Ana Clara e Kauany chegara ao parque. O dia havia amanhecido em um clima maravilhoso, e jovens faziam rodinhas sob arvores, pessoas faziam exercicios, crianças brincavam com cães.
Kau começou a subir um morro no parque, e Ana a seguiu sem entender, nem questionar.
- aqui. - seus olhos cor do oceano pareceram sorrir quando ela se sentou sob um sombreiro imenso. - eu venho aqui para ler, ou meditar. - ela olhou para o parque e o olhar de Ana o seguiu. Dali era possível ver quase toda a atividade do parque, ao mesmo tempo que parecia estar em outra dimensão. Ana se sentou ao lado de Kau, em silêncio, ouvindo a brisa e o canto dos pássaros mesclarem-se com a respiração tranquila da outra.
Piscou devagar. Podia ouvir o proprio coração, que, desrritmado, parecia confuso.
- então. O que tem para contar? - Kau lhe chamou a atenção. A olhava atentamente, e Ana sentiu algo dentro de si ferver.
- ah. Bom. A situação é mais complicada do que eu pensava.
- eles vão vir atrás de mim, não é? - Kauany voltou a olhar o parque, e o espanto de Ana foi claro.
- como você...?
- já vieram uma vez. Ou várias. Eu não tenho medo. Acho que Deus gosta de mim.
- E tem como não gostar? - Ana falou baixo, logo em seguida se tocando do que havia dito. Começou a se enrolar nas palavras, tentando justificar o que disse: - quero dizer, você é incrivel, tranquila, super acessível, enfrentou o cara lá e e gosta de comida, todo mundo que gosta de comida é legal e...
Kau abriu um sorriso e comecou a rir.
- ta tudo bem.
- eu me enrolei toda né? Não quero que você pense que eu estava te cantando, eu só... foi na inocência, juro!
Kau segurou a mão de Ana.
- Ana. Tá tudo bem. Eu entendi. - ela ainda sorria.
Ana Clara sentiu o peito baixar a frequência, e analisou situação com cuidado. Soltou Kau devagarinho, e voltou a olhar o parque. A outra acompanhou o gesto.
-onde você entra nesta história?
- me designaram para cuidar de você.
- quem?
- Deus.
- puxa, o que Ele gosta de mim, te odeia.
A mestiça gargalhou, e levou a mão a boca.
- seria pecado eu rir disso, ou ofensivo eu concordar?
- olha, é uma pergunta a se considerar. - Kau riu olhando o céu.
O silencio pairou entre elas outra vez, mas não era um silêncio ruim.
- se Deus existe mesmo... o destino existe? - Kau fitou a morena.
- por que diz isso? Claro que existe!
- mas então... por que Ele deixa algumas coisas acontecerem?
- livre arbítrio...
- isso não anula o destino?
- você quer dizer...?
- o que adianta você poder escolher o que quer fazer, se vai chegar no mesmo lugar de qualquer forma?
- nessa você me pegou...
- anjos tem livre arbítrio?
- tem...
-mas não tem sentimento. Isso se anula por igual.
- não anula. Eu te juro. É como meu pai. Ele decide as melhores coisas por não ter sentimento.
- então ele é sensato.
- completamente.
- mas ele sente amor?
-...
- Ana?
- Eu não sei. Deveria...
- mas é um sentimento.
- não me complique! Eu me sinto amada por ele.
- desculpe. Eu não queria colocar esse ponto dessa forma.
Ana agitou a cabeça como se nao houvessem problemas.
O silencio voltou.
Quem quebrou o silêncio dessa vez foi a mestiça:
- o que será que é o amor? Quero dizer... todos falam ser uma dádiva. Os anjos falam que são bobeiras humanas. Mas quase todos os que caem são por sentir amor. Amor é errado?
- não existe certo ou errado quando se trata de amor. E sempre vale a pena.
- vale?
Kau franziu o cenho.
- isso foi retórico?
Ana corou e baixou o olhar.
- eu não sei o que é o amor. Eu acho que nunca amei a dois. Todos a volta sofrem, anjos caem... eu acho que... eu tenho medo.
- e o que há de mal nisso?
- o que?
- o que há de mal em ter medo?
-...
-...?
- todo mundo tem medo de algo mas medo de amar é ridiculo?
- não é. - Kau sorriu.
- como ter medo de algo que todo mundo diz que é impossivel de ferir, mas que todo mundo sai ferido?
- amor não fere. Talvez seu medo seja das expectativas. Da falta de ser correspondido. Mas nunca do amor em si.
Ana parou para absorver o que ouvia. Se levantou.
- é. Acho que você tem razão.
- e acho que saímos do foco...
- não ligo - Ana deu um sorriso singelo. - talvez fosse meu destino ter que te proteger.
- meu anjo da guarda. - Kau levantou.
Ana corou subitamente e virou de costas:
- bom. Vamos. Te devo um suco. Vai ter que me aturar contigo agora...
- obrigada destino. Ou Deus. Ou quem quer que seja o responsável. Até mesmo o cara que me deu um tiro.
- o que? Como assim?
- eu ganhei uma amiga. Literalmente um anjo. Se não for para ser grata a isso... eu não estou vivendo certo. - Kau piscou e seguiu caminho, enquanto Ana parou, observando a garota que seguia adiante. - você vem? -ela virou sorrindo, e a morena sorriu de volta, indo logo atrás.-----
Só quero dizerAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Beijos da vó
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RISE
FanfictionQuando somos crianças, acreditamos na existência de anjos, demônios, vampiros, espíritos e todas as criações das nossas mais profundas crenças. Crescemos e passamos a desacreditar nessas coisas. Bom, foi o que eu fiz.....Mas e se eu te dissesse que...