09 = Um Problema (neuropsicológico)

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Não recomendamos que pessoas que se julgam inocentes prossigam o capítulo depois dos três (◆◈◆) pontos. Se prosseguirem, não aceitaremos reclamações.

Att. Karlly & Samantha

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Duas semanas. Esse era o tempo em que o Felipe mal aparecia na escola.

Tínhamos um jogo no final do mês, e ele não respondia as mensagens, além de mal falar com alguém na escola.

Exatamente por isso que resolvemos partir para o plano C.

C, de Cobalskin.

Se fôssemos sozinhos, ele inventaria uma desculpa e, nos mandaria embora, mas... Se Cobalskin fosse, teríamos o passe livre para entrar.

— Cobalskin, era com você mesmo que eu queria fal... — comecei a dizer, mas me interrompi, quando ele olhou para mim, enquanto tirava a mochila das costas.

— Eu? O que foi? — Perguntou, enquanto apontava para sí mesmo.

— Noah, eu posso matar ele? — Perguntei, olhando de Noah, que estava ao meu lado, para Cobalskin.

— Só se eu puder ajudar. — Um sorriso surge por entre seus lábios.

E eu concordei. Quanto mais gente, melhor.

— O que eu fiz?! — Cobalskin perguntou, tendo medo de nossos olhares.

— Você é legal demais. Tudo fica bom!

Só aí ele entendeu, e exatamente por isso passou o cabelo para trás das orelhas, deixando à mostra o alargador de 5 cm em cada uma delas.

— Se eu usasse isso seria um fracassado — prossegui. — Ele é um nerd, mas consegue ter mais estilo que os garotos de time. Entendem? — Perguntei aos outros garotos, sem nem mesmo desviar meus olhos de Cobalskin.

Noah concordou comigo, e o garoto de quem falávamos estava vermelho de vergonha, porque todos estavam olhando para ele.

Deixe-me deixar algo claro: Eu não estava zoando. Eu era amigo de Cobalskin desde o ano em que entrei. Não andávamos juntos sempre, afinal, ele era do clube de teatro desde o secundário, e escrevia quase todas as peças, de todos os anos que existiam na escola. Além, de ajudar a dar aulas de teatro para algumas crianças do bairro nos finais de semana.

O único motivo, ao menos ao meu ver, para que Cobalskin não fosse popular, era sua mania de humildade e, indiferença. Ele não se importava com a opinião dos outros, quer elas fossem destrutivas ou não, e aquele momento foi a prova disso.

— Belo buraco, bolacha. — Um garoto que passava pelo corredor disse.

Chamavam Cobalskin de bolacha algumas vezes. Ele quase sempre levava bolacha.

Ele sorriu, e nesse momento meu caderno mental de "patadas" foi ligado.

Ele não se importava com as opiniões, mas não significava que ficava calado as escutando.

— Não me lembro de pedir sua opinião — Cobalskin sorriu, olhando para o garoto. — E tenho certeza que não vou precisar. Prefiro pedir a alguém que consegue pensar.

Quem puxou o coro de "uuuh...!!" fui eu.

— Cobalskin — Cutuquei seu ombro, quase me esquecendo de que precisava falar com ele. — Preciso que vá com a gente para a casa do Felipe.

— A mesma coisa, de novo? — Arqueou uma sobrancelha.

— É... — concordei. — Mas eu acho que dessa vez pode ser pior. Ele talvez não nos deixe entrar igual àquela vez.

Não (Me) GanheOnde histórias criam vida. Descubra agora