Vou empurrando as pessoas que estão na minha frente, eu preciso sair desse local de imediato. Necessito! A única coisa que o Jhonny fez ao nosso favor, foi colocar saídas de emergências atrás de um grande espelho. Vida de prostituta não é glamour, não é como no filme da Julia Roberts, as vezes pegamos caras com gênios fortes, algumas meninas saem machucadas. Santo Jhonny pensou em nós e colocou essas saídas secretas. Foi assim que eu escapei do cara que está atrás de mim nesse momento.
— Maddah, tenho dois clientes e gêmeos. — Victoria apareceu na minha frente. Em uma situação normal, eu pararia para debater sobre isso e dizer o quanto essa vaca é sortuda, mas no momento eu apenas a empurrei. — Maddah!
Preciso sair daqui imediatamente.
Continuo a empurrar pessoas na minha frente até enxergar a saída na minha frente.
— Maddah,o que foi? — Nik me pergunta. — Seu turno não terminou ainda.
— Dane-se, eu preciso sair daqui. — faleu e o empurrei em seguida. Saio do lugar e nem faço o favor de olhar para trás, corro em direção da rua, atravessei sem olhar os carros que vinham.
— Táxi! — chamo desesperada um taxista parado na esquina. — Por favor, me tira daqui!
*
Eu gastei trinta pratas no táxi para chegar aqui em casa.
Estou feliz por estar viva, mas muito irritada por ter gasto a grana do aluguel, voltei ao saldo zero, zero. Não sei bem o que pensar, alguém me encontrou e sabe do meu passado, estou tentando não surtar, mas não consigo. Me encontraram, com certeza El Salvador mandou aquele cara para me matar.
Procuro alinhar os meus pensamentos, preciso usar a minha razão — mesmo que não existe. Todavia, se estou viva até agora, é que de alguma forma eu agi de forma inteligente. Preciso sair daqui, se eles me descobriram é questão de tempo para acharem onde eu moro. Recomeçar a vida, sim, procurar uma outra cidade.
Quando sai da carroceria de tomates, eu estava em Amarillo, Kansas. Sei lá quanto tempo eu fiquei na estrada comendo aquelas tomates, até hoje tenho pavor. Perdida e sem dinheiro me encontrei naquela cidade, andei pelo o acostamento sob um sol de torrar até encontrar um ponto de caminhoneiros. Pedi água e pouco de comida, nunca senti vergonha em pedir para sobreviver. Lá eu encontrei a Joy, uma texana que caminhoneira que transportava cargas para a costa leste. Joy era divertida, tinha uns cinquenta anos e com trinta de estrada, era casada e o marido também era caminhoneiro. Falei um pouco da minha vida para ela — claro que ocultei alguns detalhes, não iria contar que a minha melhor amiga foi morta na minha frente. — Contei que queria fugir dali, começar uma nova vida.
Ela compadeceu-se de mim, Joy era uma cristã de verdade, acredito que a única que conheci, ela não me julgou, acredito que foi a única pessoa que conheci que não me julgou. Ela disse que iria me ajudar. Entrei na boleia do caminhão dela — do banco ao teto era rosa. — Ganhei uma carona até Ohio.
Eu sei que passo um bom tempo reclamando da minha vida, mas não sei como irei recomeça-la, eu já fiz isso algumas vezes e as duas eu acabei na mesma situação.
Tenho que sumir de Nova Iorque, procurar um outro destino. Europa?Amsterdã? Parece uma boa. Óbvio, que eu só tenho que roubar um banco para comprar uma passagem. Bem fácil.
*
O despertador do celular me acorda. Eu dormi com a roupa do show, toda maquiada. Me levanto da cama e vou ao banheiro, me vejo no reflexo, céus eu estou péssima, meu rosto está inchado. Eu chorei bastante, por isso adormeci da maneira que cheguei. Retiro toda a maquiagem e visto uma roupa confortável.
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Sr & Sra Adams (Concluída)
HumorPara Madlyn Hernadez sair de Santiago Papasquiaro, não foi mera utopia de um sonho americano, mas uma tábua de salvação. Morando em uma cidade pequena localizada no México, onde as expectativas de melhores condições de vida são quase nulas não viu...