Threats

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Ele não tinha culpa, era um menino bom que nasceu nesse mundo ruim.”

            Jungkook

Aquela ligação do meu pai realmente me abalou; não era um simples aviso, mas sim uma ameaça. E pensar que, por um curto período de tempo, eu realmente acreditei que tudo estava correndo bem.

Não queria mentir para meu pequeno, mas foi preciso. Não quero que ele se preocupe. Sei que não acreditou em minhas palavras, mas agradeço por não me questionar. É melhor assim.

Quando fomos para a delegacia, enquanto Jimin conversava com Jackson, eu tinha a sensação de que algo ruim iria acontecer. Não que eu seja pessimista, mas eu realmente sinto que algo vai dar errado.

Deixei Jimin sozinho por alguns minutos enquanto fui comprar algo para comermos. Após pegar alguns aperitivos, voltei, mas ele estava com um semblante assustado.

— Jimin, o que foi? — pergunto ao me aproximar. Ele aponta em direção a um beco ali perto.

— T-tinha um homem ali — ele diz com a voz trêmula.

— Onde? — pergunto ao notar que não havia ninguém.

— Eu vi, Jungkook, tinha alguém observando! — ele diz afobado, e eu seguro seu rosto.

— Se acalma, pequeno, deve ser só alguém tentando te assustar — digo, sem querer pensar realmente no assunto.

— Mas ele me parecia familiar — diz, pensativo.

— Não se preocupe com isso, vamos voltar para casa — digo, segurando sua mão. Ele me segue, mas no trajeto continuava sem falar nada.

Eu queria me convencer de que o homem a quem Jimin se referiu não era o meu pai, mas as circunstâncias me obrigam a pensar o contrário. Quem, além dele, seria capaz de me fazer sentir tão encurralado?

Em situações assim, eu gostaria de não ter medo, mas essa é a única coisa que eu tenho, não por mim, mas pelas pessoas que amo.

— Jungkook... — Jimin me chama após um tempo de silêncio. — Eu ainda estou curioso sobre algo.

— Sobre o que? — pergunto, descontraído.

— Você definitivamente estava conversando com alguém. Quem era? — ele pergunta e eu paraliso por alguns instantes.

— Já disse que não estava conversando com ninguém — digo, calmo, porém ele não se convence.

— Eu sei quando você está mentindo, Jungkook, e você estava assustado quando cheguei — ele acusa.

— Não era nada de importante — continuo a caminhar.

— Por que não me diz? — ele inquere com uma feição irritada.

— Pequeno, sério, não é nada — seguro sua mão, esperançoso de que o assunto acabe ali.

— Se não é nada, então por que ficou o tempo inteiro calado? Por que age como se algo está te incomodando? E por que está mentindo? — ele diz com o tom elevado. Suspiro cansado.

— Já disse que não é nada, então chega desse assunto — digo, ainda calmo, mesmo que por dentro eu esteja completamente confuso e perdido.

— Você não confia em mim? — ele pergunta com os olhos marejados.

— É claro que sim, pequeno — digo com clareza.

— Então por que não me diz o que está acontecendo? — Jimin pede, suplicante.

— Porque... me desculpa, mas eu realmente não quero falar, Jimin. — Retrato-me, sentindo-o se afastar de mim.

— Eu sabia, Jungkook — ele fala magoado e sai dali, andando de volta para casa, enquanto fico parado tentando entender o que acabara de acontecer.

— Que droga! — xingo a mim mesmo enquanto o vejo se distanciar.

Eu sei que tenho de contar a ele, mas ainda tenho dúvidas. Será que fiz certo em não falar? Aish, isso é realmente complicado.

Quando já estávamos em casa, Jimin subiu ao quarto e eu o acompanhei.

— Jimin, vamos conversar — tento segurar sua mão, mas ele desvencilha-se do meu toque.

— Não quero — ele ignora, se preparando para dormir.

— Me desculpa — digo, e repetiria se necessário. Ele me olha, num pedido mudo para que eu me explique.

— É que... eu recebi uma ligação do meu pai — admito, e sua expressão torna-se tensa.

— E o que ele disse? — Jimin pergunta, engolindo seco.

— Ele me ameaçou, por isso não quis dizer. Você ia ficar preocupado comigo — admito, sentindo como se realmente falar tirasse um peso dos meus ombros.

— Não somos um casal? Deveria ter me dito. Prometemos não esconder nada um do outro, lembra? — ele afirma. Concordo solenemente, sentindo o aconchego de seu corpo quando ele me abraça.

— Desculpa, pequeno, eu só não quero que pense que não confio em você — murmuro abafadamente.

— Tudo bem, Jungkook — ele sorri.

— Eu confio em você, muito mais do que a mim mesmo.

[...]

— Tem certeza que não quer nada? — pergunto a Jimin quando estou saindo para ir ao mercado.

— Sim, tenho certeza — ele diz, risonho.

— Certo, então volto logo — despeço-me com um beijo.

Enquanto caminhava, pensei nas coisas que andam acontecendo ultimamente. No final, espero que tudo acabe bem, que eu possa sorrir de toda a situação.

Passei um tempo no mercado comprando coisas necessárias, nem tanto, admito. Quando estava prestes a ir embora, recebo uma ligação.

— Alô? — digo após atender.

Jungkook — reconheço a voz de JB. Me pergunto como ele conseguiu meu número.

— JB? O que foi? Por que me ligou? — pergunto, um tanto confuso.

Só vem pra sua casa, o Jimin — ele diz afobado.

— O que têm o Jimin? — pergunto de imediato.

Eu não sei, ele está desmaiado. — Assim que a explicação é dita, sinto um mar de emoções complexas.

— Já estou indo! — desligo o celular. Nesse momento, não estou pensando em nada a não ser no meu pequeno.

Eu estava correndo, tentando chegar o mais rápido possível, mas paro de imediato ao ouvir meu celular tocar. Sem nem mesmo ver quem era, atendo.

— JB? E o Jimin? — questiono, preocupado, mas a voz que eu escuto não é quem eu esperava.

Esse é apenas o começo. — Reconheço a voz de meu pai e sinto o pânico irradiar meu corpo.

— O que você quer de mim? — excedo em minhas palavras, transparecendo a raiva contida em cada uma delas.

— Não se preocupe, em breve você irá saber.

— Me deixa em paz! — grito, o desespero presente como um furor incorrigível.

A brincadeira ainda nem começou.

— Por que está fazendo isso? — Meu coração bate contra minha cavidade torácica enquanto tento segurar meu cérebro em pânico. Não entendo o que meu pai está fazendo, mas sei que é algo de mal.

Você não quer brincar?

Desligo o celular rapidamente. Eu odeio isso! Odeio essa sensação de pavor, de vulnerabilidade. Meus pensamentos correm loucamente na minha mente, tentando juntar as peças, mas eu não consigo fazer nenhum sentido. Não sabia o que fazer. Por quê? O que eu fiz de errado?

Quando voltei para casa, JB estava com Jimin em seus braços, totalmente desacordado. Verifiquei seu estado. Ele parecia ter caído em um sono pesado. Ele estava bem; isso é bom.

Mas então veio o choro, a culpa... Se não fosse por minha causa, nada disso teria acontecido. Me desculpa, pequeno, por causar tantos problemas em você.

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