thirty three

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-eu ainda nao acredito que fizemos isso. - os cachos ruivos se agitavam a medida que Caroline andava na rua, os passos firmes estalando na calçada.
Dayane, ao seu lado, riu divertida, passando o braço por seus ombros, em torno de seu pescoço.
- foi você mesma quem decidiu, doida.
- e você deixou! - Carol olhou para Day - Você imagina nosso juízo final? Oooi Deus, lembra de mim? Eu mesma, a maluca que disse NÃO pra ti.
- e você acha que Ela liga? - a morena parou na rua para olhar a ruiva de frente. - Ela sabe que seguimos a decisão das meninas pelo mesmo motivo.
- mesmo motivo....?
- Amor. Eu amo você, Caroline Biazin. - sorriu sem jeito - e eu abri mão de meus poderes para poder te amar. De todo jeito... - repousou a mão na face da menor, o sorriso se unindo aos lábios da outra em um beijo lento, doce, apaixonado. Carol estremeceu como nunca, e hesitante, levou as mãos a nuca da outra, sentindo a morena lhe puxar a cintura com a mão livre, e se entregou ao beijo como se fosse o primeiro.
Partiram o beijo devagarinho, se olhando. O sorriso nasceu entre as duas.
- sabe de quê que eu estou com vontade?
- do que?
Dayane soltou um riso malicioso, e Carol arregalou os olhos.
- Ah não Dayane!
- Por favor! - a morena passou os labios no pescoço da outra, que sentiu o coração disparar.
- a rainha da noite pedindo por favor?
- não me atente a querer foder você com força, eu estava tentando ser amorzinho!
- meu bem... - Carol arranhou a nuca de Day e riu sádica - Eu sou a Luxúria. Não existe isso de amorzinho! - Se soltou de Dayane e correu para um estacionamento, roubando uma moto. Saiu em disparada, em sentido à antiga casa da gangue, com Dayane a seu encalço.

***

Ana Clara abriu os olhos, preguiçosamente. Sentiu o corpo arrepiar ao sentir o cheiro envolvente de Kauany, tão próximo. Olhou em torno, devagarinho. Kau, deitada de costas, dormia profundamente, e tinha pequenos espasmos com a mão, o que Ana achou no mínimo engraçadinho. As pernas das duas entrelaçadas, Ana abraçada à cintura da outra, a cabeça encaixava perfeitamente à clavicula de sua mulher.
Sorriu, com um riso leve, se aconchegando mais.
- que horas a gente pegou no sono? - Kau falou, a voz mais rouca que o normal, meio grogue. Ana a fitou, encantada com sua voz, esquecendo de responder. A menina dos cabelos castanhos suspirou, um suspiro tranquilo, e buscou o celular:
- já é noite. Uou. - olhou para a outra e não pôde deixar de sorrir. O olhar inocente de Ana lhe tirava dos trilhos, disso ela tinha certeza. Acariciou os cabelos da morena e lhe roubou um selinho. Ana abriu um sorriso corando de leve.
- sabe o quanto eu amo você?
- sei. - a garota dos olhos azuis respondeu, rindo da cara de confusão da outra. - Porque eu te amo muito mais.
-Ah meuDeus! - Ana riu e se escondeu no pescoço da outra. Ficaram ali em carinho, por um longo tempo, até Kau decidir levantar.
- se arrume. Vou te levar a um lugar.

***

Ana seguia Kau, ansiosa. A noite havia uma brisa fresca, daquelas frias o bastante para arrepiar os pelos do braço. Ela havia decidido usar um vestido tubinho branco com finas listras pretas, simples e bonito, e um tênis tipo skatista também branco. Kau lhe puxou pela mão para dentro de um restaurante. Óbviamente Ana amava comida, mas amava mais como Kauany estava naquela camisa solta, cor de grafite, calça preta e por cima uma jaqueta jeans estilo camisão.
O restaurante era simples e agradavel, todo iluminado em meia luz e com ar mais colonial. Um tanto quente, Kau tirou a jaqueta e escolheu um lugar estratégico, próximo a uma janela, uma mesa para dois mais isolada das mesas familiares.
As duas sentaram a mesa, e Kau fixou o olhar a admirar sua morena. Ainda não podia acreditar em tudo o que o universo lhe presenteara. Nunca se sentira tão grata: nascera de novo e encontrara o amor. Decidiu naquele momento que passaria o resto de sua vida ensinando sobre o poder do amor. Sorriu.
- você tem um olho de cada cor.
-por hoje sim - Kau sorriu.
- eu já percebi que não consigo decorar a cor de seus olhos. Tem dia que estão verdes, outros em tons diferentes de azul, e tem dias como hoje. Um verde e um azul. Como é possivel?
Kau deu de ombros e sorriu.
-depois de tudo o que ja passamos, o que te espanta é a cor dos meus olhos?
- espantar não. Surpreender. Não deixo nunca de pensar neles. Eu consigo enxergar você por dentro deles.
A outra sorriu mais ainda, ficando sem jeito.
- temos que decidir o que fazer da vida.
- o que pensa em fazer?
- eu não sei.
- eu quero ensinar as pessoas sobre o amor. E a gratidão. Escrever. - Kau pegou a mão de Ana e depositou um beijinho de carinho.
-tem todo meu apoio, amor. - Ana suspirou. - Eu pensei em fazer medicina. Sabe. Passei minha vida curando pessoas.
- tem um mas aí.
- eu gosto de cantar. Com a Vitória. Dá certo sabe? Eu queria ser cantora quando criança.
- então assim será.
- sério que você acha que uma escritora e uma cantora se sustentam, amor?
- sério que você acha que Deus, que conhecemos pessoalmente, estaria contra nós?
Ana riu baixinho.
- eu amo você. Amo sua maneira de ver o mundo.
- E eu amo você.
Continuaram conversando até que o garçom as atendesse. Pediram a comida e kau pediu um champagne.
- Kau...
- Experimenta. Só uma taça.
- não estou acostumada a saber que posso fazer essas coisas agora.
- tem um mundo todo para explorar.
- a seu lado?
- a meu lado. Eu renasci quando me curou. Agora você está nascendo em um novo mundo comigo.
Os sorrisos se entrecruzaram, as duas sem jeito. Kauany prosseguiu fazendo carinho nas mãos de Ana, sempre conversando, sobre tudo, planejando um futuro, até mesmo quando o jantar chegou.

RISEOnde histórias criam vida. Descubra agora