Naquela manhã, minha mente tinha riscado, reproduzindo sempre a mesma coisa:
"Ágatha, Ágatha, Ágatha, Ágatha..."
Era um saco!
Me sentia um idiota que não conseguia parar de pensar na mesma garota. Não importando o que eu tentasse fazer, minha mente voltava a rir de mim, fazendo o nome dela piscar pela minha mente. Nem mesmo um banho gelado resolveu o problema. Ou resolveu temporariamente, até eu abrir a gaveta que agora tinha meias, e lembrar de quem tinha me dado elas.
Eu sou um otário. Um completo otário.
Quando subi, Finley tomava sozinho o café da manhã. Apontei para as escadas, como forma de perguntar sobre minha mãe.
— Sua mãe... estava brigando com o seu pai de madrugada. Ele saiu, talvez direto para o emprego, e ela agora está dormindo.
— Duvido muito. — Coloquei minha mochila na cadeira da cozinha. — Ela não consegue parar de trabalhar.
— Na verdade, Will, ela disse que vai parar por um tempo, desde que... — E lá vinha ela com sua proposta. Já não bastava eu estar usando óculos? — Você leia isso e faça um resumo.
Peguei o livro novo, e li o nome na capa. Não me estranhei por aquilo. Ela sempre me mandava ler livros de filósofos e sociólogos só para que Theodore citasse. Um adolescente mais sábio que um monge.
— Sua mãe também pediu para que você subisse. — Ele logo disse. — Parece ser algo sobre...
— Eu sei. — Guardei o livro. Não tinha nada contra Nietzsche. Leria o livro quando pudesse. — É sobre o personagem.
Tirei o óculos do bolso, e passei a mão pelos cabelos enquanto subia as escadas. Dei dois toques na porta, e ela me mandou entrar. Eu sabia que ela não estava dormindo, mas vê-la sentada na cama segurando seu bloco grande de desenho me assustou por um momento.
— Senta, filho — ela disse, apontando para a ponta da cama.
Me sentei, com ela, que estava sentada na cadeira do computador, me observando. Passei a observá-la também, notando que sua barriga estava grande. Muito grande.
— Quer tocar? — Minha mãe perguntou — Melissa chuta muito. Talvez consiga sentir.
Foi ela quem se levantou, e ficou à minha frente. Coloquei a mão em sua barriga, sentindo Melissa chutar. Minha mãe parecia gostar, mesmo que aquilo doesse. Sorria como uma mãe coruja.
— Ownt, você ficou tão fofo assim!
Não sabia se ela estava elogiando minha aparência com os óculos, ou se essa era sua forma de pedir desculpas.
— Eu tenho que ir para à escola, mãe.
— Ah, sim, verdade. — Ela voltou a pegar o bloco, se sentando na cadeira, deixando um dos pés apoiados no assento. — Posso te desenhar?
— Me... desenhar...? — Perguntei surpreso.
— Eu sei que é idiota, e por favor não ria de mim — eu nem ao menos tinha dado indícios de que fosse fazer tal coisa, mas ela quis logo me avisar. Continuando assim, a sua fala: — Mas... Quando eu fiz o Theodore, Will Belmarques me veio a mente. Como vai ser um livro com algumas figuras, eu pensei em...
— Por isso o óculos? — Apontava para eles.
— Era a única coisa que Theodore tinha, e você não.
Theodore era um garoto legal. Alguém que em toda sua vida nunca tinha se metido em brigas, fumado droga, bebido álcool, ou pegado alguém. Theodore, era gentil, e educado, e sua alma era livre de seu próprio corpo, sendo apenas mantido pelo seu intelecto avançado demais para a idade.
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Não (Me) Ganhe
Teen FictionAos dezessete anos, Will Belmarques era um completo idiota. O tipo de ser ignorante em sua própria caixa, focado em seu próprio mundo. Daqueles que acham que a arte da vida é não fazer absolutamente nada. Mas para à minha sorte o tempo muda o homem...