escola.

[...]

Os corredores estavam movimentados. Demorei um pouco para passar por todos até chegar na minha sala. Por algum motivo, estava ansioso para encontrar Jungkook; a companhia dele me faz bem. No horário de almoço, o sinal bateu e fui o último a sair da sala. Estava indo para o refeitório quando alguém esbarrou em mim.

— Olha só se não é o nosso querido Jimin! — Era o JB. Tentei me levantar, mas ele segurou a gola da minha camiseta, seguido de um soco no meu rosto.

— Termino com você depois — disse com um sorriso, saindo e me deixando caído no chão. Senti meus olhos lacrimejarem, mas lembrei que não podia chorar. Não aqui.

As aulas passaram rápido. Fiquei no portão esperando Jungkook chegar, quando vi o grupo do JB se aproximando.

— Que gentileza nos esperar — ele disse, me empurrando no processo.

— Por favor, me deixe em paz! — Nesse momento, as lágrimas já rolavam pelo meu rosto.

— Bater em você é tão divertido, você é tão inútil! — JB disse rispidamente, começando a me bater. Meu corpo estava dolorido e eu já estava um pouco zonzo. Foi quando ouvi uma voz familiar.

— Ei, o que vocês pensam que estão fazendo? — Jungkook disse, com o tom tingido de raiva.

— Ninguém te chamou aqui, cara, só estou dando uma lição nesse idiota! — JB respondeu. Jungkook avançou em sua direção, mas eu o impedi segurando seu braço, dizendo com dificuldade:

— N-não v-vale a p-pena... — Jungkook parecia se acalmar, até que JB provocou:

— Você não pode fazer nada contra mim, você é um viadinho como esse idiota!

Jungkook deu um sorriso irônico.

— Quem sabe se a polícia souber que você pratica agressão, eles não dão um jeito! — Ele se virou em minha direção, me ajudando a levantar, já que eu estava com dificuldade. Seu toque era um pouco áspero, mas mesmo com as nódoas negras pelo corpo, senti um calor confortante na presença dele. Ele era um alento naquela situação tão estressante.

— Obrigado... — disse com a voz baixa. Jungkook assentiu e analisou meu corpo por alguns instantes.

— Vem, vamos cuidar de você primeiro.

[...]

Chegamos até uma casa que achei que fosse a dele, mas ao tocar a campainha, um rapaz muito bonito atendeu.

— Jungkook!? — Ele parecia surpreso.

— Jin, será que pode me ajudar? — O rapaz assentiu e nos deixou entrar.

— O que aconteceu? — Jin perguntou.

— O Jimin está machucado. Você tem um kit de primeiros socorros? — Jungkook disse, e Jin apontou para algum lugar que não consegui distinguir, talvez um quarto.

Enquanto fingia estar descansando, ouvi Jungkook e Jin conversando em voz baixa:

— Ele tem tantas feridas... — Jin disse, com o tom cheio de preocupação.

Jungkook me ajudou a me sentar na cama e começou a limpar minhas feridas com suavidade. A cada passada do pano, eu sentia meu corpo relaxar e, mais do que nunca, percebi que podia confiar nele. Não estava mais sozinho.

Ele se movia com cuidado, limpando a última ferida no meu rosto. Pude sentir o toque gentil de seus dedos, mas ele estremeceu ao ver as escoriações, marcas roxas e contusões no meu corpo.

— Jimin, você precisa contar para alguém. Isso não é jeito de lidar com sua vida. Eu quero ajudá-lo. — Ele tomou minha mão, e senti meu coração bater mais forte.

— Não posso contar... — respondi com receio. As coisas sempre pioram.

Ele me olhou com preocupação. Todo o peso das minhas feridas, físicas e psicológicas, parecia refletir nos seus olhos. Eu tentei manter tudo oculto, mas, no fundo, queria que ele compreendesse.

— Você está bem? — ele perguntou, sereno.

Eu estou bem... — respondi, mesmo sabendo que não era a verdade.

Love beyond life Onde histórias criam vida. Descubra agora