Me levantei da cama, e seguindo em direção ao banheiro para poder me acordar melhor vejo Finley na cozinha, com uma xícara de café em mãos, que ao me ver, a leva para os lábios.
— Cara, você não dorme? — Lhe perguntei, quando parei de andar, encostando minha mão no batente da cozinha. — Estávamos em uma festa ontem, e não sei como acordou tão bem disposto mesmo de ressaca.
— Eu não estou de ressaca. — Sua xícara foi depositada em sua mão, com ele assoprando o líquido. — Eu não posso beber.
— Por que é tão certinho? — Enquanto eu falava ele mastigava um pedaço de bolo, por isso eu sabia muito bem que ele não iria me responder. — Eu vou ir tomar banho. De tarde ainda tem o teste...
Suspirei, forçando o espaço entre meus olhos.
— Não sei porque esse mau humor. Foi você quem escolheu o horário.
Concordei. Tinha sido eu quem escolheu a data e o horário. Queria resolver aquilo o mais rápido possível.
Quando cheguei da escola ele já estava pronto, e me esperava enquanto assistia um filme.
— Só vou trocar de roupa — disse, me apressando para chegar no quarto.
Fui de encontro a cômoda, aonde retirei uma bermuda e uma camiseta laranja. Me troquei. Peguei os patins, o disco, o taco e o capacete.
Quando passei pela porta, pronunciei:
— Tudo pronto. Vamos.
— Mas já não era sem tempo — comentou.
◆◈◆
Descemos do ônibus, e ao caminharmos mais para perto, lhe apresentei ao lugar.
— Finley, conheça o lugar onde nós treinamos — acabei dando minhas coisas para ele segurar, do qual assim que pegou, logo abri meus braços, como se fingisse conseguir abraçar esse espaço.
Finley soltou uma risada.
— Deve ser magnifico por dentro — me voltei para ele, seus olhos estavam brilhando, e parecia que não havia mais traços de nervosismo nele.
Bom, mas isso é o que ainda vamos ver.
— Ah sim, você vai ver. Vamos. — Abri à porta, e guiei o mesmo até à pista de gelo.
Já havia ensinado a ele como deveria defender o disco com à sua própria vida, além de como saber arremessá-lo, e ele até se saiu muito bem, driblando sempre quando eu corria atrás dele, como se fosse algum tipo de adversário que quisesse muito pegar aquele disco de suas mãos, e tomá-lo para mim.
No primeiro dia ele estava todo rígido, não conseguia nem ao menos se movimentar, dava para ver que ele tinha medo de tropeçar e cair, o que fazia com que ele balançasse sua cabeça para os lados, como se dissesse que não dava para fazer isso.
"Finley, eu sei que essa é à sua primeira vez. Eu entendo, juro que entendo. Mas ao menos se esforce, nem que seja para cair", foi o que disse para tranquilizá-lo.
Porém, Finley sabia o que fazia, a cada toque e deslizamento que ele fazia dava para ver que ele bolava estratégias em sua mente. Por diversas vezes ele passou por mim, comigo nem ao menos conseguindo encostar meu taco no disco. Eu não deslizava no gelo de maneira rápida, seguia o seu ritmo, eu não estava ali para ser um adversário, estava mais ali para lhe mostrar como fazer, como aumentar seu ritmo, fincar o patins no gelo, estava lá mais como um treinador, dizendo o que ele deveria fazer, como deveria fazer, e o que ele não poderia fazer. Só que tinha vezes que não precisava dizer uma palavra, e era nessas vezes que eu me surpreendia com Finley, mais ainda do que já era.
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Não (Me) Ganhe
Teen FictionAos dezessete anos, Will Belmarques era um completo idiota. O tipo de ser ignorante em sua própria caixa, focado em seu próprio mundo. Daqueles que acham que a arte da vida é não fazer absolutamente nada. Mas para à minha sorte o tempo muda o homem...