Quando me levantei, tive a certeza de verificar que a minha mãe ainda estava dormindo. Na noite anterior fizum chá de camomila forte, para conseguir sobrepor o efeito da metanfetamina, conseguindo fazer com que ela dormisse.
Peguei o meu celular, e atendi à uma ligação que estava sendo feita. Era de um número desconhecido para mim, então, esperei que a pessoa do outro lado desse o primeiro sinal de vida.
— Oi. Está atrasado, certo? Seu ônibus não vai passar, porque... ele já passou — sua risadinha me desperta os sentidos. — Quer uma carona?!
Vaguei os olhos pelo ar, e mordi meu lábio inferior antes de perguntar:
— Emília, como você tem o meu número?
— Deveria me perguntar como sei que está sorrindo enquanto fala comigo. — Disse simplesmente, como se isso não fosse nada. Mas para mim, era. Afinal, como ela sabia disso?
Olhei para os lados, e vi Emília vindo na minha direção, descendo a rua rente a calçada.
Ela tocou a sineta da sua bicicleta, e a parou na minha frente.
— Estamos nos encontrando demais. — Comentei com um sorriso de lado, ao mesmo tempo em que guardei meu celular no bolso.
Olhei para a cabine de telefone, que ficava a alguns metros da minha casa. A mesma que ela tinha usado para me ligar.
— Anda, sobe. — Disse ao se levantar da bicicleta, e segurar a mesma só pelo guidão.
— Não vai dirigir? — Perguntei ao achar aquilo muito estranho; primeiro o seu telefonema, agora ela queria que eu dirigisse a sua bicicleta.
— Eu? Não! — Nega com a cabeça. — Sou eu quem está te dando a carona, então, você dirige.
Ergui as mãos, me rendendo, e subi na bicicleta, com ela, se sentando na grade da mesma, atrás de mim.
Senti as suas mãos agarrarem o meu peito, enquanto os... os... Enfim! Enquanto os seus... atributos, se encostavam em mim, sendo pressionados contra minhas costas.
— Não fique excitado. — Me alerta ao se aproximar de mim, falando isso em meu ouvido. — Sei das suas fantasias.
Merda!
— Emília, você está sabendo coisas demais sobre mim. Iremos conversar sobre isso depois. Agora, estamos atrasados. — Completei por fim, não querendo mais pensar sobre isso. Já tinha problemas demais, e não queria ter que adicionar mais um.
Ela por sua vez, não tirou seus braços da minha cintura; continuou com eles ali, enquanto seu rosto estava deitado nas minhas costas.
Era tudo muito estranho. Muito mesmo. E eu sabia disso.
Quando chegamos, estávamos em cima da hora, então, enquanto Emília guardava sua bicicleta, eu ia para a sala. Nos misturamos no meio dos alunos que chegavam, e nos sentamos nos mesmos lugares de antes.
— Eae, Will, amigão! — Cobalskin estendeu a sua mão a mim, e eu a apertei, fazendo um toque depois com os meus amigos. — Madrugou, foi?
— Madruguei nada. Fiquei acordado até tarde, tendo que redigir o manuscrito da minha mãe, para avançar o trabalho dela. — Resumi a eles o que se passou na minha madrugada.
— Ela já terminou o livro? — Pergunta.
— Terminou nada, rapaz. Fiquei acordado até uma da manhã completando uma cena hot. Ela é inexplicavelmente ruim, quando só precisa dizer o que aconteceu entre eles. Parecem até dois robôs se acasalando. — Revirei os olhos ao me lembrar de tudo o que tive que ler e ajeitar, me decepcionando com algumas partes que ela havia escrito.
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Não (Me) Ganhe
Teen FictionAos dezessete anos, Will Belmarques era um completo idiota. O tipo de ser ignorante em sua própria caixa, focado em seu próprio mundo. Daqueles que acham que a arte da vida é não fazer absolutamente nada. Mas para à minha sorte o tempo muda o homem...