- você está bem? - foi a primeira coisa que Dayane escutou ao acordar. Ela piscou os olhos com força, e sentou, percebendo estar em um piso liso e gelado, nem um pouco parecido com o bosque onde antes estava. Olhou em volta.
O chão era de marmore preto mesclado com vermelho, e desenhos serpenteantes em cores quentes traçavam belezas pelo chão. O salão era amplo, o teto alto, e colunas gregas de marmore branco se erguiam, distribuidas pelo tal salão.
A temperatura do local era confortável, e então ela se virou para ver o dono da voz.
Dayane se viu de frente a um sorriso encantador. O homem parecia ter meia idade, mas seus olhos azuis quase brancos eram jovens. A barba bem aparada e o cabelo com um corte galã, tinham fios dourados mesclados a fios brancos que pareciam prateados, tornando o cabelo, penteado para trás, harmonicamente claro e brilhante. O homem continuava a sorrir. Estava abaixado em um terno impecável, a gravata vermelha sobre a camisa preta, os sapatos mais brilhantes que o proprio chão. Ele se apoiava em uma "bengala" de luxo, com um rubi do tamanho exato para apoio do punho na ponta.
O homem era claro e de uma beleza imensurável, e Day chegou a se sentir desconfortável em como ele era bonito.
Ele voltou a perguntar:
- você está bem?
A morena assentiu, então ele se levantou, dando alguns passos para o centro do salão, mas logo se voltando a ela. Day levantou com dificuldade e o fitou. Foi quando reconheceu a serpente que saiu de trás de uma das colunas, deslizando ate os pés do homem. Ela subiu por sua perna e se ajeitou em seu pescoço, encarando Dayane. O homem tornou a falar, a voz quente e levemente rouca, sóbria:
- me perdoe por nahash. Sei que ela foi um pouco agressiva, mas da ultima vez que ela tentou convencer alguém de bom grado, foi infeliz. - ele acariciou o queixo da serpente. - venha, por favor. Não se acanhe. Eu sei que começamos errado, deixe-me redimir. Eu só quero conversar. - ele novamente sorriu, um sorriso que emanava um calor como aquele calor de lareira, fazendo Dayane se sentir em casa. Ela o seguiu para um dos lados do salão, onde havia uma mesa servida. Ele pegou um copo de whisky e lhe sorriu:
- sabe quem sou?
- você é Lucifer.
- alguém não teme meu nome. - ele sorriu e tomou um gole da bebida, apontando a mesa, em seguida, com o copo - fique a vontade. Eu não vou tentar te matar.
- Não tenho tanta certeza.
- puxa, do jeito que fala, parece que sou o próprio diabo! - ele sorriu e riu da própria piada. - quer que eu ordene que nos tragam uma credencia? Não vai fazer disso uma sacristia, hm?
- prefiro beber do santo Graal.
Lucifer sorriu outra vez. Deu um suspiro lento, e então a fitou.
- sabe por que eu te trouxe aqui?
- se quer algum serviço, saiba que tem custo.
- Ah, eu sei. E como eu sei. Não sabe o quanto me custou para encontrar você. Sua mãe foi ótima na sua criação. Eu sabia que ela era fantástica, mas ela conseguiu me enganar.
- Do que está falando?
Lucifer largou o copo e com o indicador encostou no peito de Day. Por um momento a falta de ar a atingiu, e uma explosao de fogo lhe acendeu nas marcas. Ela olhou para si mesma, surpresa e encantada, nunca tendo se sentido tão poderosa.
- você sabia que demônios possuem sentimentos? Quero dizer. Nós somos anjos caídos. Caídos por que sabemos sentir.
Day apagou as marcas, mas a sensação de poder ainda estava em si. Ela olhou para Lucifer com atenção.
- eu me apaixonei por uma mulher, Dayane. Me apaixonei de verdade. E desse amor... desse amor veio você.
- O que?
Ele a fitou com carinho.
- Sua mãe era uma virgo, e deixou seus poderes pelo nosso amor. Mas... mas ela se arrependeu, de alguma forma, ou alguém lhe fez a cabeça. E ela fugiu de mim, e me escondeu você. Eu passei a sua vida inteira te procurando... e agora eu encontrei. Dayane, você não tem ideia de tudo o que passei a te procurar.
- Eu não consigo acreditar nisso.
- Eu sei que não. Ninguém acredita no diabo! - ele pegou o copo outra vez e virou a bebida. - Mas lembre que eu tenho sentimentos, e eu sempre amei você minha filha.
Day deu um passo para trás, e Lucifer soltou os ombros, abaixando a cabeça.
- você pode ir embora a hora que quiser. Eu não vou te segurar. Mas me dê uma chance de provar. Eu quero você governando o mundo junto comigo! Você sabe muito bem o que é poder se entregar ao desejo, o que é poder sentir e fazer o que quer. Deus quis limitar isso apenas aos humanos, mas você sabe que anjos também merecem sentir. Nós somos mais que eles.
- nós somos mais que eles.
- enfim. - ele acenou com a mão e uma porta sr abriu do outro lado do salão. - você pode ir. Eu não vou segurar você, minha filha. Mas se quiser me ouvir...
Dayane deu um passo em direção a porta, e percebeu ele não se mover.
Talvez devesse confiar, afinal, de alguma forma, ele era seu pai. E ela sempre quis entender suas origens. Agora sabia. E tudo se explicava.
E Dayane se sentiu certa em ser quem era. Seu pai não era mal. Ele só queria o melhor para sua espécie. Hesitou e andou em direção a ele.
- qual a proposta, pai?
Lucifer ergueu o olhar e sorriu. O ambiente estremeceu, e Day se viu novamente no bosque, com o pai a sua frente.
- existe uma coisa sobre virgos que Gabriel nunca contou.
- que seria...?
- eles podem criar o futuro. Alguns apenas. Esta geração existe uma. Traga-a para mim e não só salvaremos uma guerra...
- ...quanto criaremos nossa vitória no final.
- você é esperta. Você vê o mundo real, criado para ser usufruido de toda forma intensamente. Fique ao meu lado, minha filha, e salvaremos da limitação cada anjo que sente, cada mestiço, cada um que você ama. Nós podemos acabar com essa batalha juntos. E o éden vai renascer de nossos pés.
Day sorriu, olhando em torno.
Lucifer colocou a mão em seu ombro, apontando o céu.
- consegue imaginar poder voltar ao éden? Nós poderemos. Ao lado de todos a quem amamos. Porque vale a pena lutar pelo amor, minha filha.
Ele pegou um fruto em uma arvore, pegou a mão de Dayane e lhe sorriu, colocando em sua mão uma maçã, dourada.
- esse é o fruto da sabedoria, o fruto da discórdia. Eu estou te dando como prova de minha confiança em ti, minha pequena. Você saberá usar.
O Adversário então se aproximou de seu ouvido e falou baixinho.
- é o nosso segredo. Traga a virgo pra mim, filha. E o mundo é seu e de quem você quiser ao seu lado.
Ele se desfez em fumaça e desapareceu.
Dayane encarou a fruta que lhe refletia, como metal. Guardou a fruta no bolso e seguiu a trilha, confiante.-----
E aí galera
Estou em choque com esse capítulo
O que acharam?
O que será que a day vai fazer? Será mesmo que Lucifer é tão do mal como dizem ou só possui uma politica diferente?Beijos da vó
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RISE
FanfictionQuando somos crianças, acreditamos na existência de anjos, demônios, vampiros, espíritos e todas as criações das nossas mais profundas crenças. Crescemos e passamos a desacreditar nessas coisas. Bom, foi o que eu fiz.....Mas e se eu te dissesse que...