E esse é mais um dia que Will Belmarques acorda às cinco da manhã, com um humor bom para porra!
Irônia.
O Capitão estava em cima de mim, e se levantou com muito desdém.
Capitão. O gato.
Eu ainda precisava de um nome, e já tinha decidido quem o daria, então, até lá, ele seria o Capitão. Uma clara e desavergonhada referência ao Capitão América. Até poder ver a pessoa que faria as honras, meu gato se chamaria Capitão do México, e eu não estava aberto a discussões.
Deixei o capitão para trás, para enfrentar um sol de lascar. O que claramente piorou a porra da minha dor de cabeça.
Ter sinusite é uma merda. Essa doença só não chegava a ser pior que a doença da minha prima, Ema, que tinha asma. Sua doença foi, inclusive, a sua maior desculpa para ir morar com alguns amigos na Amazônia. Hoje, ela fala quatro dialetos indígenas distintos, e sabe caçar. Quando se mudou, ela tinha quatorze anos.
Enquanto eu estava farreando, como se não houvesse amanhã, minha prima aprendia a caçar animais só portando um canivete.
A morte da nossa avó foi algo que mudou muita coisa.
Ema já tinha perdido a mãe, mas quando nossa avó se foi, uma porta ainda estava aberta. Nossa grande velha tinha emancipado Ema. E quando ela se foi, Ema seguiu seu próprio caminho.
Agora, por que citar à minha prima selvagem, quando comecei falando da porra da minha dor de cabeça? Porque, por algum milagre mandado por oxalá, Ema tinha mandado sinal de vida. Ou melhor dizendo, ela tinha... Tinha... Mandado um índio. E quando eu acordei, ele estava dormindo no sofá.
Minha mãe estava na cozinha. Fingi que não estava vendo-o, e tomei meu café.
— Não vai me perguntar nada? — Foi ela quem fez a pergunta.
— Ele vai ficar?
Ela fez que sim, sendo vaga propositalmente, querendo que eu fizesse alguma pergunta.
— Não me importo. — Terminei o café, deixando em cima da mesa. Passei pelo batente, mas voltei, dizendo: — A propósito... Eu tenho um gato.
Abri a porta, e coloquei os fones para não escutar sua reclamação. Era mais do que justo. Minha prima Tarzan mandava um estranho, e eu, colocava um animal estranho em casa.
A loucura era de família.
Mas Finley Theodore Vitti não era da família. Finley era, e sempre vai ser, o único ser humano da Terra que não é completamente ferrado, ou negativo.
Mas, vê-lo deitado no meu sofá, usando roupas não normais, não me foi uma boa primeira impressão.
Eu era o Thor, e ele o papa capim.
Resumidamente: Foi um péssimo começo de dia.
Os Beatles estavam entrando por meus ouvidos, me fazendo não escutar o que o senhor-tenho-uma-namorada dizia. Quando sua garota apareceu, ele como sempre foi dá-la atenção, o que me fez suspirar de alívio.
Entrei na sala e sentei na mesma carteira. Cumprimento Jeff. Nada de mais.
A grande diferença, que fez esse dia começar a parecer diferente, foi quando Noah entrou pela porta usando um óculos escuros. Ele nunca fazia isso, a não ser, quando tinha feito ou descoberto algo. Era o modo dele de mostrar ao mundo: "Eu sou foda! Fiz algo foda! Hahaha!"
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Não (Me) Ganhe
Teen FictionAos dezessete anos, Will Belmarques era um completo idiota. O tipo de ser ignorante em sua própria caixa, focado em seu próprio mundo. Daqueles que acham que a arte da vida é não fazer absolutamente nada. Mas para à minha sorte o tempo muda o homem...