01 = A (merda da) Aposta

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Will Belmarques, aos seus dezessete anos, não era nada mais, nada menos, que um grande e indescritível, idiota.

Sim, começaremos assim.

Começaremos do começo, pois é o certo a se fazer; a se contar. E é exatamente isso que faremos agora.

◆◈◆

— Cadê a porra da minha outra meia? — Faço uma vistoria rápida em todos os cantos possíveis do meu quarto que meus olhos podem alcançar.

Ela tem que estar aqui em algum lugar. Porém, meus olhos não a encontram!

Abaixo minha cabeça para olhar os meus pés, e ao encará-los vejo o quanto eles estão "lindos" e engraçados; o meu pé direito está totalmente coberto pela minha meia preta, já o outro, começa a sentir o frio que às vezes entra pela porta do meu quarto.

Eu tenho que achar essa meia logo!

Ando até minha cama e me agacho para ver se a encontro. Nada.

Meias às vezes parecem se esconder. E eu só tinha 5 pares, que no início — três anos atrás — eram 15. Eu não fazia ideia de como as perdia, mas desconfiava que meu pai as pegava.

Me levantei e fui em direção a cômoda de cinco gavetas, marrom, que ficava ao lado do meu guarda-roupa, e ao abrir a primeira gaveta e começar a mexer nela, noto que ali só havia cuecas, nada de meias. Faço a mesma coisa com as outras gavetas, mas nada. Quando fecho a última, coloco minha mão no queixo, e começo a pensar.

Eu sempre pedia para à minha mãe comprar mais pares, mas, como sempre, ela se esquecia, e eu acabava por me esquecer de lembrá-la novamente.

Esquece! Vou calçar o meu sapato é sem meias mesmo!

Tiro a única meia que está no meu pé, e a jogo em um canto qualquer do quarto — depois eu me preocupo aonde elas vão parar —, minha preocupação número um era chegar a tempo no colégio.

Como se isso um dia fosse acontecer; eu sempre chego atrasado, até porque é sempre melhor chegar depois.

Ao colocar meu segundo sapato no meu pé e amarrá-lo, vejo o quanto isso ficou feio, e muito estranho. Suspiro em frustração — Que merda, hein? Que merda! — Eu queria faltar, mas era o primeiro dia de aula; o primeiro dia do meu último semestre do Ensino Médio. Depois disso, eu estaria de folga do colégio para me trancar em uma faculdade.

Vamos lá, então. O dever me chama.

Jogo minha mochila nas costas, e abro a porta do meu quarto, que por coincidência fica embaixo das escadas; meus pais queriam se mudar a qualquer custo, e procuraram uma casa, mesmo que pequena, e nisso resultou no grande Will dormindo no porão, enquanto eles ficavam com o único quarto da casa.

O único quarto para mim, afinal, Melissa chegaria em cinco meses, e o outro, claro, já estava pintado e decorado de rosa, só a sua espera.

saindo! — Gritei.

Não sabia se meus pais estavam em casa, ou não. Meu pai era atendente de mercado, e minha mãe escritora.

Ela às vezes saia de casa e ia para um café, tentar escrever, e o meu pai quase sempre fazia hora extra, ficando o dia todo fora — digo isso porque, ele saia de casa meio-dia e só voltava dez horas da noite —, resultando assim, no grande Will cuidando da casa, e se preocupando que horas sua mãe vai parar de escrever e, voltar para casa.

Não (Me) GanheOnde histórias criam vida. Descubra agora