12 = Fest(ival de indiret)a

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O aniversário de Emília tinha finalmente chegado e, eu ainda não tinha comprado seu presente. Mesmo sem muito ânimo para me levantar, resolvi deixar minha cama e meu quarto para trás, e sair em busca de seu presente.

Não fazia a mínima ideia do que compraria, mas não tinha mais tempo de pensar sobre.

Na cozinha, comi um pão com feijão vermelho, acompanhado de café — a parte importante, por sinal —, sozinho. Estava cedo, então, não queria acordar os meus pais que ainda estavam deitados. Além disso, o fato de ter feito o mínimo de barulho possível estava minuciosamente ligado à minha vontade de sair de casa sem que fosse notado, e conseguir voltar com a mesma artimanha. No caso, antes do meio-dia; antes mesmo do meu pai ir para o trabalho.

Com um certo medo se instalando no meu ser, de não conseguir realizar meu plano, rapidamente recorro ao celular para saber que horas eram. O belíssimo 08:00 AM mostrava que eu tinha menos de quatro horas para ir até o centro da cidade e voltar com o presente de Emília em mãos. Não um presente qualquer. Ela jogaria ele na minha cara se eu por exemplo, comprasse meias.

Já tinha procastinado demais aquilo, e mesmo se tivesse que chegar em casa cedo, escolheria o melhor presente possível.

Caminhei em direção a porta, e quando escutei passos atrás de mim, me virei já esperando que fosse meu pai, com mais um falatório seu, o que no caso não aconteceu, dessa vez.

— Will, onde vai a uma hora dessas? — Minha mãe descia as escadas devagar, mas no último degrau resolveu parar, se tornando assim maior do que eu. Seus olhos me examinavam e conclui que ela esperava uma resposta de minha parte.

— No centro. Comprar o presente da minha amiga — respondi, e voltei a abrir a porta sabendo muito bem que ela não brigaria comigo; acharia até mesmo bom, pois não estaria na sua cola.

— Essa sua amiga deve ser muito especial. — Fala um pouco mais alto para que eu à escute antes mesmo de trancar a porta, e mesmo que eu não chegue a lhe responder de volta, consigo imaginar o largo sorriso que acabou de se formar em seu rosto só por conta disso.

Minha mãe esperava com muita paciência que eu arrumasse uma namorada. Melissa demoraria para chegar, então, ela queria uma garota para conversar e, talvez mimar. Mas ainda não era a hora de contar. Emília estava se tornando minha melhor amiga, então, se fosse para apresentar, seria alguém real. Alguém que eu tinha realmente escolhido.

Eu já tinha mentido muito para à minha mãe. Não iria voltar a fazer a mesma coisa de novo.

◆◈◆

Estava saindo de mais uma loja, que nem sequer havia algum presente legal e atraente para Emília. Estava ficando sem tempo. O jeito seria entrar em uma loja e tornar ela a última, mesmo eu encontrando ou não o presente dela.

A loja era pequena, não havia nem mesmo prateleiras ou araras. O único espaço que tinha reservado para isso, era o vidro de amostra, o qual à vendedora — que eu suspeitava ser a dona —, estava com seus cotovelos apoiados.

Fui em direção a ele, e examinei rapidamente cada coisa, não me agradando com nada. Até que, ao meu aproximar mais do vidro, o achei. Pedi à vendedora para vê-lo mais de perto, e concordando, ela o tirou de dentro do vidro de amostra e o colocou em minhas mãos. Examinei-o detalhadamente; a cor dourada que cobria o círculo transparente combinava perfeitamente com a cor das pétalas de flores falsas que haviam dentro dele.

Concordei com a cabeça, não me impedindo de sorrir. Disse à vendedora que iria comprá-lo, até porque o preço dele era exatamente o dinheiro que minha mãe havia me dado.

Não (Me) GanheOnde histórias criam vida. Descubra agora