twenty four

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A consciencia de Carol voltou como um baque. Ela se viu sobre um chão liso e frio. Olhou em torno e era uma casinha simples, de um cômodo apenas, as paredes feitas de barro e muitas plantas.
Levantou, em desespero.onde estava Dayane?
Saiu para fora, e percebeu o quão lindo era o lugar. Flores para todo lado, passaros cantavam, uma bica atrás da casa ao lado de uma horta muito bem cuidada.
Day estava sentada no chão, de costas. Ao seu lado, havia um rapaz com camisa de lenhador e calça de marceneiro.
- ahn... oi? - ela se aproximou. Os dois se viraram para ela, com um largo sorriso.
Carol pode perceber o rapaz melhor. Era moreno, aquela pele de quem trabalha de sol a sol. A barba e cabelos bem aparados, olhos escuros. Quem seria?
- até que enfim acordou. - Day levantou, batendo a poeira da roupa. Abraçou a namorada com carinho.
- você é...? - ela se virou para o rapaz.
- Emmanuel. - ele sorriu outra vez. - vocês estão prontas? Estão a sua espera.
- quem? - Carol questionou.
Ele não respondeu. Apenas seguiu uma trilha para trás da casa. Day não hesitou em segui-lo, e Carol se obrigou a ir junto.
- Day... onde estamos? Quem é o Emmanuel? Quem está nos esperando? - sussurrou para a garota, que acenou com os ombros sem saber.
- Não sei. Mas eu confio nele. - Carol nunca havia visto Day leve daquele jeito. Na verdade, nunca se sentira leve daquela forma. Aquele lugar tinha algo em especial.
Continuaram caminhando por mais uma hora, mais ou menos, quando Emmanuel parou sob uma escada natural de pedras e apontou para cima.
- lá tem uma gruta. Vocês vão encontrar o que precisam.
Day assentiu e começou a escalar. Carol parou para pensar, e olhou para Emmanuel.
- hey, são Tomé. Pode subir.
- você é mestiço?
- de certa forma, talvez. - ele sorriu outra vez. Carol apertou os olhos, vendo duas marcas brancas, como cicatrizes, em seus pulsos. Emmanuel deu as costas e começou a descer a trilha.
- Emmanuel. - ela chamou.
- sim? - ele olhou por cima do ombro, simpático.
- você tem outro nome, não tem?
Ele assentiu.
- também me criaram uma aparência caucasiana, não sei por quê. Cultura, penso. Enfim. Na minha lingua original, meu nome é Yeshua.
- ah. - ela sorriu educada. - obrigada. - subiu a escada, pensando já ter ouvido aquele nome. Quando atingiu o topo, lhe caiu a filha. - MEUCARALHO ERA JESUS
- o que? - Dayane se virou para ela.
- Emmanuel, Day. ERA O PRÓPRIO JESUS! Minha nossa será que a gente morreu?! - colocou a mão na testa, sentindo o estomago embrulhar.
- Não. Vocês estão bem vivas. Queiram entrar. - uma voz soou em sua cabeça, e elas olharam juntamente para a gruta.
Day respirou fundo e entrou. Carol correu atrás dela.

A gruta brilhava as paredes, em diversas pedras coloridas e preciosas. Elas continuaram seguindo até uma abertura no teto, alta, por onde o sol entrava. Desta, uma pequena e fina queda d'água formava um lago de aguas cristalinas e cintilantes.
- uau - Dayane soltou, maravilhada, olhando para cima. Caroline se colocou a seu lado, tambem admirada. Em torno da água, plantas e flores coloridas cresciam e subiam as paredes de pedra.
- É bonito, não? Vejo que conheceram meu filho. - uma voz encantadora soou, e as duas se viraram na mesma direção. - Yeshua sempre é bem educado com as visitas. Eu não poderia ter filho melhor.

Das sombras da gruta, uma senhora de mais ou menos 50 anos, apareceu. Ela usava vestes soltas, brancas, e estava descalço. Um cajado de madeira retorcida a ajudava a andar.
Ela tinha o rosto fino, a pele morena e brilhante indígena, os olhos quase negros, grandes e intensos. Algumas marcas de idade, lábios finos e cabelos castanhos, entremeados a fios brancos, presos em um coque frouxo.
Ela sorriu radiante ao ver as meninas, se aproximando até a beira da água.
- você é... Maria? - A ruiva lhe fitou.
- ah, não. - a mulher sorriu mais ainda, divertida, e seus olhos cintilaram como dois universos. - eu tenho vários nomes. Eu sou.
- eu... sou...? - Day franziu o cenho. Depois sua feição se tornou surpresa: - Yahweh?!
A mulher assentiu. Olhou para cima, colocando a mão no queixo.
- como vocês me chamam mesmo? Ah é. DEUS.
Carol empalideceu. Ok, definitivamente elas tinham morrido.
- eu precisava falar com vocês. Não não nada de reverência - agitou as mãos tentando levantar Dayane. Depois ergueu o olhar para Carol. - Principalmente com você. E não se preocupe. Vocês duas estão vivas.
- mas...
- surpresa que eu pareço mulher? Pois é. As religiões mais antigas acertaram. Gaia. Mãe natureza. Lua.
- Mas te chamam de Pai. O próprio Jesus te chama de Pai.
- foi necessário para a época. Ninguem dava crédito as mulheres. Não sei onde os humanos se perderam. Na verdade eu sei, mas não estamos aqui para explicar isto.
Day continuava muda, encolhida.
Deus se virou para ela e a tocou o rosto, com carinho.
- ah pequena filha. Não se sinta mal por quem é seu pai. És totalmente diferente a ele. Ainda há luz em seu coração. - Deus suspirou. - Tempos difíceis estão por vir. E vocês devem cumprir suas funções.
- me faz teu instrumento. - Day respondeu prontamente. Deus lhe sorriu, assentindo com a cabeça.
- tudo a seu tempo. - depois foi até Carol. - e você, minha criança, o que te aflige?
- Miguel. - Carol respondeu, o peito apertado. Deus baixou o olhar. Respirou fundo, fechando os olhos.
- eu sinto pela perda. Mas seu pai está bem, está comigo, fora deste plano. - segurou o rosto da ruiva e lhe beijou a testa. - há consolo, eu lhe garanto.
Carol se sentiu chorar. Mas não de uma forma dolorosa, e sim em silêncio, um choro calado, mas cheio de sentimento. Suas pernas falsearam e Day lhe abraçou. Deus se afastou observando.
- você o verá novamente.
- me garante? Eu tinha tanta coisa para...
- eu não minto, não? - Deus sorriu com ternura. Carol sentiu seu coração aquecer, e o choro aliviou. Como podia aquela presença lhe causar tanta paz mesmo naquela situação.

A mulher dos cabelos grisalhos ajeitou a postura. Fez um sinal para a água, e, dela, emergiu uma pedra. Não uma pedra comum, mas um altar, com uma espada bem desenhada sobre ele.
- Seu pai gostaria de lhe dar isto.
Carol se aproximou.
- mas é a Excalibur. - ela falou sem voz e olhou a espada que reluzia.
- é sua. - Deus sorriu ainda da beira do lago, Day apenas assistia, em silêncio, os lábios apertados. - vamos... pegue.
Carol respirou fundo, tomando coragem.
Ao aproximar a mão da espada, sentiu suas marcas acenderem em instinto.
Tomou a espada em mãos, e quando a ergueu a sua frente, para admirar a lâmina, Excalibur se acendeu em chamas azuis. O vento rodou ao seu redor, e o fogo iluminou toda a gruta de forma intensa e radiante.
Carol olhou com espanto sentindo a energia da espada lhe aceitar.
E sentiu um abraço lhe envolver.
Pai.
Eu vou te honrar.
Falou a si mesma. Ergueu a espada em sinal de honra e depois a baixou outra vez, vendo ela se apagar como se tivesse vida própria. Pegou a cinta com bainha que estavam no altar e retornou até as duas. Se sentia diferente, a energia fluindo por seu corpo.
Olhou para Deus, que estava em silêncio.
Elas se cumprimentaram com um aceno de cabeça.
Carol já sabia.
Apenas seguiu para fora da gruta, com Day logo atrás.
- O que foi aquilo?
- Nós vamos acabar com o mal de uma vez por todas. E eu vou Honrar meu pai.
Day franziu o cenho, a seguindo.
-tá... mas como a gente sai daqui?
Carol olhou para trás, sem perceber onde estava pisando.
- eu não... - o passo foi errado - seeeeeeeei!!!!! - deu um grito ao sentir o corpo mergulhar em escuridao.

Levantou consciente. Não havia sentido como caiu, mas estava sentada no meio da rua, onde estavam anteriormente. Olhou para si.
A bainha e excalibur estavam com ela.
Não havia sido sonho.
- Day?
- Eu. - A morena estava sentada, surpresa. - acho que de todas as coisas que eu já vi, essa foi de longe a mais louca.
Carol riu.
Day levantou e a ajudou a ficar de pé.
- Vem. Vamos encontrar meu pai e acabar com ele. - Sorriu maldosamente.

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QUEM AÍ ESPERAVA QUE DEUS FOSSE MULHER? AAAAAAAAAAAAA

é isto
A coisa vai ficar preta para o nosso capeta

Até o próximo capítulo

Beijos da

RISEOnde histórias criam vida. Descubra agora