twenty

924 127 41
                                    

Ana acordou atordoada. Olhou em torno, percebendo-se em seu quarto. Não conseguia caçar na memória como havia chegado ali, mas sentia-se descansada, o que acusava muitas horas de sono.
A porta se abriu e ela deu um salto na cama, aliviando ao ver que era Kauany, exalando sabonete e secando o cabelo em uma toalha.
- desculpe - a humana falou baixo - Vitória insistiu que eu ficasse aqui depois do ocorrido. Te acordei?
- Não... Eu já havia acordado. Tá tudo bem. Você está bem?
- Depois do que fez por mim? Eu estou intacta. E você? - Kau sentou ao seu lado na cama, pegando sua mão. Brincava com seus dedos, e voltou o olhar para a morena.
- por incrível que pareça, bem. Mas tenho medo que elas voltem.
- elas não vão.
- como pode ter certeza?
Kauany apenas depositou o olhar no fundo dos olhos castanhos da mulher que a olhava com cara de interrogação. Ana suspirou, deu de ombros e desviou o olhar:
- espero que seja apenas isso.
- o que te aflige?
Ana deitou outra vez, então se ajeitou para olhar Kauany.
- deita aqui.
A garota com sardas sorriu e obedeceu com tranquilidade. Deitou de frente para Ana Clara, tornando a dar as mãos, os rostos quase colados.
Abriu um sorriso radiante, fazendo Ana corar e igualmente sorrir.
- O que foi?
- Você é linda. Demais.
- Fala por bondade!
- Não mesmo! Você é linda de todas as formas, Ana. - Kau acariciou o braço da mestiça, dedilhando suas marcas quase invisíveis. - e eu amo você.
Ana estremeceu. Aquela sensação de calor lhe abraçou, as borboletas no estômago se inquietaram.
- e eu amo você, Kau. - encostou sua testa na da outra, fechando os olhos. Suspirou trêmula - ... tenho tanto medo. Medo de te perder.
- ei... não vai me perder. - Kau acariciou o rosto de Ana, a olhando com esmero. - que ideia!
- eu vivi a minha vida toda em busca da ascensão. Mas encontrei você. E contrei o amor. E eu não consigo entender por quê todos caem pelo amor. Eu só...
- shh... - pousou o indicador em seus lábios, percebendo a morena aquietar. Falou, então, baixinho: - Você não é como todos, Ana. É pelo amor que vai ascender.
- Como?
- E eu sei lá?! Você também não sabia como seria eu e você, e mesmo assim cumpriu com o que foi designado. As coisas dão certo.
Ana Clara mordeu o lábio, olhando para a humana. Depois sorriu, sem jeito, e se ajeitou deitando sobre o peito da outra, o queixo apoiado nas mãos.
- talvez você tenha razão.
- só deixa acontecer. - A virgo sorriu, antes de ser beijada pela morena.
Os beijos foram aprofundando, os corpos se colando, a pele arrepiava com cada toque, cada gesto.
Ana sentiu o corpo aquecer de forma incomum. Estremeceu de um jeito gostoso quando Kau passou de sua boca a seu pescoço, enquanto suas mãos acariciavam sua cintura.
Ana fechou os olhos, percebendo cada parte de seu corpo. O quadril sobre o colo de Kau, as pernas em torno da cintura da garota, o pescoço entregue aos beijos. Se deixou gemer baixinho, quando então se deu conta do que fazia.
De súbito, se afastou.
Kau a olhou amedrontada:
- eu fiz algo errado? Te machuquei?
- o que? Não! É que... É que eu... Eu não posso. Me perdoa. Eu não... - fez menção de levantar, mas a humana a puxou ao lado, lhe envolvendo carinhosamente enquanto brincava com seus cabelos.
- pureza, não é? Está tudo bem?
- Mas e você? Eu... me perdoa... ser casta.
- Ei. Eu não preciso disso. - lhe roubou um selinho. - Para de se preocupar. A decisão é sua e eu respeito.
- Mas... você tem certeza?
- Você tem?
Ana engoliu seco e se escondeu no pescoço da parceira.
- Ja disse. Não existe problema. Me desculpe se eu... - Kau se enrolou, sem jeito.
- Não. Não pede desculpa. Podemos só...?
- Claro. Claro! - Kau a abraçou mais, deixando o silêncio pairar até que se tornasse confortável.

***

Carol olhou para cima. A enorme sombra as suas costas logo se abaixou, se revelando Miguel, com ar arrependido.
- vamos para casa. - ele insistiu, e, docemente, enxugou as lágrimas de Carol os os dedos.
- ... me leva para casa, pai... Por favor. - Carol se jogou nos braços do homem, tornando a soluçar de choro. Ele a levantou no colo como se fosse uma criança, armou as asas e alçou vôo.

***

- não acredito que não usou o fruto. - Lucifer olhou para Day com ar de decepção. A mesma, jogada no sofá de forma despojada, ainda com as mesmas roupas surradas, apenas ergueu o olhar com deboche.
- nem sei o que essa merda faz. - Jogou o fruto para Lucifer, que segurou o fruto no ar e o admirou.
- Pois bem, minha querida filha - "Se cobras falassem", pensou Day, "seriam nojentas como o ar que ele fala. Ah! É. Ele mesmo fez uma." Revirou os olhos e deixou que o homem continuasse - Este fruto causa destruição e discórdia. Você teria mais poder em suas mãos! Teria aniquilado aquela... aquela coisinha gerada pelo Rafael. Ou até melhor... A discórdia... Este fruto lhe daria o poder de enfraquecer o amor. Colocaria Ana CONTRA a Profeta. Foi o fruto que fez Eva pecar e levar Adão junto. "Pobre coitado"... - Lucifer encolheu os ombros com puro deboche, depois sorriu sádico - se ferrou por Amor... Como todos.
Day apontou o fruto, um gesto quase violento:
- Sabe o que essa merda fez? Enfraqueceu amor sim. Gerou discórdia sim. Entre mim e CAROL! - Day crescia em raiva - E você? Pelo amor de D...
- Não fala este nome aqui!
- Que se foda! Falou tanto do amor para mim e agora menospreza o poder do amor? - levantou abruptamente. - Essa merda só fodeu com tudo! A verdade é que você me usou a tentação!
- a fome... o poder... a invencibilidade. - ele sorriu.
- Você é  um puto egoísta! - Day o empurrou - Eu vou embora dessa caralha.
A morena apenas saiu em passos firmes, irritada. O homem a seguiu com os olhos, mas não se moveu.
- senhor? - Um criado que observava a cena se aproximou do louro. - O senhor vai deixá-la ir embora assim?
- ah meu caro lacaio... - Lucifer limpou a maçã no paletó e se admirou na mesma. - Deixe que o ódio lhe cresça... é um filho pródigo. O filho sempre retorna ao pai...

***

-Ana. Eu preciso... te contar algo. - Kau fitou a mestiça, que sentiu o peso em suas palavras subir como um nervoso pela garganta.

----

Vocês pediram,e aí está.
Eu sei que vou apanhar então eu tenho que ir ali e já volto.

Beijos da

RISEOnde histórias criam vida. Descubra agora