twenty one

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Carol estava sentada em um sofá camursa antigo, cor de cappuccino. Enrolada em uma manta, olhava o fogo que crepitava baixinho na lareira. Se sentia exausta e já sem forças para chorar, então, apática, olhou em torno da sala da casa do pai. A sala era uma mescla de coisas modernas e antigas, como se tivesse parado no tempo. Sobre a lareira, uma espada e uma espingarda. Por toda a sala haviam enfeites com itens de guerra de diferentes épocas, como se fosse um museu.
Miguel se aproximou com dois pires e canecas. A bebida fumegante era doce e tinha um cheiro maravilhoso, acompanhado por biscoitos de nata.
Carol agradeceu ao pai, assim que ele entregou para ela e sentou-se ao seu lado.
- você está melhor? - ele perguntou a olhando com carinho.
- um pouco. Obrigada por... me acolher.
Miguel suspirou, entristecido.
- Eu sou seu pai, e eu te amo de toda forma. Só não consigo entender...
- como eu consegui me envolver com uma filha de Lucifer? Também não sei. O cupido me atingiu... literalmente. Bruno... era meu amigo mas...
- o cupido? Mas ele só obedece aos planos de... - Miguel estranhou, olhando para o chão, imerso em seus pensamentos.
O silencio tornou.
- vamos deixar isso para depois. - o arcanjo sorriu.
- Pai. Posso... ir dormir?
- Eu... claro. Ahm... Caroline. Amanhã eu tenho treino com uma das legiões. Você... quer... acompanhar?
Carol parou para pensar, levantando do sofá.
- Quero. Quero sim. Mas me chame... Carol.
O homem sorriu, carinhoso, e pegou as louças, deixando que a ruiva subisse as escadas a um dos quartos de hospedes.
Carol fez sua higiene e se deitou, no escuro, olhando a janela do quarto.
Desejava que Day simplesmente aparecesse na janela, mas isso não haveria de acontecer. E pegou no sono, tentando afastar a morena de seus pensamentos mas, quanto mais tentava, mais nela pensava.

***

Alguns poucos dias se passavam e Carol mal havia se dado conta. Seu pai lhe "carregava" para todo canto, com orgulho, e ela admitia que aprendera muito com ele. A maior parte das refeições faziam juntos, e ele conversa sobre qualquer coisa com ela. Miguel não era ruim e Carol estava se dando bem com ele, mágoas haviam passado.
Até certa noite.
- eu mandei matá-los! - ele gritava na sala. Carol observou to topo das escadas, vendo a sombra do pai e de mais um anjo discutindo.
- Mas meu senhor, eram inocentes.
- Ninguém é inocente desde o livre arbítrio. Ninguém desde aquela serpente e aquele fruto.
- senhor...
- Eu fui criado para uma função, meu caro. Limpar o mundo das impurezas, a força. Eu faço o trabalho sujo! Ou meu sinal não seria uma espada de fogo. - ele rosnou.
- matar inocentes, pai? - Carol encheu o peito, descendo as escadas.
Ele olhou para trás com espanto, vendo a ruiva irritada o encarar.
- Não são inocentes. A limpeza é preciso. A guerra é preciso.
- você parece um fanático falando isso. - ela cruzou os braços.
Ele a envolveu os ombros e mostrou os enfeites da sala.
- Carol, veja só. O mundo sempre foi da guerra. Deus permite o derramar de sangue desde o antigo testamento. Enviou o proprio filho para morrer. É preciso matar para purificar. Cada cordeiro imolado, cada filho  primogênito dos egípcios..
- Cada judeu no holocausto? Você é doente igual o maníaco do Hitler.
- Hitler teve seus meios. Mas ele era um cristão genial.
Carol se soltou imediatamente do pai.
- Como pode dizer isso?
- é preciso sacrifícios em uma guerra, filha. Um lado precisa perder.
- maravilhoso, né! Você e Lucifer ficam mandando inocentes e outros para morrer por vocês. Uma briga de vocês e vocês matam gente que não tem nada a ver. Coisa que deveriam resolver a dois! Vocês tentaram enfiar as próprias filhas na guerra, e que se foda porque "sacrifícios são necessários"? Vocês não são Deus, pelo amor!
Miguel abriu a boca, mas não respondeu.
Carol bufou.
- eu não consigo engolir que guerras são necessárias. Que mortes são necessárias. Não são! Não deviam ser! Não tem que ser assim! Pai...
Miguel negou com a cabeça.
- é assim que deve ser. Você vai entender. A guerra não envolve apenas sede de poder. Envolve uma paixão muito maior que isso. Uma devoção a sua fé.
- ...o que é maior que a paixão pela vida?
Carol fungou, sem esperança, e deu as costas, saindo as pressas da casa.
Miguel olhou para uma das estantes, onde haviam fotos de crianças e mulheres. Suspirou, entristecido, o peito apertado, falando consigo:
- a paixão pelas vidas que não foram poupadas...

***

Dayane andava em silencio na rua. O frio começou a se instaurar junto com a noite que baixava, e ela seguia sem rumo.
Quando então uma sensação estranha lhe tomou e ela ergueu o olhar.
Viu uma moça ruiva passar correndo uma ou duas quadras a frente, e mal podia acreditar em seus olhos.
- Carol?! - Não pensou duas vezes antes de disparar atrás.

***

- o que você tem a me contar? - Ana Clara olhou Kauany com intensidade.
Kau respirou fundo, se amornando para falar. Ajeitou a postura, e falava baixo, mas com firmeza.
- é uma... mensagem que eu recebi.
- como assim uma mensagem?
Kau começou a recitar, de forma automatica, como se ja não fosse mais ela a dizer:
- " haverá o dia em que a noite será luz e o dia se tornará escuridão. E há de neste dia, as quatro partes dos céus, vindas a terra, tornar o mal ao pó, e hei de as quatro filhas da terra tomarem seu lugar de direito, frutos de suas raízes, ao lado do pai, e os ventos soprarão por toda a terra o início do fim dos tempos"
Ana olhou para Kau, boquiaberta. Os olhos azuis se abriram para ela, e esperaram.
- MAS O QUE? - Ana se levantou apressada, andando de um lado a outro no quarto. - você... você acabou de profetizar o apocalipse!
- não é o apocalipse. O apocalipse não envolve a terra rachando e um dragão jogando estrelas no chão?
- Sabe Deus!
O céu soou um estrondo.
-PERDÃO! - Ana gritou para o teto, depois colocou a mão na testa. - Ai meu padimpadiciço.
- mas é uma profecia. - Kau se encolheu.
- claro mas o que ela quer dizer? VITÓRIA!
- Ai meu Jesuzinho menino, o que aconteceu? - A loura entrou apressada no quarto.
- Kau profetizou.
- oi?!
Kauany se encolheu mais.
Vitória suspirou e sentou ao lado da virgo, pegando em suas mãos.
- com calma. De novo. - sorriu docemente, e Kau assentiu, se acalmando, recitando outra vez.
Vitória a fitou com cuidado, depois olhou para Ana.
- Ana, quatro filhas da terra subirem as raízes. São mestiças. Para derrotar o mal e ascender.
- quatro mestiças... quatro mestiças... - Ana apontou a si mesma. Depois para Vitória, com dois dedos. Parou um segundo e arregalou os olhos. - A gente precisa achar as doidinhas.
- Doidinha tá tu! Elas vão matar a gente.
- Vitória, elas queriam a Kau. Por essa profecia! A gente TEM que achar elas.
- Jesus Ana eu espero que tu "teja" certinha, hein. Ai Deus abençoa!
- Anda gente! - Ana puxou as duas em pé pelas mãos.

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Uma coisa a declarar:
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

é isto hahahaha

Fiquem ligadas para os próximos capítulos

Leiam minha outra fic, metamorphosis, é um clichê com fantasia.

Vó ama vocês

Beijos da vó

RISEOnde histórias criam vida. Descubra agora