The request

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"Eu ainda sinto aquele desespero aqui dentro. Eu não queria sentir mais nada..."

                  Jungkook

De todos os motivos que eu tinha para fraquejar, meu pai foi o principal. Ele era a pessoa que, todos os dias, me fazia me esconder do mundo, como se não houvesse saída. Durante anos, ele me obrigou a ser quem eu sou hoje: um garoto incapaz de demonstrar o que sente. Mas, apesar de tudo, eu ainda o amo. Por mais que eu não queira admitir, ele é o meu pai, e não há nada que eu possa fazer a respeito.

As palavras dele ainda corroem minha mente. Todas as humilhações, agressões, me fazem lembrar o quanto eu sou inútil. Eu não sou forte. Por mais que eu queira, é difícil seguir em frente. Não há como esquecer. Não há como melhorar, porque tudo isso está aqui, preso em mim, para sempre.

Mas sabe por que eu ainda estou aqui? Pelos meus amigos e por ele, a pessoa pela qual eu me apaixonei: Park Jimin.

Ainda estávamos aos pés do túmulo da minha mãe, o silêncio reinando naquele pequeno momento. Mas, no fundo, eu sei que, onde quer que ela esteja, ela está feliz. Longe de tudo o que a fez sofrer, distante de tudo o que a fez desistir.

Quando olho ao meu lado e vejo aquele ser tão angelical, tão frágil e, ao mesmo tempo, tão forte, não consigo evitar sorrir. Jimin tem a capacidade de desestabilizar todos os meus sentidos. Mesmo que ele não acredite, ele é incrível de todas as maneiras. Qualquer defeito que possa ter apenas o torna quem ele é.

— Vou te levar a um lugar – digo.

— Mais um? – ele pergunta, rindo.

— Sim, senhor – respondo, animado. — Você vai gostar!

Seguimos até o local onde eu queria levá-lo. Chegando lá, pedi que Jimin fechasse os olhos. Relutante, ele acabou cedendo.

— Posso abrir agora? – ele pergunta, curioso.

— Agora sim – digo. Ao abrir os olhos, ele exclama:

— Uau! – diz, boquiaberto, ao notar o imenso mar. O céu estrelado e a paisagem iluminada pela luz do luar tornavam o momento ainda mais perfeito. — Isso é...

— Lindo? – completo, notando o brilho em seus olhos, aquele brilho que ele só tem quando vê algo que realmente gosta.

— É perfeito, Jungkook! – seu sorriso mal cabia no rosto. — Eu nunca tinha vindo à praia antes.

— Bom, eu disse que você ia gostar – arqueio uma sobrancelha, provocando.

— Está bem convencido! – ele diz, rindo. — Eu adorei. Obrigado, Jungkook.

— Um lugar especial para uma pessoa especial – acaricio seus cabelos, não resistindo a tocar seu rosto, que parecia ainda mais perfeito à luz do luar.

— Ai, que romântico! – ele diz, em tom brincalhão, e eu rio.

— Vamos entrar no mar! – puxo-o em direção à água, mas ele nega furiosamente, com um drama melancólico.

— A água está fria, Jungkook! – ele diz, puxando-me para longe da beira do mar.

— Vai ser divertido – insisto.

— Eu não vou me molhar! – ele protesta, fazendo um biquinho adorável.

— Você está parecendo um bebê – digo, rindo.

— Eu não sou um bebê! – ele responde, cruzando os braços em uma expressão manhosa. Eu o abraço.

— Claro que é. Você é o meu bebê – giro-o, e acabamos caindo na areia.

— Jungkook! – ele grita, mas logo cai na gargalhada.

Deitados ali, pude observar com clareza o céu acima de nós, repleto de estrelas brilhando no fundo escuro da noite.

— Olha como o céu está lindo – digo, admirado.

— Eu poderia ficar aqui o tempo todo, só olhando – ele fecha os olhos e permanece assim.

— Minha mãe sempre dizia que as estrelas eram as criações mais perfeitas. Elas têm o próprio brilho e iluminam a noite – lembro dela, desejando nunca esquecer cada momento ao seu lado.

— Sua mãe estava certa – ele diz, sorrindo.

— Mas tem algo em comum com as pessoas – continuo. — Assim como as estrelas, as pessoas também morrem. Minha mãe era uma estrela, mas ela deixou de brilhar.

Jimin me abraçou de lado, e eu o retribuí. Eu sabia que ele me entendia. Perder alguém que amamos é uma dor que nunca vai embora. Ainda que a vida siga, aquele vazio no peito permanece. Eu vi minha mãe morrer todos os dias, e não quero falhar outra vez.

— Eu te amo, Jimin – digo, e ele sorri.

— Eu também te amo, coelhinho – e, com essa declaração, eu o surpreendo com um pequeno beijo nos lábios, deixando-o atônito por alguns segundos.

Sorrio enquanto vasculho o bolso e tiro dali um delicado pingente. Minha mãe me deu dias antes de falecer. Um colar em formato de coração dividido, e ela disse que uma das metades seria para quando eu encontrasse a pessoa certa. E bem, eu encontrei.

— Jungkook, o que você está fazendo? – Jimin me olhava espantado ao me ver ajoelhado à sua frente. Sorrio, reunindo a coragem que precisava para fazer o que tanto planejei.

Park Jimin, você aceita namorar comigo?

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