(Galerinha do meu coração, leiam as notas finais. Temos uma surpresinha, para vocês)
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Acordei no outro dia às dez horas da manhã. Uma manhã de sábado, em que eu teria que decidir o rumo que iria tomar.
Cocei o cabelo, pisei o pé no chão frio, vendo algumas formigas passarem perto de meus pés. Nisso, me lembrei do jardim. Peguei um dos baldes que ficavam debaixo da escada, e o enchi de água. Subi as escadas, e puxei os três trincos da porta, abrindo. Usei o regador de plástico para jogar a água, e fiquei ali por um tempo. Me perdi em meio as cores e ao verde, pensando. O sol batia em minha blusa branca básica, e como se meu cérebro fosse de gelo, derretia minhas dúvidas.
Aspirei o ar de forma lenta, até decidir me levantar, terminando de fazer meu trabalho.
Minha mãe estava novamente em casa, com o café na mesa tendo sido feito por ela, e apesar de me sentir feliz, sabia que aquilo era medo.
Voltei a guardar o balde, e de maneira automática me sentei por um tempo na mesa do computador, que ficava entre o vão debaixo da escada, e a parede cheia de trecos, livros, jogos e troféus.
Me levantei e passei a mão pelas medalhas, lendo as de atletismo. Me lembro de ter começado a fazer atletismo por estar irritado. Por... Só querer correr de tudo, e cansar minhas próprias pernas, fazendo com que tudo parecesse mais fácil, mas no fim, apenas fazendo com que toda a minha merda se juntasse, virando ainda mais problemas.
Voltei a colocá-la ao lado das outras, e parei os olhos por um tempo no primeiro troféu ganho por nós, do time de Hockey. Nossa foto juntos, erguendo o não tão grande troféu banhado a ouro, estava bem ao lado, em um porta-retrato.
Eu não tinha entrado no time de Hockey para me livrar de obrigações ou problemas, mas no fim, acabei ganhando amigos nele. Amigos, que mandavam milhares de mensagens no grupo, com 1/3 delas sendo sobre mulheres, e as outras sobre jogos e séries.
Tirei a blusa branca, peguei a toalha jogada no corrimão da escada, e comecei a subir. Fiquei por cerca de doze minutos tomando banho, e quando vesti uma roupa, peguei uma blusa azul escuro, uma calça jeans, e uma blusa de frio estilo escolar. Amarrei os tênis já na beirada da escada, e me lembrei de pegar meu celular e meu fone, antes de trancar minha porta.
— Não vai tomar café? — Minha mãe me perguntou.
Apenas neguei, fechando a porta, e respirei fundo mais uma vez.
O lado bom de ser sarcástico é que riem de suas piadas, e nunca percebem quando você está triste, mas o lado ruim, é rirem de suas piadas quando podem não ser piadas, e bom... Te ignorarem.
Eu precisava falar com alguém, e eu tinha algumas horas para isso.
Não podia falar com a minha mãe, e meus amigos podiam contar aos outros, assim como fizeram quando disse que estava a fim de uma garota. Meu primeiro fora. Não doeu, mas ainda assim, eu não queria que ela tivesse descoberto. Nem mesmo por mim.
Peguei o ônibus, joguei a playlist no aleatório, que acabou caindo em uma música que eu tinha encontrado por acaso, no YouTube, mas que me dava uma sensação inexplicável de calma.
Com cada pequeno desastre
Deixarei as águas se acalmarem
Leve-me a algum lugar real
Porque dizem que lar é onde o coração se grava em pedra
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Não (Me) Ganhe
Teen FictionAos dezessete anos, Will Belmarques era um completo idiota. O tipo de ser ignorante em sua própria caixa, focado em seu próprio mundo. Daqueles que acham que a arte da vida é não fazer absolutamente nada. Mas para à minha sorte o tempo muda o homem...