Alguns anos depois...
Desliguei o despertador do celular, já são quase sete da manhã. Enquanto a coragem de levantar da cama ainda não chegou, fito o teto amarelado do apartamento. Observo a aranha tecendo a sua teia. Esse local precisa de uma faxina, talvez a última faxina daqui foi na inquisição.
Pego o celular e confiro minhas redes sociais, nenhuma mensagem ou likes. Ok. Minha vida não é animada, então prefiro passar alguns minutos do meu dia me dedicando a vida dos outros, celebridades.
"Com vinte e um anos Kendall Jenner compra a sua terceira mansão"
Com vinte e sete, Maddah está com um mês de aluguel atrasado. É a vida. Depois da minha sessão de inveja na vida dos famosos, volto a minha realidade. Preciso trabalhar, fazer dinheiro e levar a vida. Por que eu não nasci uma Kardashian?
∆
Tranco a porta emperrada do meu apartamento. Olho para os lados, a dona não está. Não quero aquela mulher me enchendo a paciência me cobrando o aluguel às sete da manhã. Sem falar que ela acha que eu não sei falar a língua dela (talvez eu colaborei para isso.)
"Maddah, donde está o el aluguel?"
Desço a escada de madeira, noto uma briga no apartamento vizinho. Novamente o vizinho do 6B dormiu na rua. A mulher está furiosa. Escuto a voz de Martina, a dona desse pardieiro falando alto com alguém. Acelero os meus passos rumo a saída do prédio.
— Bom dia Maddah! — Lipe me saúda. — Já vai trabalhar?
— Não, vou para Marte. — ele merece esse tipo de tratamento. Lipe é o mais novo chefe do tráfico do bairro. Um pé no saco que se acha dono do mundo. Gosta de se gabar da vida dele e exibir seus colares de ouro e suas tatuagens sem nexo algum.
— Cuidado nessa língua Maddah. — ele levantou a blusa dele discretamente e vejo a arma de prata dele.
Reviro meus olhos e bocejo. Tão patético. Não sei como esse cara virou chefe do tráfico, eu sou mais intimidadora que essa anta
— Me poupa. — falo.
— Um dia eu te pego de jeito Maddah.
Não dou atenção.
Caminho rumo ao ponto de ônibus. Rezo internamente para que ele esteja vazio, não estou afim de pega-lo novamente lotado.
∆
Não dei sorte e estava lotado. O dia já começou bacana. Cheguei no meu ponto de trabalho, Radar Club. É um clube de stripper/Boate. É, não me dei bem na vida e para sobreviver temos que enfrentar todo o tipo de emprego e especialmente quando você é uma latina imigrante e o governo quer te mandar de volta para o México.
Nada contra a minha terra Natal, aliás um dia pretendo voltar, mas como alguém que deu certo na vida e poder comprar uma mansão em Cancún, bem em frente para o mar.
Er...acho que não voltarei para lá nessa vida.
Entro no local, o escaldamento já está funcionando, está quentinho aqui, diferente de lá fora. O outono em Nova Iorque chega trazendo a quedas das temperaturas,logo vem o inverno e isso aqui vira o paraíso da Elsa. Nem preciso comentar que gosto dos locais quentes, já nem sei há quanto tempo eu vi uma praia.
A música alta é ouvida, a batida ritmada é para o ensaio da manhã. Afinal, stripper tem que ensaiar a apresentação.
Kyle está testando a iluminação e colocou o feixe de luz violeta na minha cara.
Dou o dedo do meio para ele.
Tiro o meu cachecol e coloco dentro da bolsa.
— Maddah, a Anelly vai ensaiar primeiro hoje. — Vitória me diz, é uma outra stripper, a considero bastante, mas ela é falsa e mesmo com esse defeito, ainda é a mais próxima de mim.
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Sr & Sra Adams (Concluída)
HumorPara Madlyn Hernadez sair de Santiago Papasquiaro, não foi mera utopia de um sonho americano, mas uma tábua de salvação. Morando em uma cidade pequena localizada no México, onde as expectativas de melhores condições de vida são quase nulas não viu...