Aquela com a tempestade

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 Essa é a situação que nunca imaginei que aconteceria. Meus olhos piscam como se eu estivesse tendo um pequeno surto.
Sempre quis reencontrar a minha família, queria ver o quanto o meu irmão cresceu, se os meus pais estão vivos. Será que tenho sobrinhos? Essa pergunta sempre me passava pela mente e uma das pessoas que eu mais queria rever era a minha irmã. Eu sou a irmã mais velha, praticamente cuidei dela. Sempre tive um amor fraterno forte por Thalia. Eu sou tão conectada a ela que a encontro onde nunca achei que encontraria algum parente. Parece uma brincadeira de péssimo gosto. Estou quase desmaiando diante do choque e eu só consigo pensar: O plano já era.
— Madlyn! 
Os olhos dos presentes na mesa estão sobre mim e eu não sei o que fazer. Preciso de um milagre divino e imediatamente. 
— A conhece? — Soraya pergunta curiosa.
— Edgar! — Judith grita e eu olho para o homem vomitando sangue e logo caindo no chão. Eu nunca me senti tão feliz por ver alguém uma overdose nesse momento. As atenções estão nele. Sei que não devo agradecer, mas obrigada nossa senhora das overdoses. 
— Chamem uma ambulância. — diz o meu marido que também está curioso com a garota na minha frente. Garota nada, uma mulher. Thalia não é mais uma garotinha. 
— Eu o levarei para o hospital. — Fernando fala e ajuda Owen que vai socorre-lo. Judith está em pânico, assim como eu segundos atrás. 
 — O que está acontecendo? — Thalia pergunta para mim. — Madlyn.
Eu vou na direção dela e a abraço e sussurro em seu ouvido: — Cala a boca. Você não me conhece. 
— Você é a minha… — dou um tapa discreto no pescoço dela.
— Cala a boca por enquanto, deixa que eu falo. 
Soraya está abanando Judith que caiu sentada na cadeira e está aos prantos. Preciso fazer algo de imediatamente e tentar contornar essa situação. Owen junto com o Fernando carregam o Edgar que está inconsciente, é uma cena forte de ver. 
— Eu não quis, eu juro e se ele morrer … — ela entra em desespero. 
— Calma, ele não vai morrer, não vai acontecer nada. Não foi sua culpa.
—  Madlyn, o que você faz aqui? — respiro fundo ao ouvir essa pergunta, eu que tenho que pergunta-la. Mas que raio essa garota veio fazer nos USA e justo aqui?
Nossa senhora do acaso não brinca mesmo.
Por enquanto eu ignoro Thalia e vou para perto de Soraya com a Judith. 
— Eu tenho que fugir.
— Não seja idiota. — Soraya rebate. — Sua filha. Tem que pensar nela.
— Minha filha… — ela está chorando copiosamente. É triste vê-la nessa situação. 
— Acho melhor você levá-la para casa Soraya. Fique com ela em casa, ela precisa se acalmar. 
— Você está certa. Você está certa. Vamos Judith, vai ficar tudo bem. — ela a levanta. — Depois nós conversamos.  Soraya fala para mim. — E se puder manter descrição do que houve aqui. 
— Eu não vi nada. — digo e me volto para Thalia que está ao lado do irmão do Fernando. Respiro fundo.
 — Podemos conversar um minuto Thalia?— peço.  
— Vida, um minutinho. — ela pede ao "vida"  e ele concede, ele me encara o tempo todo. É irritante. 
— Vamos na varanda. — saio com ela até o lugar com a bela vista em frente ao mar. Olho para a esquerda e posso ver a casa da Shakira, vulgo a do Adams. 
— Me explica que merda está acontecendo. O que está pegando Madlyn? 
— Calma que te explicarei menina das gírias.  — respiro pausadamente e espero que meus neurônios colaborem comigo dessa vez. 
— Aquele é o seu marido?
— Eu já te disse que irei te explicar. Sim, — pauso. Deve ter uma veia pulsando na minha testa. —Ele é o meu marido. 
— Então a minha irmã que todos achamos que estava morta de deu bem nos Estados Unidos. Enquanto chorávamos a sua morte, você estava na vida boa em Miami. Quem diria.
 — Acharam que eu morri? 
— O que acha? Não tínhamos informações suas, daí soubemos que a Isabelle tinha morrido e você tinha ido com ela. Mamãe chorou por anos, todos os dias do seu aniversário ela chora. 
— Mesmo achando que eu morri por aqui, você veio para cá? — ela deu de ombros. Minha irmã já não parece mais aquela garotinha que deixei para trás. É uma mulher, uma linda mulher e completamente sem noção. Bom, parece que a inteligência passou longe da nossa família. 
— Eu quis continuar o seu sonho, algo me dizia que eu iria conseguir e foi por isso que Cheguei aqui. Mas Madlyn, quem diria que você estava viva. Anos e anos sem considerar a família. Deixe-me adivinhar, o seu marido não tem a mínima ideia do seu passado, não é? 
— Eu não quero falar sobre isso. 
— Tem vergonha do seu passado?Tudo para ser o que você è hoje? Sei bem, finge ser uma outra pessoa. Eu não acredito que chorei por você. — ela diz em um tom raivoso. 
— Se você quer saber, sim. O meu marido não tem noção do meu passado. — digo sem paciência. 
— Para quem disse que iria vir para cá para ajudar a família, você se saiu muito bem. É esposa de um homem rico, vive uma boa vida. Você me entristece Madlyn. Que decepção. 
— Você não sabe do que está falando. — digo.
— Você que não sabe. Você não imagina o quanto sofri para chegar aqui e o quanto ainda sofro. Poxa Madlyn, custava falar algo?Sei lá, mandar um cartão postal e não nos fazer sofrer. 
— Quem disse que eu não sofri? — digo já irritada, se tem algo que não suporto è quando alguèem me julga sem saber o que há por trás. — Você não tem a mínima ideia do inferno que eu passei para chegar aqui Thalia. Um dia te contarei, mas no momento quero que voce nao fale nada para ninguém sobre sermos irmãs.
— Por que Madlyn?Tem vergonha da família?
— Não. Se te perguntarem, diga que fui sua professora há muito tempo atrás no México.
Thalia sorri zombeteira. 
— Posso contar com voce nisso. 
— Vai me contar o que realmente està acontecendo?
— Agora não posso, mas em breve sim. Entenda, é um pouco complicado. Porèm, apesar de tudo, eu estou feliz de te rever, eu pensei que nunca mais iria te rever e nossa Lia, como você cresceu e virou uma mulher. — de péssimo caráter, mas è melhor  eu não falar sobre isso no momento, terei um bom tempo para dar um esporro nela. — Pode me dar um abraço? — peço emocionada. Mesmo agindo como uma vaca, ainda è a minha irmã, minha irmanzinha.  
— Infelizmente essa não è a maneira que quis te reencontrar, embora que eu sabia que nunca mais iria te reencontrar, porque achei que você estava morta. Achei que só iria te ver no céu, mas pelo jeito errei.
Selinho de vaca certificado.
— Me desculpe.
— Tudo bem. — respondo desapontada. 
— Vou voltar para o Enrico. Tchau, professora.
Aquilo me machuca, viro de costas e procuro a saída da casa, nem ouso a olhar o casal. Meu cunhado… A vida é muito irônica e parece que ela ama me sacanear. 

 
São duas da manhã e não consegui dormir;Owen ainda nao chegou e acredito que o seu celular está descarregado. Estou enrolada nas cobertas, liguei a TV para me distrair, mas não está ajudando. Tem um furacão vindo na direção de Miami. Acho que esse furacão já passou na minha vida em poucos minutos atrás. Estou arrasada pelo o que aconteceu entre mim e a minha irmã. Temo pelo o que acontecerá a mim e ao Owen se ela contar alguma coisa. Aquela não è a Thalia que conheci, está totalmente mudada. Posso entede-la.
Eu preciso da presença do Owen aqui, pois sò ele para me falar que eu não estou sozinha e tenho alguèm. Me  atenho a televisão e a jornalista do tempo fala sobre a categoria do furacão e o quanto ele virá forte para Flòrida. Mudo de canal e continuo assim por um bom tempo. Estou melancólica e a minha vontade èe só chorar, è como se eu estivesse em um videoclipe de uma música triste. O tempo antes calmo, mudou, parece combinar com o momento. Ventos fortes fazem as árvores balançarem e há relâmpagos que iluminam o quarto. Assustador. 
Por que eu tenho a impressão que vai acontecer algo ruim?Me encolho e coloco o edredom sobre o meu corpo. 
O que serà de nòs Owen?
 
Escuto o barulho da porta abrindo, tiro o edredom do meu rosto e vejo o Owen ao meu lado. 
— Te acordei?
— Não. Não consigo dormir. 
— Quem era aquela mulher? — ele me questionou de imediato.   
— A minha irmã. 
Owen soltou um palavrão, ele esta surpreso. Não o culpo, eu também estou. Passou a mão no rosto cètico.
— Ela è a namorada do Enrico. — ele sentou-se ao meu lado na cama. — Parece que alguns irmãos só aparecem na nossa vida para foder com tudo, não è? — digo sem jeito e aborrecida. 
— Tenho que concordar com você literalmente. Você conseguiu falar com ela?
— Ela achava que eu estava morta. Aliás, meus parentes acham, são anos sem mandar um “oi” Nao os culpo. Ela está totalmente rendida ao Enrico. Está apaixonada por ele, a putinha submissa dele. Pedi para que ela não contasse nada.
— Ela vai cumprir?
— Eu nao sei. — falei chateada. — Ela virou uma vaca e está decepcionada comigo. 
— Estamos sob a boa vontade da sua irmã? — afirmo com a cabeça. — Estaremos ferrados então. — volto a afirmar.
— Amanhã falarei com ela, a procurarei novamente. Eu falei para ela nao falar que eu era a irmã dela e sim uma antiga professora. 
— Vamos torcer. Ah, você pegou o meu veneno e exagerou no Edgar, ele está mal.
— Nao foi eu, eu nem encostei. Foi a Judith. Ela dobrou a dosagem da cocaína. 
— Puts! 
— Ele è viciado. 
— Overdose pesada, està na UTI. O Monteiro está com ele no hospital e conversamos bastante, porèm nada o que o entregasse, ele estava mais interessado na minha vida.
— Que merda. 
— Seria perfeito se não estivessemos com o disfarce por um fio. Bom, — ele começou a tirar os sapatos, — Salomão me enviou uma mensagem, o computador da Rita, ele conseguiu tirar a  senha de proteção. 
— Sèrio?
— Sim, está nos enviando. Talvez nem precisamos nos envolver com o Fernando, a Rita pode ter descoberto muitas coisas sobre ele.
— O Salomão viu alguma coisa?
— Não. Ele está num retiro espiritual essa semana, ele é uma pessoa extravagante e durante os anos, ele adquiriu várias manias esquisitas. Essa semana ele não podia mexer em computadores, então teve que pedir permissão especial para um budista. Ele está indo para o Himalaia amanha.
— Hm, parece que todos os ricos sao esquesitos. Eu descobri que ele è bilionàrio. 
— Foi? — Owen nao parece estar surpreso.
— Aham. Quero descontos em algumas compras.  — brinco tentando amenizar o clima de tristeza. 
— Acho que nao serà problema. — Owen levantou-se. — Vou tomar banho.
— Certo. Vai dormir ao meu lado?
— Voce quer?
— Nao quero ficar sò, tenho medo dessa tempestade.
— Está vindo um furacão pelo que ouvi. Miami está no centro. — Owen diz preocupado.
— Acho que isso è o último dos meu problemas agora.

Os ventos aumentaram a intensidade e o barulho lá fora está intimidador. Owen fechou as janelas e deitou-se ao meu lado. a cada segundo um relâmpago ilumina o quarto. Owen está abraçado comigo, estou de costas para ele. Me sinto segura ao lado dele. Meu corpo parece encaixar perfeitamente nessa posição ao lado do corpo dele. Uma sensação tão gostosa, isso me distrai.
— Já dormiu de conchinha? — ele me pergunta. Sinto a sua respiração no meu pescoço, me arrepia.  
— Nunca dormi com alguém tão pertinho. 
— O que esta achando?
— Quero repetir isso muitas vezes. — digo. 
— É muito bom dormir assim, especialmente se for um dia frio. 
— Por isso te agrada a ideia de morar em um lugar frio?
— Nao è agradável dormir assim no calor. — ele beijou o meu pescoço carinhosamente. 
— Faz sentido. Quando o notebook irà chegar?
— Amanhã está previsto, porém com esse mal tempo que está por vir, pode atrasar.
— Entendo.
— Me conta como foi rever a sua irmã?
— Nao acreditei na hora, eu sempre quis  reve-los, mas não assim. Ela cresceu, è uma pessoa diferente. 
— Senti o mesmo quando o Ollie apareceu de novo. Era uma pessoa diferente.
— Espero que a Thalia não tire você de mim. Oops! falei besteira.
— Eu sou seu?
Sinto a minha bochecha queimar. Escondo o meu rosto nas cobertas. Ele as retira.
— Falei besteira. — ri sem jeito. — Sabe, associei, ain, deixa. 
— Sua irmã è bonita. — ele brinca.
— Owen… — me viro a bato nele. — Sem graça e eu sou mais bonita.
— Eu quero me libertar do fantasma da Stella que ainda me ronda e quando eu conseguir me desencarcerar dessa obsessão que me aprisiona, eu quero ser seu Madlyn.
— Eu jà sou sua Owen. — me encostei em seu peitoral, ele me acolhe em seus braços e me concede um beijo puro em minha testa. Meus Olhos estão pesados e eu nao consigo controlar o bocejo. O sono vem chegando.   
 
Dormimos juntos e acordamos na mesma posição. Essa foi uma das melhores noite de sono que tive em muito tempo, não recordo de dormir assim tão bem. — talvez quando eu era criança. Ao lado do Owen descubro prazeres da vida qual eu nem imaginava que poderia ser verdade. Eu sempre vi na TV casais dormindo juntinhos e falando o quão era prazeroso, sempre achei balela, mudei minha opinião. Foi uma sensação gostosa e juro que nao queria sair da cama, mas infelizmente, tive que sair e encarar o dia. A tempestade foi embora, — apenas por um momento, mas a chuva fraca continua.
— O que houve com todos? — pergunto para priscila. Estou na cozinha e notei a ausência da Carmen e de outros funcionários. 
— Foram nos supermercados comprar mantimentos e em lojas de construções comprar madeiras e pregos, temos que nos preparar para o furacão que está vindo. Estou morrendo de medo. Na Califórnia não tem isso, só terremoto.
— Ainda tem isso.
— Vi que è categoria tres, serà um pesadelo. 
— Owen? 
— Lá fora, venha desfrutar da paisagem. — vou com ela atè a janela da cozinha e vejo Owen com um martelo batendo pregos na porta da garagem. — Os músculos. Nossa!
Sorri. 
— E uma bela visão. Que irresponsável, vai pegar um resfriado nessa chuva.  — pego uma xícara de cafè e me encosto na parede observando Owen martelar. Escuto o telefone tocar, priscila não está por perto. Nao sei porque as pessoas ainda ligam para o telefone fixo. Na verdade eu nem sei porque ainda existe telefone fixo.
— Alô. — atendo o telefone e é uma mulher na linha. 
— Owen Spencer?— bom, é alguém que sabe que não somos os Adams. 
— Não.
— Quem está falando? — ela me pergunta.
— Madlyn Spencer. A mulher dele. 
— Olá senhora Spencer.  Sou a advogada do senhor Spencer, Meredith Andrews. Eu não sabia que o senhor Spencer tinha se casado, parabéns. 
— Obrigada. 
— Preciso falar com o senhor Spencer sobre o julgamento dele. A data está marcada para essa semana.  Quinta-feira, às oito horas e as notícias não são boas, ele perdeu um dos recursos por falta de provas. 
— Julgamento? 
— Sim. O inquérito sobre a morte do casal Spencer. 
— Ollie e Stella? — Ela confirma. 
— O senhor Spencer está? 
— Um minuto. — sigo atrás do Owen e agora sou eu que corre o sério risco de pegar um resfriado.— Owen! Sua advogada quer falar com você. — falei o pegando de surpresa. 
— Está chovendo Madlyn. — ele diz e pega o telefone. Nós dois voltamos correndo para dentro de casa. 
Owen fala com a advogada no telefone e parece não estar satisfeito com o que está ouvindo. 
— Não tem como reverter? Não tenho como conseguir nada até lá. Meredith, não tem como e sem falar que não tem como sair de Miami esses dias. — ele pausa. —  Entendo. Até mais. — Owwn jogou o telefone no chão irritado.
— Tudo bem?
— Tenho pouco tempo para conseguir provas contra o Monteiro.
— Owen, que história é essa de Julgamento?Ela me falou rápido. 
— Eu sou o único acusado pela morte do Ollie e da Stella. 
Arregalei meus olhos surpresa. — Como?
— O meu pai assassinou a minha mãe por ciúmes há um bom tempo e hoje ele está preso por isso. 
— Mas isso não quer dizer que você tenha feito com o Ollie. 
Owen sentou-se no banquinho da isola.
— A Stella foi encontrada com vida, em um estado crítico, mas com vida. Então a levaram para o hospital imediatamente e chegando lá, mesmo em condições ruins, a perguntaram de quem seria o assassino. A única coisa que ela pronunciava era o meu nome. 
— Como assim? 
— Ela só respondeu o meu nome. Então os agentes começaram a investigar, infelizmente no dia do assassinato deles, eu estava na mesma cidade e sem testemunhas.
— Que merda. 
— Fiquei preso um bom tempo. Mesmo eu falando do El Salvador e tudo o que o Ollie me contou, não acreditaram.
— Mas o FBI estava nesse caso?
— Não. Digamos que o Ollie sempre quis ser o cara que banca super herói. O melhor, então ele sempre fazia questão de investigar casos isolados por conta própria e depois solucionar tudo. 
— Você é o culpado para eles. 
— Sim. Então quando eu saí da prisão Federal, resolvi seguir as pistas do Ollie e isso me levou até a Isabelle, só que descobri que estava morta, porém ela tinha registrado uma caixa de correio no nome dela. O tal pen drive…O resto você sabe.
— Ela me deu o pen drive e eu ferrei tudo.
— Não foi sua culpa.
— Se eu não tivesse colocado embaixo da cama, hoje você possivelmente estaria livre. 
— Se isso tivesse acontecido, não estaríamos aqui.
— Você seria inocentado e Owen, a Stella só desgraçou a sua vida. Que vaca maldita. Nem próxima da morte ela te deixou livre.
— É o meu carma. 
— Não. Não precisa ser o seu carma. Deixa ela ir. 
— Ela está indo. Porém só conseguirei me libertar desse fantasma, quando tudo isso for esclarecido. Maddie acredita em mim?
— Sim. De olhos fechados. 
Ele beijou a minha testa. 
— Vou me enxugar. Depois vamos no hospital ver como andam as coisas por lá.
— Tudo bem. Vou terminar de comer aqui e ajudar a Priscila em alguma coisa rapidinho. 
Como rápido o café da manhã e  ao que parece que Priscila sumiu. Costume dela. Melhor eu organizar rápido a bagunça por aqui. 
Escuto batidas na porta e dou uma rápida olhada e vejo que é a Judith com a sua filha. 
— Podemos entrar? — ela me pergunta. 
— Claro. Entrem. Não esperava por vocês aqui. 
— Soraya não está em casa e eu não quero ficar onde moro. Maddie, tem TV alguma coisa para minha pequena assistir?
— Claro. Eu a levo para a sala, não tem problemas. Quer tomar alguma coisa?
— Chá. 
— Espera um minuto. — levo a filha da Judith até a sala, a coitadinha está abatida e mal fala.  Está com. Cabeça abaixada. Ligo a televisão em um canal de desenho aleatório e ela se acomoda no sofá. — Quer algo para comer?
Ela nega com a cabeça.
— Não se acanhe, se precisar de alguma coisa é só falar. 
Volto para a cozinha e a Priscila está preparando chá para a Judith. 
— Também quer senhora? — ela me pergunta e eu digo que sim.
— Camomilla. — Judith me fala. 
— Acalma, faz bem. Pensei que estaria no hospital.
— Não. A Soraya me contou que você sabe o que aconteceu. Maddie, por favor não fale nada com ninguém, eu não sou uma assassina. — ela começa a chorar nervosa. — Eu estava me defendendo, eu juro. 
— Pode ficar tranquila, eu não direi nada. 
— Não é tão simples como parece. Só a Soraya sabe o inferno que convivo diariamente. — ela continua a falar. Priscilla nos serve o chá e se ausenta da cozinha. — Eu não aguentava mais, eu juro. E quando eu o vi ameaçando a nossa filhinha eu… — seguro a mão dela que estava tremendo e deixou a xícara cair no chão. — Me desculpe. 
— Isso é o de menos. Eu te entendo perfeitamente Judith, no seu lugar eu teria feito o mesmo. 
— Agora ele pode morrer.
— Tem algumas pessoas que procuram suas próprias desgraças. Você não é a culpada se o destino realizar isso.
— O meu maior medo é dele retornar vivo. —ela me diz receosa e me encarando. — Eu temo.
— Se isso acontecer, não tema. Vá embora, denuncie, não fique calada. Você é uma mulher forte, só precisa descobrir isso. Fazer o que você fez, foi um ato de coragem. 
— Não posso denunciar… 
— Por que não? 
— É complicado Maddie… muito complicado. 
— Você é forte. — seguro as mãos dela. — Vai ficar tudo bem, eu posso te ajudar. 
— Obrigada. Você é a boa pessoa Maddie, e Olha onde veio parar, no meio de um furacão.
— Literalmente. — digo.
— Você está se aproximando da Soraya e isso é maravilhoso, pois a Soraya é uma ótima pessoa. No entanto, você tem que se afastar dos Monteiros. O seu marido, sim o seu marido.
— Não entendo.
— É só um conselho de amiga. Se eu pudesse retornar no tempo, teria me afastado, mesmo doendo perder a amizade da Soraya. Coitada,ela é uma vítima nisso. 
— Ela também sofre?
Ela começa a chorar. — Não comece a me fazer perguntas que não posso responder, isso vai além de mim. 
O meu telefone toca e eu vejo que é a Soraya. 
— Atende. — Judith me pede. 
— Tudo bem. — atendo o telefone, coloco-o no viva-voz; Soraya fala rapidamente, mal entendo o que ela, até que compreendo perfeitamente a última frase. 
" Edgar está morto e eu não sei como dizer a Judith." 
Judith arregala seus velhos olhos grandes de cor castanhos, levando a mão a boca.
— Ela está ao meu lado. — respondo. — E escutou o que você disse. 
" Ouch! Que merda! Judith querida, não foi sua culpa. Tenho que desligar, Fernando está vindo. Cuide dela Maddie." 
— Ele está morto. — ela me fala. — Morreu. 
— Sim.
— Eu não acredito. Eu o matei.
— Não, o destino quis assim. Você não o matou. — só ajudou, mas acho que não é sábio falar isso agora. —  Você está livre, veja por esse lado. Você está livre.
— Livre estou. 
— Sim, o sofrimento se foi. — eu a abraço fortemente. — Vá refazer a sua vida com a sua filha e seja feliz Judith. Você não é uma assassina, cedo ou mais tarde ele iria. 
— É… — ela diz sem confiança.
— Era o destino dele. Apenas o destino.
 — Eu irei embora. Vou para o interior lá de Ohio, de onde vi. Irei recomeçar de lá com a minha filha. 
  — Te desejo toda força. 
— Obrigada Maddie. — ela volta a me abraçar e em seguida chama a garotinha que não entende muito o que está acontecendo.  — Vou manter contato sempre Maddie. 
Assisto Judith indo embora e Owen veio por trás de mim repousando sua cabeça sobre o meu ombro e me abraçando. 
— Você é incrível. — ele me diz. 
— Não. Ela que fez algo incrível. — respondo. — Ela é incrível. 
— O Enrico me chamou para sair e ver o Fernando no hospital. Diz ele que o Fernando me pediu para ir com ele.
— Fazer o quê? 
— Acho que o Fernando quer falar comigo sobre o novo lugar vazio.
— Tem certeza? 
— Sim. Se for verdade, poderei ir no julgamento com as provas. 
— Sim. — Owen me beija carinhosamente no pescoço e eu revido o pegando de surpresa beijando seus lábios carnudos. O que deveria ser um beijo simples ganha intensidade. Nossos beijos sempre aquecem outras partes. Enlouqueço quando ele desliza suas mãos em minhas cintura. 
—  Eu preciso....  — ele desgruda da minha boca e eu adoro quando vejo seu sorriso de lado safadinho. — Ir. Me desculpa, mas é por uma boa causa. Logo isso terminará e podemos pensar em nós. 
— Teremos um nós?
— Por quê não?Eu seria louco se deixasse passar alguém como você. 
Sorrio sem jeito. 
— Tchau. até mais. 
— Mantenha contato e volta logo, o furacão pode chegar hoje. 
— Deixa comigo. 
Dou um beijo nele de despedida e o vejo saindo pelo jardim até o carro. Talvez eu esteja sendo paranóica, deve ser pelo o tempo lá fora. Só pode ser isso. Meu coração aperta e eu só consigo pensar em coisas ruins. 
A minha péssima intuição acredita que algo de ruim irá acontecer com ele. Talvez seja o meu sentimento por ele que está aflorando e qualquer sinal que eu possa perde-lo me assusta. 
Deve ser apenas paranóia da minha mente. É apenas isso. Ele vai ficar bem. 
 

Vamos lá!  Agora de fato, as coisas vão pegar fogo

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Vamos lá!
Agora de fato, as coisas vão pegar fogo. Já estamos na reta final. Muitos acontecimentos vão rolar mortes e por aí, adoro.
Ah, e o HOT está vindo, isso se o Owen voltar vivo.
Preparem-se para o furacão.

Beijocas e deixem comentários e estrelinhas, ajuda muito.
Bjus 

Sr & Sra Adams (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora