five

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Ana acordou devagarinho com os primeiros raios de sol entrando pela janela. Se espreguiçou e deitou outra vez, frustrada.
- que droga.
Lembrou de tudo que havia ocorrido na noite passada. Depois de explicar as coisas para Kau, ela fez questão de acompanhá-las até em casa e depois seguiu seu caminho. Ana não conseguia entender por que tudo havia ocorrido e como uma humana podia ser tão bondosa. E, ainda mais, por quê aquela humana tão boa merecia ter morrido?

- eu ainda não acredito no que você fez.
Ana levantou no susto. Conhecia aquela voz masculina. Olhou para a  janela do quarto.
Um homem de aparente 27 anos estava sentado na janela aberta. Uma perna solta ate o chão e a outra dobrada sobre a mesma. Ele olhava o nascer do sol, tranquilamente. Tinha cabelos negros ondulados presos em um rabo-de-cavalo baixo, rosto fino, barba na linha da mandibula com alguns fios brancos entremeados aos negros e olhos azuis por tras de um óculos de armação fina. Uma camisa clara de mangas dobradas ate os cotovelos e botão da gola abertos, como despojo, e uma calça de brim preto. Os pés descalços.
- pai? O que faz aqui?
Ele olhou devagar para ela, por cima dos oculos finos. Deu um sorriso tranquilo.
- Eu precisava verificar a situação. Sabe como é, não? As notícias correm. Morte estava maluca por sua causa. - começou a imitar uma voz debochada - "seus filhos sempre me arranjando problemas, Rafael. Dá um jeito nessa tua!" e eu fiquei, ah não, não pode ser a MINHA Ana. Mas adivinha, era a minha Ana Clara. - ele caminhou até a cama e sentou ao lado dela. - o que aconteceu?
-eu não sei. Essa é a verdade, pai. Eu não faço ideia do por que ter feito aquilo. - suspirou e se escondeu no ombro do pai, que a abraçou - eu sei que não podia ter interferido no trabalho de Morte, mas, eu sei lá. Aquela menina foi tão boa, eu não podia deixar entende? Pareceu tão injusto! Pessoas especiais e boas não deveriam morrer... E por favor, não deixem castigar Vitória junto, ela tentou me impedir, não tem culpa do que fiz.

Rafael suspirou.
- Ana, meu bem. Você é minha filha mais poderosa. Veja que bateu de frente com os poderes de Morte sendo mestiça!

Ana sorriu. Sabia que se o seu pai tivesse sentimentos reais, seria orgulho.
Ela o fitou. Achava engraçado que os arcanjos não envelheciam se não quisessem, e Rafael continuava com aquela aparência jovial e despojada. Ela se sentia bem ao saber o quanto ele gostava dela, e sabia que ele gostaria que ela chegasse a ascensão. Agora as coisas estavam por um fio.
-o que eu faço, pai? Como conserto isso?
Ele agitou a cabeça negativamente.
- por enquanto eu não sei. Mas Deus me mandou aqui. E sabe, ordem é ordem. Entenda que agora você é responsável pela humana.
- responsável...?
- será uma de suas missões importantes para a ascensão. Por hora, proteger e manter a humana nos trilhos. - ele olhou para a janela - ela é Virga. Se os demônios souberem... você sabe o que acontece. Profetos são perseguidos desde sempre.
- você está de brincadeira comigo! - ela arregalou os olhos. Ele apenas pesou o olhar nela.
- filha, talvez você tenha sentido o quão importante essa garota é e por isso agiu no instinto. Mas as consequências são graves. Entenda que Deus poderia te castigar mas está lhe dando a chance.
- pai eu não sou boa de combate.
- se mantenham na linha e talvez nunca precise combate.
- eu não sou capaz de proteger um profeta.
Ele se levantou.
- então vai morrer tentando.
Ele voltou o olhar para ela, e a viu ameaçar de chorar.
- hey. - ele beijou sua testa - tudo fica bem. Você da conta disso. Aproveita. Faz uma amizade com ela. Aproveita seu lado humano, sentimentos, vontades. Você conhece Deus. Não te concederia a missão se não fosse o que é destinado. Parece torto agora, mas  tudo há de dar certo. Há de SER certo. Ou vocês nem estariam no parque quando tudo aconteceu.
- esta dizendo que era para eu me ferrar de qualquer forma?
Ele riu,tranquilo.
-estou dizendo que é para você passar por tudo isso para crescer. E que existe importância em tudo o que acontece. Foi seu destino encontrá-la. Agora se cuidem, certo? E se precisar de mim, me chame. Você sabe como fazer.
Ele saiu pela janela em um salto. Ana permaneceu alguns minutos ali, digerindo a conversa.
Então Vitória entrou pela porta.
- Ana? Está tudo bem?
- recebi uma visita de meu pai.
Vitória a olhou surpresa.
- deve ser algo importante.
- é sobre ontem. E sobre Kau.
- quer me contar? - a loura sentou ao seu lado.
- estou responsável pela vida dela agora.
- e...?
- e daí que ela é Virgo.
- isso explica poder ver através do véu. Ela tem sangue profeta.
- é. Sabe o perigo se descobrem?
-sei. Mas e...?
- e daí que eu tenho que cuidar dela.
- então cuida.
Ana não conseguia acreditar na naturalidade e simplicidade com que Vitória colocava as coisas.
- e se eu não conseguir?
- eu estou do seu lado.
- não pode se castigar junto.
- não é um castigo.
- espero que esteja certa.
- eu sempre estou - Vitória riu, o que não deixava de ser verdade. Ela sempre sabia das coisas. Ana sorriu.
- você não existe!
- vai ficar tudo bem, visse? - levantou da cama - agora dá cá um abraço e vamos descer comer, tá com fome não?
- eu sempre estou com fome! - Ana riu e abraçou a amiga com força.
- sempre ao seu lado.
- sempre!
O celular de Ana vibrou. As duas pararam e olharam na direção do mesmo, confusas.
Ana pegou o celular. Nele, uma mensagem.

"Bom dia. Ana? É a Kau."
" Bom dia. Eu mesma. Como conseguiu meu número?"
" olha, vai ser estranho mas... eu sonhei."

Ana cruzou olhares com Vitória, em tom nervoso.

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E aí meus amores como que vocês estão? Aproveitem o feriado

Lançando mais um capítulo aqui. Espero que estejam gostando de RISE.

Um beijo da

RISEOnde histórias criam vida. Descubra agora