three

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Dayane sentiu o ar. Seus olhos acenderam como um animal pronto a caçar. Escolheu a direção e deu o "bote". Ela foi tão rápida que pareceu ter se teletransportado para o caminho de Carol, que até agora conseguira desviar das sombras, mas não dela.
- não terminamos. - Dayane sorriu ao ver Carol assustada com a forma com que ela surgiu. A ruiva olhou para os lados, mas não tinha para onde correr. Atrás dela os capangas de Day a cercaram.
- vai fazer o que? O mesmo que a gangue de branco ia fazer com aquela menina?
- que ousadia! - Dayane deu um riso gostoso após falar com um espanto falso. - é claro que não. - franziu o cenho. - espera. Você não sabe!
- Não sei o que?
- o que você é. - Day se aproximou e Carol sentiu o calor lhe invadir novamente. Respirou fundo para manter a calma.
- Do que você está falando?
Dayane puxou Carol pelo braço, e a menina desequilibrou, quase caindo no colo da outra. A morena investigou o braço e o pescoço da ruiva.
- você nem marcas tem ainda. Cara, foi criada em uma bolha?
- olha não tem problema algum em eu ter poucos amigos.
- o que? - Dreicon segurou o riso.
- cala a boca - Day lhe encarou, depois voltou o olhar para Carol. - não bolha social. Estou falando de bolha do véu.
Carol cruzou os braços. Day riu. - eu tive uma ideia. Vem comigo.
- e se eu não quiser?
- ah não baby. Você não tem escolha. - a morena soltou maliciosamente. Pegou a menor pela cintura, colando seus corpos, e Carol jurava que se não tivesse agarrado o pescoço da morena, por instinto, teria ido ao chão, pois suas pernas amoleceram com aquele puxão.
Um flash aconteceu na visão de Carol. Ela podia jurar que as tatuagens de Dayane haviam acendido em âmbar, mas tudo aconteceu tão rápido que não deu tempo de pensar.
Ela desmaiou subitamente.

***

Kauany sentou de frente a dupla tão harmoniosamente contrastante. Estava com um chá em mãos. Ela havia parado de tomar café havia tempos, por saúde, dizia, mas a verdade é que sabia que tomar café fazia sua visão enlouquecer. Olhou a dupla atentamente.
- podem começar.
Vitória apenas olhou para Ana, com o garfo na boca. Estava entretida em um pedaço de torta.
Já Ana, que não negava comida, olhava seu copo de coxinha um tanto enjoada. Estava nervosa.
Kau estendeu a mão e tocou na sua, chamando sua atenção em susto. A menina de iris claras sorriu. Ana não conseguia entender o que havia naquele sorriso, mas também sorriu.
- Então, eu não sei por onde começar. Você... acredita em anjos, demônios e afins?
- para ser sincera? Eu acreditava. Achava que podia enxergar. Mas começaram a me achar louca então... fruto da imaginação. - baixou a cabeça.
- na verdade não é imaginação. Você realmente vê, por algum motivo. - Ana apertou sua mão suavemente.
- sério?
Vitoria assentiu.
- a gente não sabe por quê, mas você enxerga através do véu.
- véu.
- o véu é uma camada mágica que separa os mundos espiritual do carnal. - a morena sorriu.
- humanos de anjos e demônios. Vocês são anjos?
-mestiças. Bom. Como o universo é o mesmo... anjos, demônios e outras criaturas vivem normalmente dentre os humanos. O véu impede que humanos comuns vejam o lado magico e se assustem. E... é comum que os seres não humanos... tenham filhos com humanos.
O queixo de Kau caiu.
- conhece a bíblia? - Vitória a olhou.
- claro.
Ana seguiu a explicação.
- então. Eu sou filha do arcanjo Rafael. E Vitória, de Gabriel. Existem muitos outros mestiços pelo mundo. E nós nascemos com poderes, podendo ver através do véu, e muitas vezes temos regras e missões a cumprir. O certo é não usar magia. Se correr tudo bem, um mestiço pode passar pela Ascensão, ou Rise, como chamam. É passar do plano mortal para o imortal.
- viram anjos de verdade.
- ou demônios. Isso mesmo.
-isso é muito louco. E incrível! - Kau estava animada.
- mas agora nós estamos em risco. - Vitória largou o garfo e olhou para Ana, que apenas baixou a cabeça.
-o que houve?
- nós usamos magia por bem. Desde que isso não afete as duas dimensões, está tudo okay.
Kau pressionou os lábios.
- eu morri, não é? O tiro foi real. - ela sussurrou rouca.
A dupla apenas a fitou, nervosas.
- eu vi o anjo da morte. Então acordei e vi vocês. Eu achei que era sonho, mas não. - ela colocou a mão no peito.
O silencio pairou.
- eu devo minha vida a vocês. Me deram a segunda chance. Não vou deixar que percam a chance de ter seu Rise. Eu faço qualquer coisa.
- sério? - Ana ergueu o olhar, esperançosa.
- mas é claro. Só precisam me dizer o que fazer. Mas vocês não podem perder isso por que Ana me curou. Deve haver uma maneira de merecerem. E é disso que vamos atrás.
A dupla sorriu de volta para a humana, e a morena até voltou a sentir fome.

***

Carol acordou confusa. Olhou em torno. Estava em um quarto escuro, simples. As paredes eram de tijolo a mostra, a cama era de um gradil negro, os móveis de madeira densa. Apertou os olhos e se assustou ao ver um vulto no canto do quarto.
Os olhos do vulto se acenderam em vermelho e ela reconheceu Dayane, que se aproximou devagar.
- Dayane?
A outra não respondeu. Carol desceu os olhos pela morena quando esta se aproximou. Ela usava apenas um top com uma regata bem rasgada e uma bermuda larga. Todo seu corpo era coberto por aqueles desenhos, Carol acreditava. Todo aquele corpo... por que aquela mulher lhe despertava aquela sensação? O que era aquela sensação, aquele calor, aquele não conseguir correr?
A morena ajoelhou na beira da cama e começou a engatinhar até Carol, que não moveu um músculo. A ruiva respirava pesado, estremecendo com o olhar da outra fixo em seus olhos.
Dayane passou o rosto próximo a pele exposta de Carol, pela blusa levemente erguida. Continuou subindo, engatinhando, e carol sentiu as mãos da outra deslizar por seus antebraços e pesarem em seus pulsos.
A respiração pesava mais.
Carol não tirava os olhos dos olhos da outra, que pareciam crepitar como fogo.
Dayane soltou o peso devagar, e a ruiva sentiu o quadril da outra pressionar entre suas pernas... uma região que particularmente estava fervendo mais que o resto do corpo.
Que merda estava acontecendo? Seria forçado se ela estivesse naquela situação? Que confuso.
Dayane passou os lábios pelos de Carol, sem beijá-la, e Carol estava a beira de enlouquecer. Soltou um gemido sem querer, ficando frustrada ao ver um sorriso sacana apontar na boca da outra.
- o que vou fazer vai mudar sua vida. - ela sussurrou.
- o que vai fazer?
- me agradece quando a raiva passar. - a morena pressionou o corpo um pouco mais, assim como as mãos. Sua boca foi ao pescoço de Caroline, e lhe beijou delicadamente.
Carol sentiu novamente a sensação de perigo. Mas não se movia. Então sentiu o que não esperava: uma dor aguda, aliás, uma não, mas duas, dois pontos com uma dor lacerante em seu pescoço. Tentou se soltar, mas não conseguia. Seus pulsos cerrados cederam e aliviaram, enquanto sua cabeça girava.
"Vampira".
Essa palavra ecoou em sua cabeça, e sua visão embaçava. Seu corpo começou a queimar e formigar.
Então é assim que eu vou morrer. Era isso que passava em sua cabeça. A dor começava a sumir e ela fechou os olhos, desistindo de lutar.

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Vó explica de um lado e confunde do outro kkkk calma gente tudo se explica

Amo voces e estou adorando escrever essa fic

Beijos da vó

RISEOnde histórias criam vida. Descubra agora