28 = Jogo (de emoções)

25 8 17
                                    

Victor estava atrasado.

Era o seu primeiro atrasado, em todos esses anos. Nós, do time, não tínhamos ideia de onde ele estava ou se tinha acontecido algo com o mesmo. E por conta disso, eu ligava desesperadamente para ele, enquanto os outros do time conversavam com Arraiá e Igor olhava, de longe, o time adversário.

Só tínhamos dez minutos, antes do jogo começar. Somente esse tempo.

Olhava para todos os lugares, esperando que se ao menos Victor não me atendesse, pudesse ao menos entrar pela porta, e eu, assim como todos os outros nos aliviaríamos, mas os segundos se passavam, e nada disso acontecia. Olhando para a arquibancada me lembrei que meus pais não estariam, e nem mesmo Emília — que veio da vez passada — estaria. Ela me disse que não aparecia no jogo, pois não queria causar mais merda na minha vida. Ela sabia, um pouco, sobre Ágatha, poderia imaginar como ela assim como eu, estávamos nos sentindo péssimos sobre o que rolou no jogo. Pois ela e o Victor estavam se sentindo assim. E falando nele, pude respirar um pouco mais aliviado quando vi o mesmo passar pela porta, porém por pouco tempo, pois o mesmo estava acompanhado, e eu conhecia essa pessoa.

Ágatha.

O que ele estaria fazendo com ela?

Foi por isso a sua demora?

E, principalmente, de onde eles se conhecem?

Desfiz a ligação, logo afastando meu celular da orelha para colocá-lo dentro da mochila.

— Da próxima vez, nos avise se for faltar... e será melhor se for com antecedência! — Igor, que antes olhava ao longe possivelmente já imaginando como seria o jogo, seguiu em direção ao Victor, o ameaçando.

— Me desculpe, eu... — tentou se explicar, mas Arraiá o interveio.

— Deixe essa conversa de vocês para depois. Agora temos assuntos muito mais interessantes em que focar. — Todos prestávamos atenção em nosso treinador, que depois se virou para Victor. — E Victor, eu não sei o que aconteceu, se é que realmente aconteceu algo ou você só dormiu demais e perdeu a hora, mas tente, na próxima vez, não se atrasar tanto... você chegou aqui, faltando três minutos para o jogo começar. Mais cuidado da próxima vez, você é o goleiro.

Victor só concordou várias vezes, como se quisesse deixar claro que havia entendido o recado. Antes do tempo acabar, o empurrei para um canto, precisava saber algo.

— Will, acho que já recebi muito sermão por hoje... — começou a falar, mas não era sobre isso que eu queria saber.

— Da onde você conhece a Ágatha? — Perguntei. Eu estava pouco me fodendo se os minutos iriam passar ou não, eu só entraria na pista quando Victor me respondesse.

— Ágatha? Mas que Ágatha? Você não está falando da... — antes que o mesmo terminasse de falar não sei o quê, o parei, levando ele a olhar para a arquibancada, em direção a ela. Assim que ele viu quem era logo se voltou a mim, me encarando: — Então, era você?! Todo esse tempo era você?

Ele está me acusando? Mas de quê? E por quê?

— Do que você está falando? — Em um impulso, ele afastou minha mão, que eu nem fazia ideia que estava apertando sua roupa, e disparou:

— Você... — apontou em direção a mim — assim como ela, ficavam compartilhando o quanto gostavam um do outro, o quanto o sentimento era forte. Você principalmente chegou a me dizer que queria que ela ultrapasse a linha, que a amava. Mas você, Will — ouvimos o relógio apitar, indicando que aqueles três minutos restantes haviam acabado, mas não nos mexemos nem mesmo quando Arraiá nos chamou, dizendo que devíamos ir — você a fez sofrer. — Apertou seu dedo no meu peito. E depois levando o mesmo dedo para a arquibancada, me fez olhar em direção a Ágatha novamente. — E aquela "Ágatha" que está bem ali, é a minha irmã, seu babaca!

Não (Me) GanheOnde histórias criam vida. Descubra agora