Ana acordou devagarinho. Os pássaros cantavam com a luz do dia, e uma sensação de paz a invadiu. Sorriu consigo e abriu os olhos lentamente, percebendo que um par de olhos azuis lhe fitavam radiantes.
Kau lhe abriu um sorriso fofo, que fazia seu nariz dar uma enrugadinha.
- bom dia.
- você estava me vendo acordar? - riu sem jeito - voce dormiu? eu não te chutei?
- você me chutou a noite toda, acho que teve um sono agitado. - Ela riu baixinho, ainda olhando para Ana com carinho. Ana sentiu o rosto corar, e por mais que quisesse ficar ali o dia todo, se remexeu para levantar. A outra levantou mais rápido.
- descanse mais um pouco, ok? Eu vou ajudar a Vitória com o café.
- não... quero ajudar também. - levantou logo atrás.
- Ana, eu preciso ir no banheiro - Riu - só que eu não queria te deixar sozinha.
- Ah! Certo, certo. - riu sem jeito - vai lá, primeira porta a esquerda no corredor.
A outra assentiu, pegando algumas coisas na mala, e saindo pela porta.
Ana Clara parou um pouco para pensar. Suspirou tranquila e pegou seu violão branco de dentro do guarda-roupa, sentando e tocando consigo, cantarolando, entrando no próprio mundo.
Quando terminou a canção, ergueu os olhos para a porta do quarto e quase teve uma parada cardíaca:
- desde que horas você está ai?
- não o bastante. - Kauany sorriu, estava encostada na porta. - eu não sabia que você tocava violão, e muito bem.
- ah, eu... pois é. - sorriu sem jeito, desviando o olhar. - eu acho que sim.
- isso é incrível. Poderíamos ir no parque tocar, qualquer dia desses.
- você acha?
- eu ia adorar. Você não?
- é... eu ia, com certeza!
- então está combinado. - a humana sorriu. - ah, o banheiro está livre. Vou descer com Vitória. Não demora. - piscou, seguindo o corredor.
Ana colocou o violão de lado e urrou de vergonha. Será que Kau tinha escutado toda a canção? Colocou o pensamento de lado e foi se ajeitar para descer tomar café.***
Carol encarou Bruno. Ele tinha os cabelos brancos, descoloridos, e ele a encarava sério.
- eu que o diga. O que houve com seu cabelo?
- não sai do foco, Caroline - ele a puxou pela mão o mais longe que conseguia ir: o garden do bar.
Colocou ela sentada em um dos bancos e cruzou os braços a frente dela.
- que roupa é essa? Você entrou para uma gangue? Tem noção de como sua mãe ficou desesperada atrás de você?
- pois diga a ela que fugi. Eu não volto. Eu estou vivendo a aventura que sempre quis.
- em uma gangue, Caroline?
- sim! - ela bufou e cruzou os braços, fechando a cara. - para sua informação, há poucas semanas eu era nada. Eu era a amiga de quem você sentia pena e só chamava pra sair por isso. Eu não tinha ninguém.
- eu nunca senti pena de você Carol. Você é minha amiga. Ou ao menos era. Olha pra si! O que você tem?
- eu tenho sexo quando quero, faço tudo o que quero, posso voltar tarde, vestir o que quiser, comer o que quiser. tenho amigos que me defendem, tenho moto, carros, casa.
- você realmente tem ou você é só um cachorrinho da Dayane quando quem tem tudo na verdade é ela?
Carol arregalou os olhos.
- como você conhece Dayane?
- esquece. Longa história. Não sai do foco. - Bruno se moveu mas Carol o pegou pela gola e o colocou contra a parede.
- não sai do foco você. Como você conhece Dayane?
Bruno ergueu as mãos em sinal de rendição.
- tá bom tá bom. Eu falo!
Ela continuou segurando.
Bruno suspirou e começou a falar:
- ok, ok. Eu sei que a Dayane é mestiça, eu sei que você é mestiça, eu sei a história dos arcanjos, tudo.
- como assim você sabe tudo sendo que eu nem sei nada? e olha que eu estou nesse mundo faz um par de semanas!
- bom... porque... eu pertenço a esse mundo.
- prossiga.
- pode me por no chão?
Ela assentiu e o colocou no chão, mas permanesceu perto.
- eu vou te explicar do começo.
- toda ouvidos.
- anjos, demônios e outras criaturas existem. Deus existe.
- olha isso eu descobri.
- tudo bem. Entre a dimensão humana existe o véu, que é uma proteção para que humanos não enxerguem o nosso mundo como nós vemos e se assustem. Alguns humanos, porem, tem o dom de ver através do véu.
- virgos.
- isso. Ou profetos.
- por que os mestiços valorizam tanto?
- já vou chegar lá. Bom. Que mestiços são filhos de anjos Então você já sabe, e que estes possuem poderes também?
- claro. Eu sou mestiça.
- isso. Se mestiços viverem dignamente, eles passam por um processo chamado ascensão. Eles podem se tornar... anjos puros. Ou demônios puros.
- wow.
- depende de como vivem... e de quem são seus pais.
- tudo bem. Onde virgos entram nessa história?
- bom... nós temos os quatro arcanjos. Os arcanjos são os anjos mais poderosos criados por Deus. Os primeiros a serem criados. Miguel, Lucifer, Rafael e Gabriel. Cada um com seus poderes e funções. Lucifer foi criado para ser guardião da luz e da vida. Miguel, o soldado de Deus, recebeu a excalibur para matar demônios e manter a paz. É ele quem faz o trabalho sujo. Rafael é o arcanjo da cura, dos viajantes, guardião da sabedoria. E Gabriel é o arcanjo mensageiro, padroeiro dos virgos. A questão é... como todo mundo sabe, Lucifer...
- caiu. Virou demônio.
- ele ficou revoltado com Deus. Como pôde Deus criar uma coisa tão insignificante e cheia de defeitos como os humanos e chamar aquilo de filhos, enquanto os anjos que eram perfeitos foram chamados de criaturas, como se fossem animais? E ele experimentou sentimentos... pecados... principalmente a inveja... e caiu. Lucifer fez ainda a cabeça de vários anjos e criou uma legião de demônios, prontos para acabar com a humanidade. Desde então os arcanjos lutam contra Lucifer e seus soldados e mantém o equilíbrio... mas ninguém sabe até quando. Ninguém vírgula... os virgos podem descobrir.
- o que?
- um virgo é um profeta. Eles recebem mensagens de Deus e podem prever ou citar profecias... eles podem dizer quem e como vencerá. Sem contar que podem proteger grupos pois tem a sensibilidade diferente de toda criatura. Ter um virgo consigo é garantia de...
- se manter sucedido e principalmente... do lado vencedor da guerra.
- isso.
-minhanossa...
- a questão é. Estão todos impacientes. Estão anunciando que Lucifer e Miguel discutiram, e isso pode iniciar outra guerra.
Carol ameaçou em falar, mas ambos escutaram o soar de... trombetas?
- começou. - Bruno sussurrou. Algo brilhou em vermelho em sua mão. - me perdoe, Carol.
Bruno deferiu um golpe em cheio no peito de Carol, desequilibrando-a para tras. Ela colocou as mãos no local do golpe, sentindo falta de ar, suando frio, e o encarou com raiva.
Ameaçou avançar contra ele mas Bruno foi mais rápido: duas asas curtas se armaram atras dele e ele alçou vôo. Do alto, a fitou. O instrumento rm sua mão, um soco inglês vermelho, brilhou outra vez, se transformando em um arco e flecha.
Na ponta da flecha, um formato conheçido: um coração metálico, refletiu o sorriso do rapaz. Ele olhou o céu e sussurrou:
- missão cumprida, meu Senhor. - e saiu voando apressado.
Carol praguejou ao vê-lo voar para longe. Mas algo a preocupava. Sentiu uma ameaça e rolou para o lado no ultimo segundo que um enorme cão infernal passou por cima dela.
Ela acendeu as marcas e golpeou o animal, que se desfez em fumaça. Olhou para a porta do bar e correu para lá.
Viu de relance um anjo passar em golpes com um demônio.
Mas nada da gangue.
Saiu para a rua, nervosa, perguntando a si mesma:
- Dayane, cadê você?-----
Mais um capitulo para voces meus amores
Essa explicação do Bruno para Carol é um oferecimento...
Mentira. Eu fiz pois algumas pessoas se demonstraram perdidas e espero que isso tenha ajudado um pouco a se localizarem 😘E aí? O que voces acham que vai acontecer?
Até o proximo capitulo
Beijos da vó
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RISE
FanfictionQuando somos crianças, acreditamos na existência de anjos, demônios, vampiros, espíritos e todas as criações das nossas mais profundas crenças. Crescemos e passamos a desacreditar nessas coisas. Bom, foi o que eu fiz.....Mas e se eu te dissesse que...